As contribuições islâmicas à humanidade são as mais diversas possíveis. Não obstante, algumas delas consistem em coisas totalmente inovadoras, enquanto outras consistem no aperfeiçoamento de descobertas e demais contribuições de outras sociedades (chinesa, hindu, greco-romana e assim por diante).

Da mesma forma que o conhecimento de outras civilizações chegou até os muçulmanos através do intercâmbio cultural, o mesmo processo se repetiria quando o conhecimento do mundo islâmico fosse levado até os cristãos europeus. Nesse caso, os principais difusores islâmicos seriam Al Andalus, o emirado islâmico da Sicília, e também os intercâmbios culturais com os reinos cruzados no Levante.

Assim como outrora os muçulmanos haviam traduzido as várias obras dos mais diversos idiomas para o árabe, agora os cristãos europeus traduziam do árabe as mesmas obras para seu vernáculo. Dentre os grandes tradutores de obras islâmicas pode ser citado Gerard de Cremona, responsável por inúmeras traduções de obras originais islâmicas.

Agora, passemos para a listagem de algumas das inúmeras contribuições oferecidas pelos muçulmanos à Europa medieval cristã [1]:

FILOSOFIA

Os filósofos muçulmanos foram muito influentes para o ocidente medieval cristão, chegando a influenciar diretamente grandes nomes da filosofia, feito Tomás de Aquino e Alberto Magno, ou ainda gerando movimentos inteiramente baseados nos pensadores islâmicos, condenados pelas autoridades eclesiásticas.

Porém, algo que deve ser frisado é que não somente os comentários ou obras originais de pensadores muçulmanos foram influentes para os europeus, mas também suas traduções. Fato notório é o imenso movimento de tradução realizado na famosa Casa da Sabedoria em Bagdá, que além de reunir os maiores pensadores de sua época em um só lugar e independentemente de crença pessoal, havia ainda o esforço magnânimo em buscar obras científicas e filosóficas em todos os cantos do mundo conhecido. Assim, muitos viajaram até o Império Bizantino para buscar manuscritos gregos dos grandes pensadores antigos, como o próprio Aristóteles. Essas obras viriam a ser traduzidas do grego e outros idiomas para o árabe, e por sua vez chegariam à Europa cristã através dos canais de intercâmbio cultural já mencionados, como Al Andaluz, Sicília e com o contato entre os estados cruzados do Levante com os estados muçulmanos árabes.

Da Espanha islâmica, as mais diversas obras oriundas do mundo muçulmano seriam traduzidas principalmente para o latim e hebraico. Nesse contexto viria a surgir outras figuras importantes no meio islâmico que nem sequer eram adeptos do Islam, como o próprio Maimônides.

Contudo, os autores mais influentes nesse período e que mudariam os rumos da filosofia europeia medieval seriam Avicena (Ibn Sina) e Averróis (Ibn Rushd) [2].

Ibn Sina, que ficou mais conhecido no Ocidente como Avicena, foi um grande polímata persa e um dos mais importantes pensadores da Era de Ouro Islâmica. Nascido em 980 em uma vila próxima de Bukhara, no que hoje é o atual Uzbequistão, na época capital do Império Samânida, uma dinastia persa localizada na Ásia Central e no Grande Khorassan. Avicena começou a estudar ainda cedo, demonstrando ser um grande prodígio nas áreas que se dedicava. Quando ainda era um adolescente e com grande interesse filosófico, Avicena não conseguia compreender a Metafísica de Aristóteles, mas só conseguiu compreender a obra do filósofo grego após ter lido o comentário de Al-Farabi [3], outro influente pensador islâmico.

Já Ibn Rushd (1126 -1198) ou, como é mais conhecido no Ocidente, Averróis, foi um filósofo e pensador muçulmano ibérico que escreveu sobre muitos assuntos, incluindo filosofia, teologia, medicina, astronomia, física, jurisprudência e direito islâmico e linguística. Além disso, ele serviu como juiz e médico da corte do califado almoada, e foi um grande defensor do aristotelismo. Muitas das obras de Ibn Rushd em árabe não sobreviveram, mas suas traduções para o hebraico ou latim o fizeram.

O pensador escreveu pelo menos 67 trabalhos originais, incluindo 28 tratados sobre filosofia, além de seus comentários sobre a maioria das obras de Aristóteles e seu comentário sobre “A República” de Platão.

Indo mais além, a influência dos muçulmanos para o medievo cristão europeu no âmbito da filosofia já chegou a ser tida como uma das causas para o humanismo renascentista, devido principalmente ao apreço dos muçulmanos pelas obras clássicas.

A escola de Atenas do pintor italiano Rafael, uma das pinturas mais famosas de todos os tempos. À esquerda podemos encontrar Ibn Rushd, próximo de Pitágoras, Epicuro e Parmênides.

CIÊNCIAS

As influências islâmicas não se resumem somente à filosofia. Na verdade, diversas outras áreas sofreram influência dos muçulmanos durante o período medieval, como é o caso das mais variadas ciências: matemática, astronomia, medicina, química, física e assim por diante.

Vários foram os pensadores que construíram esse legado islâmico para que um dia o Ocidente pudesse também construir o seu. Nesse sentido, o lendário nome da matemática Muhammad ibn Musa al-Khwarizmi foi uma das principais influências que reflete no nosso cotidiano até os dias de hoje. Autor do século IX, as obras de al-Khwarizmi seriam introduzidas na Europa cristã alguns séculos depois por Leonardo Firbonacci. Algumas traduções, porém, já eram conhecidas dentre os europeus, como a de Robert de Chester de 1145.

Al-Khwarizmi teria sua influência no âmbito principalmente da álgebra, área de estudos essa cujo nome provém do título de seu livro, Al-Jabr. A maioria dos livros tratando do assunto na Europa medieval eram, de fato, traduções da obra de al-Khwarizmi ou de outros autores muçulmanos. O próprio nome “algarismo” nos remete ao autor persa, sendo uma “latinização” de seu nome.

Outros autores também seriam influentes na área das exatas, como Muhammad al-Fazari e Abdallah al-Battani. Al-Fazari é creditado como sendo o primeiro no mundo islâmico a construir um astrolábio, instrumento extremamente influente para o Ocidente medieval e até mesmo pós-medievo. Já al-Battani emprestou sua genialidade matemática para os ocidentais principalmente na área da trigonometria, sendo citado inúmeras vezes pelos mais variados autores medievais e renascentistas, como o próprio Nicolau Copérnico. Al-Battani seria ainda chamado de “o Ptolomeu dos árabes”, comparando o seu grande intelecto e magnânima influência ao famoso cientista grego Cláudio Ptolomeu.

Abu Mansur Al-Khazini, autor do século XII, também seria outro gigante da astronomia medieval, sendo suas obras consideradas por muitos estudiosos como figurando dentre as maiores no âmbito da astronomia desse período. Seus livros viriam a ser traduzidos para o grego no século XIII por Gregory Chioniades e estudados no Império Bizantino, que até pouco tempo antes vendia ou emprestava seus conhecimentos para os muçulmanos. Conforme os muçulmanos foram aperfeiçoando o que recebiam no idioma grego, a posição de frente intelectual se inverteu, sendo agora eles próprios grandes expoentes da intelectualidade.

A obra de al-Jayyani também seria de extrema influência na Europa medieval, influenciando diretamente Johannes Müller von Königsberg.

Um árabe e um europeu estudando geometria juntos. Tal arte se encontra em um manuscrito do século XV.

Saindo um pouco das exatas, mas ainda em uma área correlata, temos Ibn al-Haytham (Alhazen), o nome muçulmano que viria a revolucionar para sempre a área da ótica. Ao rejeitar a teoria de Cláudio Ptolomeu de que a luz era emitida pelos próprios olhos e afirmando de que na verdade os olhos recebiam a luz dos objetos, Ibn al-Haytham se tornaria um dos maiores nomes que a área da ótica já viu. O seu Livro de Ótica de 1021 recebeu inúmeras traduções ao longo dos anos e foi um marco para o estudo da ótica na Europa, influenciando cientistas como Roger Bacon e Johannes Kepler. Indo mais além, a sua obra também exerceria influência direta e/ou indireta sobre outras áreas do conhecimento, como até mesmo na teologia nos debates durante a Reforma Protestante, onde John Wycliffe faria um paralelo entre os sete pecados capitais e as distorções de imagem do teste dos sete espelhos realizados por al-Haytham. A sua obra também influenciaria a literatura e a arte. Nessa última, seu livro sobre ótica daria aos europeus cristãos o fundamento da perspectiva linear, chegando até mesmo a influenciar na confecção dos mapas que na época das Grandes Navegações europeias.

A alquimia, que daria origem à química moderna, também foi muito dependente das obras e dos autores que provinham do mundo islâmico. Os escritos de Jabir ibn Hayyan se tornariam a base para os estudos da alquimia na Europa. Hoje em dia diversas palavras de origem árabe fazem parte do vocabulário químico, como “alcalino”, por exemplo.

MEDICINA

Além das contribuições da ótica de al-Haytham que viriam a revolucionar também no âmbito da oftalmologia, outros cientistas muçulmanos influenciariam direta ou indiretamente a área da medicina. Em verdade, a medicina é um dos temas em que os muçulmanos mais se destacaram na história e nos mais diversos ramos da mesma. A medicina nos países islâmicos era em geral praticada de uma maneira muito superior à Europa cristã, tanto pelo conhecimento dos médicos quanto pela estrutura dos hospitais.

Dentre os principais expoentes da medicina islâmica, cujas obras seriam utilizadas nas universidades europeias por séculos, foi Avicena (Ibn Sina), já tratado nesse artigo quando abordamos o tema filosofia. Além do grande interesse pela filosofia, Avicena também se interessou pela medicina. Aos 16 anos seu interesse pela ciência médica despertou, mas não focou somente no aprendizado das teorias médicas, indo também atender aos pobres e necessitados de maneira gratuita e voluntária, e consequentemente aprendendo novos métodos de tratamento de enfermidades no processo. Já aos 18 anos, Avicena atingiria a qualificação médica.

No Ocidente cristão, por exemplo, seu Cânone de Medicina seria usado durante séculos nas faculdades de medicina, sendo um verdadeiro manual para os médicos europeus, considerado como a obra mais importante de medicina escrita por um médico muçulmano.

Cânone seria traduzido no século XII por Gerard de Cremona, se tornando o livro base desde a época de sua tradução até o século XVII, ou seja, durante 5 séculos a obra de Avicena foi utilizada como base para os estudos médicos nas mais renomadas universidades Europeias, como a de Montpellier e Leuven. O Cânone chegou inclusive a receber uma versão em hebraico, não se limitando somente ao latim, seguindo os passos de outras obras do mundo islâmico, uma vez que não somente os cristãos se interessavam pela produção cultural e intelectual islâmica, mas também os judeus, como o já mencionado Maimônides (também médico) e tantos outros.

magnum opus de Avicena na medicina consistia em cinco livros, que incluía terapias médicas, listando ainda cerca de 760 medicamentos. Em seu livro, Ibn Sina documentou corretamente a anatomia do olho, juntamente com a descrição de condições oftalmológicas, como a catarata. Ele afirmou que a tuberculose era contagiosa. Ele descreveu os sintomas da diabetes e deu descrições dos tipos de paralisia facial. Não somente, mas trouxe outras descrições para sua obra, chegando inclusive a lidar com uma desordem obsessiva semelhante à depressão. Por conta de seus escritos sobre medicina, Avicena é considerado hoje como o pai da medicina moderna, sendo um dos maiores médicos da história devido a suas inovações, descobertas e influência.

Muhammad al-Razi também seria um importante nome da medicina islâmica a influenciar a Europa medieval. A sua enciclopédia de medicina incluía mais de 200 diagramas contendo instrumentos cirúrgicos, sendo muitos deles criação do próprio al-Razi. Esse livro seria também mais uma das grandiosas traduções de Gerard de Cremona, exercendo sua influência nas universidades europeias do século XII até o século XVIII, uma vez que o seu conteúdo sobre cirurgia era de uma riqueza extrema.

Pintura europeia mostrando al-Razi tratando de um paciente. Essa pintura está inserida no Receuil des traités de médecine (1250–1260) de Gerard de Cremona.

TECNOLOGIA

É natural de se imaginar que uma sociedade sofisticada feito a islâmica medieval e que tenha produzido tantos cientistas iria também ter desenvolvimentos e influências no âmbito da tecnologia. Com tecnologia aqui queremos nos referir principalmente a métodos, dispositivos e assim por diante. Ou ainda alguma definição de dicionário, que envolve o uso de técnicas e do conhecimento para aperfeiçoar certo tipo de tarefa.

Com esse tipo de definição em mente, podemos citar algumas das tecnologias desenvolvidas e aprimoradas pelos muçulmanos que exerceram algum grau de influência ne Europa cristã medieval.

Além dos instrumentos cirúrgicos desenvolvidos pelos muçulmanos, pode ser citado ainda a contribuição islâmica para a agricultura através de novas técnicas de cultivo que permitiram certos grãos adentrarem o solo europeu. Indo adiante, os muçulmanos ainda aperfeiçoariam o famoso Astrolábio, instrumento criado pelos gregos antigos e que viu seu auge no medievo nas mãos islâmicas.

A química já foi abordada nesse texto, porém essa área recebeu certas influências tecnológicas árabes que prevalecem até hoje, como o alambique e a destilação. Muito embora o consumo de álcool seja proibido dentro do Islã, esse termo surge do vocabulário árabe, que era designado para definir o produto que provinha do processo de destilação. O processo de destilação já era conhecido por civilizações anteriores à islâmica, porém foi redescoberta no medievo pelos povos muçulmanos e recebeu melhorias e contribuições originais.

Quando pensamos em tecnologia, em geral pensamos em dispositivos tecnológicos e em automação. A criação de autômatos e de dispositivos hidráulicos foi algo muito comum entre os cientistas muçulmanos, podendo ser citado o caso dos irmãos Banu Musa, que chegaram a criar uma lâmpada automática. O legado dos Banu Musa sem dúvida foi aproveitado pelos medievais ocidentais, uma vez que algumas de suas obras foram traduzidas por Gerard de Cremona, sendo amplamente utilizadas como verdadeiras apostilas, citados inclusive por nomes feito Leonardo Firbonacci e Roger Bacon.

É afirmado por alguns estudiosos que os autômatos criados por cientistas muçulmanos e também os relógios d’água (clepsidras) viriam a influenciar a criação do relógio mecânico na Europa no século XIII.

A produção de açúcar a partir da cana-de-açúcar, relógios de água, celulose e papel, seda e vários avanços na fabricação de perfumes foram transferidos do mundo islâmico para a Europa medieval. Certos avanços na tecnologia dos moinhos também podem ter sido transmitidos do mundo islâmico para a Europa medieval, junto com o uso em grande escala de invenções como a bomba de sucção e bombas de corrente para fins de irrigação.

Alguns desses itens possuem relação direta com o Islã, como os avanços na fabricação de perfumes. Apesar de países como a França serem conhecidos hoje em dia pela sua produção de perfume, em outro período os países muçulmanos possuíam essa fama, uma vez que o uso do perfume era encorajado pelo profeta Muhammad, sendo um aspecto muito importante dentro do rol de práticas para uma boa apresentação do fiel muçulmano, juntamente com outros detalhes que possuem tanto um caráter higiênico quanto ritual e religioso.

A própria tecnologia de cunhagem de moedas sofreu influências islâmicas diretas e indiretas, algo que pode ser visto em um artigo já existente no História Islâmica a respeito desse tema, que conta a história de como os reinados cristãos mais ao norte da Europa tentavam imitar a cunhagem em árabe das moedas do califado Abássida de al-Mansur, imitando inclusive a própria shahada, a declaração de fé islâmica, que estava cunhada nas moedas árabes.

MÚSICA

A música sempre foi muito apreciada pelos muçulmanos, principalmente em locais como al-Andaluz e norte da África. Assim, certos musicistas islâmicos vieram a influenciar o comportamento tanto dos muçulmanos quanto dos cristãos medievais, como é o caso do lendário Pássaro Negro, ou Zyriab.

Alguns dos instrumentos utilizados e criados pelos muçulmanos tiveram uma influência gigante na música europeia que se fazem presentes até hoje, como é o caso do alaúde, o precursor do violão moderno.

Outros instrumentos importantes que os muçulmanos se valiam para a criação de suas famosas músicas eram o daf, bendir, zarb e diversos outros. Alguns eram instrumentos de corda e outros de batuque, outros inclusive eram flautas, como no caso do shehnai de origem indiana e popularizado pelos muçulmanos.

Arte retratando Zyriab, que foi praticamente um rockstar do medievo.

As contribuições islâmicas à Europa medieval não se esgotam nesse artigo, e até mesmo as citadas aqui podem ser expandidas com muito mais detalhes em algo que daria um livro para cada. Até hoje vemos em nosso cotidiano contribuições medievais dos muçulmanos que de alguma forma chegaram até os europeus e posteriormente até nós nas Américas com a chegada dos países da Europa no outro lado do oceano.

O medievo, que muitos associam como sendo Idade das Trevas, em outros lugares foi um período prolífico e extremamente rico em inovações, desenvolvimentos e intelectualidade, sendo esse o caso de muitos locais do mundo islâmico: Bagdá, Al-Andaluz, África, Ásia Central e assim por diante. O legado islâmico não perdura somente em um passado distinto contido apenas nos livros de história, mas está vivo em nossa rotina até mesmo em coisas inimagináveis.

NOTAS

[1] O termo “Europa cristã” é utilizado no texto para distinguir com a Europa muçulmana, ou seja, a Península Ibérica e também o reino islâmico da Sicília.

[2] Outro pensador importante e que ficou conhecido no Ocidente foi o grande Imam Al-Ghazali, porém é muito mal compreendido até os dias de hoje, sendo erroneamente atribuído a ele todas as mazelas do mundo islâmico moderno, supostamente devidas ao seu reavivamento do Islam tradicional. Tal teoria orientalista, porém, vem sofrendo amplas refutações e antagonismos no meio acadêmico moderno.

[3] Antes de ler a obra de Al-Farabi, Avicena já havia lido cerca de 40 vezes a Metafísica de Aristóteles.

BIBLIOGRAFIA

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