Indiscutívelmente o maior e mais conhecido califa da Idade Média Islâmica, Harun al-Rashid (763/6 – 809) sagrou-se na história não apenas pela grandeza do seu reinado real, que constituiu um verdadeiro zênite do Califado Abássida e o início da chamada Era de Ouro Islâmica, mas também pelo impacto causado em “As 1001 noites”, a icônica coletânea de contos populares que imortalizou o califa sunita na cultura popular e sedimentou a memória mundial do personagem real retratado nela.

Nascido na província persa de Teerã, em meados do século oitavo, Harun – que traduzido do árabe significa Arão – foi fruto de um relacionado entre al-Mahdi, o terceiro califa dos Abássidas (r. 775 – 786) e al-Khayzuran, uma ex-escrava árabe do Yemen. Sendo filho mais novo de uma ex-escrava que constituía uma de várias concubinas de al-Mahdi, a ideia de que Harun virasse califa parecia uma perspectiva abstrata e distante. Todavia, conforme a teia política se formava, sua ascensão como governante do Império Islâmico e líder supremo dos sunitas desembocou em algo rápido e inesperado.

Quando al-Mahdi morreu – numa das narrativas, por comer acidentalmente uma comida envenenada que uma de suas concubinas preparou para uma rival –, a influente al-Khayzuran tratou de assegurar a sucessão califal aos seus filhos: primeiramente a Musa al-Hadi, irmão mais velho de Harun, que passou seu curto reinado combatendo revoltas de gêneros variados. O reinado de Musa al-Hadi foi encurtado pela própria mãe, causado pela insatisfação crescente do Califa nas intervenções de al-Khayzuran nos assuntos de governo. O seguinte episódio de conflito público entre ambos, onde o Califa verbaliza sua consternação com as tentativas da mãe controlar o governo, é bastante ilustrativo:

"Espere um momento e ouça bem minhas palavras... Se alguém que estiver na minha comitiva – meus generais ou meus servos – vier até você com uma petição terá sua cabeça cortada fora e sua propriedade confiscada. Qual é o significado desses séquitos que aparecem na sua porta todos os dias? Você não tem nenhuma tarefa para te manter ocupada? Um Corão para orar ou uma residência para se esconder daqueles que te cercam? Vigie-se, e ai de você se abrir a sua boca em favor de qualquer pessoa.” (MERNISSI, 2003)

Os conflitos foram escalando até o ponto em que al-Hadi tentou envenenar a própria mãe, sem sucesso. Existem duas narrativas que explicam sua morte prematura: um envenenamento que causou ulcerações letais ou assassinato pelas mãos de uma escrava-concubina, que sufocou o califa até a morte com uma almofada. Com exceção de Ibn Khaldun (1332–1406), todos os escritores medievais – e a própria lógica – indicam que foi a própria al-Khayzuran a tirar a vida do seu próprio filho; as razões, porém, variam ou se complementam. Além da tentativa de envenenamento da mãe, al-Hadi teria tentado envenar Harun, seu irmão mais novo, já que o mesmo deveria sucedê-lo na ocasião de sua morte e al-Hadi provavelmente suspeitava de uma conspiração da sua mãe – ou da sua mãe e de seu irmão – para despachá-lo. Deste ninho de conspirações e contra-conspirações que al-Hadi morreu aos 22 anos e foi sucedido por seu irmão mais novo, que diferentemente de seu antecessor, não fez qualquer objeção às intervenções da mãe e foi capaz de governar sem maiores problemas.

Desde cedo, Harun recebeu uma vasta formação, sendo educado em história, geografia, retórica, música, poesia, economia e ensino religioso. Para além de atribuições intelectuais e confessionais, Harun recebeu treinamento físico e militar que o tornaram um excelente guerreiro e mujahid (guerreiro religioso muçulmano), dominando esgrima, arquearia, equitação e estratégia. Quando se tornou Califa, por volta de seus vinte anos e no mesmo dia em que se tornou pai do seu primeiro filho, Harun era descrito como um jovem alto e de boa aparência; magro, porém forte; com pele tom de oliva e cabelo ondulado. Na ocasião de sua ascensão, Harun organizou as orações das sextas-feiras na Grande Mesquita de Bagdá – capital e centro político-comercial do Império – e foi aclamado lá como Amir al-Mu’minin, “Comandante dos Fiéis” e líder teocrático de um vasto império.

Existiam motivos para Harun ser aclamado religiosamente para além do habitual formalismo estatal: antes de se tornar califa Harun já havia guiado diversas campanhas vitorisas contra o inimigo tradicional e religioso do Califado: o Império Romano Oriental. Enquanto todas as campanhas anteriores contra a cidade de Constantinopla invariavelmente resultaram em catástrofes, Harun foi capaz de saquear todo o caminho até os próprios subúrbios do lado asiástico de Constantinopla, um feito sem quaisquer precedentes desde de que o próprio Constantino Magno, no século IV, erguera a cidade. Tendo a conquista de Constantinopla um destino profético no Islamismo, o feito de Harun concedeu a ele um grande prestígio político, sendo chamado agora de “al-Rashid”, que significa “Bem-Guiado” ou “Ortodoxo”, além de receber novas atribuições administrativas.

A campanha de 782, responsável pelo saque de parte da Constantinopla Asiática, reuniu uma quantidade de butim tão imensa que foram necessárias 20 mil mulas para carregar as riquezas de volta; os bizantinos perderam dezenas de milhares de homens na campanha e a quantidade de armas, cavalos e bens preciosos que inundaram o Califado causaram um colapso nos preços: por conta do influxo, o preço de uma espada – item extremamente prestigioso no Mundo Islâmico – despencou para um dirham e o preço de um cavalo para um dinar bizantino de ouro.

O impacto causado e iniciado pela campanha de Harun, tanto antes como durante seu califado, seriam tão fortes que mesmo após a prevalência política dos iconódulas – cristãos adeptos da veneração de imagens sacras – no Segundo Concílio de Niceia (787), sua própria causa religiosa entrou numa espiral de decadência até ser deposta por uma nova onda de cristãos iconoclastas – que se opunham à veneração e ao uso de imagens sacras – fortalecidos pela percepção geral de que Deus estava punindo os cristãos com o algoz islâmico por conta da idolatria sancionada pela Igreja. Durante o seu governo, o Império Bizantino – que já pagava tributos ao Califado – se verá ainda mais onerado e sujeito à condições políticas ainda mais humilhantes.

No aspecto pessoal, Harun se mostrava uma pessoa bem ativa nos seus deveres religiosos, tendo feito 5 peregrinações à Meca durante toda a sua vida (muito embora a lei islâmica só exija uma única peregrinação), todas considerando uma imensa distância entre Meca e Bagdá (2.820 quilômetros). Apesar da sua vida religiosa, Harun era bastante adepto de prazeres terrenos, tendo burlado a restrição dogmática sobre casamento, que limitava o número de esposas a 4, para se casar 6 vezes; como uma espécie de manobra interpretativa, em nenhuma das seis vezes ele se casou com mais de 4 esposas.

“Noite após noite, Harun e sua corte, acompanhados por estudiosos, poetas, diplomatas, generais, músicos, juízes, esportistas e os mais recentes favoritos, se reuniam nos palácios para festejar e devastar as adegas reais, entregando-se ao vinho tinto de Shiraz, enfeitiçado pelas graciosas moças do harém, que foram eleitas tanto por seus talentos musicais quanto por sua beleza. Como o poeta Muslimibn Walid escreveu em versos caracteristicamente picantes:

O que é esta vida senão amar e se render à embriaguez de vinho e olhos bonitos?’” (MAROZZI, 2014)

Harun não apenas soube valorizar o grande conhecimento político e administrativo de sua mãe como apontou ministros competentes, criando uma máquina de Estado eficiente e administrava de forma esplêndida a justiça, as leis, o comércio e policiamento. Um fato curioso, ainda, vem do fato dele buscar inspiração em uma figura persa: o rei Dario, o grande, do antigo Império Medo-Persa. Se as afinidades persas dos Abássidas já estavam estabelecidas desde a ascensão da dinastia, em certo sentido elas serão consagradas mais especialmente no governo de Harun, que tentou emular o exemplo de seus grandes líderes. 

Graças aos rios de ouro e prata que fluíam nas guerras e nos tributos pagos por inimigos submissos, o Califado experimentou um ápice econômico já sustentado pelo crescente comércio suscitado no centro de Bagdá. A capital cresceu demograficamente, tornando-se um mega-centro das artes, do comércio, da arquitetura e do conhecimento. Não queremos aqui, é claro, negar que Bagdá era uma cidade em ascensão ainda nos reinados anteriores, mas é impossível comparar o ritmo de crescimento com aquele visto durante o novo governo. Assim como é impossível não falar de um dos seus maiores legados: o estabelecimento da bayt al-Hikma, a lendária “Casa da Sabedoria”, uma enorme biblioteca e centro de estudos que, até encontrar sua aniquilação completa pela horda sanguinolenta do Império Mongol em trezentos, foi a maior biblioteca de todo o mundo conhecido; se a Córdoba Islâmica foi por um grande período a cidade mais populosa e com mais bibliotecas do mundo, Bagdá era uma concorrente precoce e motivada.

“Ele também liderou um crescente movimento de tradução, que viu algumas das grandes obras do grego clássico, hindu e persa traduzidas para o árabe, revisadas e em muitos casos melhoradas e distribuídas por todo o Império Islâmico e além. Enviados abássidas retornaram de missões a Bizâncio armados com importantes obras de Platão, Aristóteles, Euclides, Hipócrates, Galeno e outros. Além das coleções literárias monumentais de instituições reais e oficiais em Bagdá, patrocinadores particulares ricos também construíram vastas bibliotecas que podem chegar a dezenas de milhares de volumes, fornecendo incentivo adicional para os tradutores. O conhecimento foi assim transmitido do oeste ao leste, garantindo que sobrevivesse para retroceder, séculos depois, à civilização ocidental, um enorme serviço intelectual ao qual ainda devemos muito até hoje. A primeira tradução árabe de Euclides foi dedicada a Harun.” (Ibid)

Palácios foram construídos e expandidos, mesquitas erguidas e até um mosteiro greco-ortodoxo foi edificado em Bagdá, como parte de um acordo entre a população cristã de enclaves rendidos, realocada para a capital. Longe de ser unitariamente sunita, Bagdá – uma cidade fundada por muçulmanos sunitas a partir do zero – abrigava uma diversidade religiosa, o que incluía não só cristãos das mais diversas denominações como também os tradicionais opositores da dinastia e de praticamente todos os potentados sunitas da história: os xiitas. Embora seja um fato um tanto controverso, a tradição religiosa xiita afirma que Harun teria encarcerado e envenenado Musa ibn Ja'far, o sétimo imame dos xiitas, em Bagdá, algo que obviamente não deve ser imediatamente aceito de forma acrítica.

Se, no seu governo, Badgá rivalizava com a própria Constantinopla, mais tarde a ultrapassaria e se tornaria a maior cidade do mundo antes da Revolução Industrial, com seus 2 milhões de habitantes ofuscando até mesmo as glórias de Roma (1 milhão de habitantes) e Constantinopla (0,5 milhão).

“Para Bagdá, o califado de Harun foi o apogeu da glória. ‘Tão grandes foram os esplendores e riquezas de seu reinado, tal foi sua prosperidade, que este período foi chamado de ‘lua de mel’”, escreveu Masudi em Pradarias de Ouro. Em uma dessas histórias clássicas destinadas a mostrar a glória predestinada de um monarca, ele descreve o médico da corte interpretando um dos sonhos perturbadores do califa Mahdi sobre Harun e seu irmão mais velho, Hadi. Este último, o médico supostamente teria dito que teria apenas um reinado curto. Em contraste, um grande futuro aguardava Harun. ‘Seus dias serão os melhores dias e sua era, a melhor das eras’, preveu ele” (MAROZZI, 2014)

Curiosamente, na segunda metade do seu reino, Harun mudaria a capital do Califado para Raqqa, na Síria. Localizada no meio do Eufrates, Raqqa seria o centro administrative do seu reino, por razões que vão desde sua localização geográfica até razões mais pessoais: Harun detestava Bagdá, ou mais especificamente, seu clima quente. Raqqa era mais fresca e, apesar de não ser uma cidade tão gigantesca quanto a antiga capital, também tinha lá sua grandiosidade, consolidada há séculos. A nova capital se encontrava próxima da fronteira bizantina, permitindo lidar com o rival romano de forma bem conveniente, além de estar no entreposto logítisco e comunicativo de cidades como Damasco e Bagdá, sem falar de sua terra fértil e apta para grande produção agrícola. Futuramente, a corte seria realocada para Al-Rayy, a cidade-capital da influente província de Khorasan, no atual Irã.

“Harun tinha sentimentos confusos em relação a Bagdá. Ouvimos de Tabari que ele se referiu a ela irritadamente como bukhar, ou sala de vapor, o que não é de surpreender, dado o seu clima frequentemente selvagem. Houve tentativas de encontrar um local alternativo para uma capital de verão perto do Tigre em Bazabda, onde uma fortaleza romana existia no distrito de Bakirda, e um palácio real foi devidamente construído lá, imortalizado no seguinte fragmento:

Bakirda e Bazabda para o verão ou primavera

Em Bakirda e Bazabda, as fontes doces e frescas cantam.

E Bagdá, o que é Bagdá?

Sua poeira é uma merda e seu calor é terrível.” (Ibid)

Um outro aspecto importante sobre o próprio poder do califado vinha do seu alcance geopolítico: no governo de Harun, os Abássidas estabeleceram embaixadas e firmaram relações diplomáticas com potentados que iam do Império Franco-Carolíngio de Carlos Magno até o Império Chinês da dinastia Tang, fato que os registros de ambos os impérios estabelecem. Com os chineses, os Abássidas sedimentaram uma aliança contra os tibetanos. Com Carlos Magno, a proteção dos peregrinos cristãos a Terra Santa foi reafirmada, assim como a manutenção de seus santuários; em alguma medida, a aliança com os francos também foi útil para contestar a posição do Califado Omíada de Córdoba, que já se sentia livre o suficiente para usurpar a posição califal dos abássidas e não se contentar mais como um vassalo nominal da dinastia que usurpou o trono no século passado.

Para a realidade rústica da Europa Católica Romana, que via em Carlos Magno a primeira figura organizadora dos cacos civilizacionais e culturais do Ocidente, esfarelados no fim do Império Romano, o contato com o refinado império dos Abássidas pode ter parecido uma experiência um bocado similar ao dos índios nordestinos com a comitiva portuguesa de Cabral, em 1500. Carlos, apesar de competente, ainda era soberano de uma nação fundamentalmente agrária: seus presentes ao califa consistiam em mantos frísios coloridos, bons cavalos espanhóis e cães de caça de notória qualidade.

Cronistas francos descrevem os muitos presentes enviados pelos embaixadores abássidas à Carlos Magno: sedas, candelabros de latão, perfumes, bálsamos, um jogo de peças de xadrez em marfim, uma tenda colossal com muitas cortinas coloridas, um elefante chamado Abul-Abbas e um relógio d’agua que marcava as horas tombando bolas de bronze em uma tijela e com cavaleiros mecânicos – um para cada hora do dia – surgindo de portas dentro do mecanismo do relógio sempre que as bolas caiam, acompanhados de soms que provavelmente devem lembrar as caixinhas de bailarina dos tempos modernos. Surpresos com o mecanismo do relógio, os francos pensaram que este operava por algum tipo de magia. Desnecessário dizer, todos os outros presentes despertaram um grande fascínio entre os observadores germânicos, levando muitos historiadores a defender que tais inovações revigoraram o próprio renascimento carolíngio.

Um curioso hábito mantido por Harun, embora não totalmente desconhecido na história das cortes asiáticas, consistia em, sempre que diplomatas e mensageiros fossem entrar na presença do Califa em seu palácio, o encontrariam oculto atrás de uma cortina. Nenhum visitante ou promotor poderia falar antes do califa, nem o interromper ou opô-lo. Todos deveriam dar sua atenção total ao califa e escolher suas palavras com bastante cuidado. Quando Harun, morreu, conta-se que o tesouro estatal contava com nove milhões de dirhams, um montante equivalente a economia de muitos grandes reinos daquele tempo.

“A carreira de Harun foi surpreendente: um turbilhão implacável de derramamento de sangue e conquista, peregrinação e procriação, ciência e erudição, construção palaciana em Bagdá e gastos em uma escala imperial que nunca será repetida. Assim como Tamerlão adornou sua capital, Samarcanda, com os frutos de suas conquistas, Harun esbanjou dinheiro na glória maior da Cidade da Paz” (MAROZZI, 2014)

Apesar de toda grandeza, Harun iniciou o desmanche do Califado Abássida: o Magrebe e a Espanha já eram independentes, o Egito se pós em revolta inúmeras vezes por conta de impostos e má-administração local; o Yemen testemunhou várias revoltas, assim como Khorasan por ação dos chefes locais. Harrun adoeceu e morreu durante suas campanhas para submeter rebeldes na Pérsia. Sua escolha de sucessores, que repartiriam o Califado entre si, só formalizou a fragmentação, uma vez que seus filhos-sucessores foram encarregados de províncias diferentes do Império, dando-lhes condições plenas de serem independentes uns dos outros. A morte de Harun foi seguida por um período prolongado de guerra civil, e o Califado Abássida permaneceria mais como autoridade religiosa sunita do que necessariamente uma potência estatal a se respeita.

Se existe uma finalização mais adequada para sua biografia, esta deve ser atribuída ao iluminista inglês Edward Gibbon:

“O monarca mais poderoso e vigoroso de sua raça, ilustre no Ocidente, como o aliado de Carlos Magno, e familiar aos leitores mais infantis, como o herói perpétuo dos Contos Árabe. [...] Sua corte foi adornada com luxo e ciência, mas, em um reinado de vinte e três anos, Harun visitou repetidamente suas províncias de Khorasan e do Egito; nove vezes ele realizou a peregrinação de Meca; por oito vezes invadiu os territórios dos romanos; e sempre que recusavam o pagamento do tributo, eram ensinados a compreender que um mês de depredação custava mais caro do que um ano de submissão.” (KENNEDY, 2004)

Bibliografia:

MERNISSI, Fatima. LAKELAND, Mary Jo. The forgotten queens of Islam. Oxford University Press, 2003.

MURATORI, Lodovico Antonio. CATALANI, Giuseppe. Annali d’Italia: Dall’anno 601 dell’era volare fino all’anno 840. Monaco, 1742, p. 465.

BOBRICK, Benson. The Caliph's Splendor: Islam and the West in the Golden Age of Baghdad. Simon & Schuster, 2012.

KENNEDY, Hugh N. When Bagdad ruled the Muslim World: The Rise and Fall of Islam’s Greatest Dynasty, 2004

MAROZZI, Justin. Baghdad: City of Peace, City of Blood. Penguin Books, 2014)