Depois de séculos após sua vida, a história do polímata italiano Leonardo da Vinci (1452-1519) ainda guarda muitos mistérios inexplicáveis. Mesmo sua formação ainda é uma grande questão para os pesquisadores.

As impressões digitais são o único vestígio biológico deixado por Leonardo até hoje (seu corpo e sua sepultura foram perdidos em conflitos religiosos do século XVI), e ainda que aparentemente insignificantes, estes restos quando postos à luz da medicina forence são reveladores.

A equipe do taxonomista Luigi Capasso, da Universidade de Chiet, levou quatro anos para encontrar e restaurar as impressões digitais de Leonardo da Vinci em pinturas, desenhos e manuscritos compilados a mão pelo mestre da renascença. As primeiras digitais completas que eles descobriram foi extraidas das obras Cabeça de Mulher e Dama com Arminho. Depois de comparar e combinar essas impressões digitais com as outras duas marcas encontradas no manuscrito do gênio de Florença, eles obtiveram uma impressão digital intacta do dedo indicador da mão esquerda.

Reconstrução facial moderna do rosto de Leonardo da Vinci pela página Royality Now, baseando-se em seu famoso retrato.

Estudando minuciosamente cada torção e o arranjo detalhado da impressão digital, Luiggi Capasso conclui que da Vinci tinha sangue árabe. Suas impressões digitais deixaram para trás características de impressões digitais que 60% dos residentes do Oriente Médio possuem. Algo extraordinário, se levar em conta que tal combinação denota a conclusão que ao menos um de seus pais era nativo desta região, e, como as origens de seu pai Piero da Vinci são bem conhecidas, tudo leva a crer que a árabe era sua mãe.

A mãe de Leonardo poderia ser uma escrava muçulmana?

A conclusão acima dá à pesquisa uma base adicional para afirmar que a genitora que deu à luz ao famoso artista não era uma mulher rural local como muitas teorias anteriores propunham, mas uma escrava advinda do Oriente Médio (algo nenhum pouco incomum no contexto histórico da Europa).

No século XV, na cidade natal de Leonardo, havia muitos escravos em sua esmagadora maioria muçulmanos, vindos do Oriente Médio imensamente islâmico. Estes indivíduos eram capturados nos famosos assaltos de piratas venezianos, genoveses e florentinos não só à embarcações de transporte vindas do Levante, Anatólia e Norte da África, como à própria costa destas localidades, de onde tomavam centenas de habitantes locais ”infiéis” para troca de resgate quando ricos ou trabalhos forçados quando pessoas comuns, o que provavelmente pode ter sido o caso da mãe de Leonardo.

Em 1452, ano em que ele nasceu, o governo de Florença tinha coincidentemente, o que fortalece ainda mais a especulação, acabado de promulgar uma lei estendendo certos direitos de incorporação de escravos as famílias de seus senhores mediante alforria e casamento. Talvez naquela época seu pai, um conhecido notário local, teria se casado com uma escrava vinda do Oriente Médio que após o batismo católico necessário para o matrimonio, atotou o nome de Caterine, dando à luz Leonardo, um gênio europeu, só que possivelmente meio árabe.

Esta descoberta genética que gerou a suposição histórica obviamente não é a única relação que o polímata teria com o mundo islâmico. Em 1502, Leonardo da Vinci redigiu uma carta ao sultão otomano Bayezid II na qual propunha a construção de uma ponte de 24 metros de largura e 240 metros de comprimento sobre o Chifre de Ouro em Istambul, dizendo:

“Eu, seu fiel servo, entendo que há tempos é de sua intenção erigir uma ponte de Galata (Pera) a Stambul….cruzando o Chifre de Ouro (“Haliç”), porém tal projeto não foi posto em prática pela falta de especialistas. Eu, seu súdito, determinei como construir esta ponte. . Será uma ponte de alvenaria tão alta como um prédio, e até os navios altos poderão navegar sob ela.”

 

Fonte: The Telegraph, Science Info, The Guardian, DNA India, History News Network