A descoberta da ligação dos microrganismos às doenças é comumente datada de por volta do século XVII, quando o médico holandes Antonie van Leeuwenhoek teria introduzido a ciência dos microrganismos no campo médico. Ele identificou as bactérias como causadoras de doenças infecciosas e seu papel na transmissão. Contudo, a historia da bacteriologia é muito mais antiga do que as descobertas européias. Desde o século X, o polímata muçulmano Ibn Sina (980-1037) contribuiu para o desenvolvimento da teoria dos germes nas doenças, afirmando em seus escritos que as secreções corporais estariam contaminadas por corpos terrestres estranhos invisiveis aos homens antes de serem infectados ou após a morte. Ele também descobriu a natureza contagiosa da tuberculose e de outras doenças infecciosas e recomendava a quarentena como um meio de limitar a propagação de doenças. Porém, no mundo islâmico, a teoria só alcancaria maior proeminencia no século XIV. Quando a peste bubônica atingiu a Península Ibérica no século XIV, causando milhares de mortes, o polímata muçulmano Ibn Khatima (m. 1369) de Almeria no Emirado de Granada, propôs no seu livro ‘’Tahsil gharad al-qasid fi-tafsil al-marad al-wafid’’ (‘’Alcançando o Objetivo de esclarecer a Doença Pestilenta’’), a hipótese de que as doenças infecciosas eram causadas por "corpos diminutos" que invadiam o corpo humano, provocando os sintomas aparentes da peste. A teoria de Ibn Khatima, embora não provada pela ausencia da invenção do microscopio, pode ter influenciado médicos ocidentais posteriores como Antonie a continuarem as pesquisas na area da microbiologia.

Fonte:
-Noura Karamalla M. Salih and Wan Mohtar Wan Yusof (2013), Microbe in Muslim Scholars Thinking: t.ly/p76M