Já há tempos comentamos aqui na página sobre a total fantasia do postulado repetido ad nauseam por algumas militâncias de que “as Cruzadas foram guerras defensivas para salvar a Europa do Islã”. Deixemos de lado as explicações históricas que já expomos refutando esta ideia, e vamos para como a figura de um santo católico medieval do século XIII, o famoso Francisco de Assis, contemporâneo a Quinta Cruzada, via as razões e justificativas válidas para a presença militar cristã em terras muçulmanas:

Diálogo entre São Francisco de Assis e o sultão aiúbida al-Malik al-Kamil (sobrinho de Saladino) em 1219, perto de Damieta no Egito:

“O sultão lhe apresentou outra questão:

− “Vosso Senhor ensina no Evangelho que vós não deveis retribuir mal com mal, e não deveis recusar o manto de quem vos quer tirar a túnica, etc. Então, vós, cristãos não deveríeis invadir as nossas terras, etc.”.

“Respondeu o bem-aventurado Francisco:

− “Me parece que vós não tendes lido todo o Evangelho. Em outra parte, de fato, está dito: ”Se teu olho te escandaliza, arranca-o e joga-o longe de ti” (Mt. 5,25). Com isto quis nos ensinar que também no caso de um homem que fosse nosso amigo ou parente, que nos amássemos como a pupila do olho, nós devemos estar dispostos a separa-lo, e afastá-lo de nós, até arrancá-lo de nós, se tenta nos afastar da fé e do amor de nosso Deus. Exatamente por isto os cristãos agem de acordo com a Justiça quando invadem vossas terras e vos combatem, porque vós blasfemais contra o Nome de Cristo e vos empenhais em afastar de Sua religião todos os homens que podeis. Se, pelo contrário, vós quiserdes conhecer, confessar e adorar o Criador e Redentor do mundo eles vos amariam como a si próprios”.

Ou seja, as mais famosas Cruzadas, no Levante e Egito, foram guerras invasivas de conquista religiosa e não defensivas, eram vistas pelos religiosos cristãos católicos da época assim, e não justificadas por qualquer ameaça de invasão islâmica com objetivo de aniquilação civilizacional do Ocidente, pois justamente tal ameaça não existia na época.

Fonte do diálogo: https://goo.gl/EBzSrj