Texto de: Thiago Tamosauskas

“E se estais em dúvida sobre o que Nós revelamos ao Nosso adorador, então produzi um capítulo como esse.” Alcorão, 2:23

Entre cruzadas e jihads, as três maiores religiões do mundo hoje tiveram origem no mesmo Deus. O Deus de Abrahão era o mesmo Deus de Jesus que era o mesmo Deus de Maomé. Cada um deles confirmou e legitimou a existência e as promessas do anterior. Por que, então, essas três religiões se tornaram tão diferentes? Tecnicamente o que as separa não pode ser o centro de suas adorações, Jehova, Abba, Allah são apenas nomes diferentes para a mesma figura, e os religiosos sabem disso. Se só existe um Deus, não podem haver dois deuses únicos. O que acontece é que cada um segue a interpretação que seu representante fez da vontade de Deus, e ai está a diferença.

O livro sagrado dos Judeus, a Torah, mostra um Deus tribal e belicoso que deve ser obedecido. O livro sagrado dos Cristãos, o Novo Testamento, mostra um Deus maternal, que prefere espalhar o amor e o perdão. O livro sagrado dos Mulçumanos mostra um Deus social, que exige respeito e respeita seus seguidores. E como os religiosos de hoje não tem mais contato com seus profetas, seus messias e patriarcas cada um confiar no que ficou registrado em seus livros sagrados, por isso a importância das escrituras em cada uma dessas religiões.

Agora, pegue um dia que não esteja fazendo nada e vá conversar com aqueles seus amigos cristãos e judeus, e proponha uma aposta; peça para um cristão ou judeu culto usar um único argumento a favor da legitimidade de seu respectivo livro sagrado que um muçulmano também não possa usar em favor do Alcorão. Antecipando o resultado desta brincadeira, você provavelmente vai ganhar uma aposta e perder um amigo.

Profecias realizadas, fatos científicos prenunciados, sentimentos latentes no fundo do coração… se temos isso em no Novo e no Antigo Testamento  em grego e hebraico, temos em árabe no Alcorão também. O grande problema de tentar justificar uma religião se utilizando das ciências humanas e que elas são subjetivas e portanto dependem da boa vontade das pessoas em aceitar ou não seus argumentos. Mas um Deus que se preste não se limitaria às ciências “humanas”, por isso nunca faça este mesmo desafio para um muçulmano culto, você pode se surpreender.

Alcorão, uma escritura preservada?

De cara o Alcorão é o único livro sagrado que tem um gabarito confirmado. Os textos da Torah se perdem no passado, os livros atribuídos a Moisés relatam a morte e o supultamento de Moisés, algo que dificilmente seria escrito por ele, por exemplo. Já a visão mais otimista coloca o Novo Testamento sendo escrito quase um século depois da morte de Cristo e não pelos apóstolos originais e sim por pessoas que conviveram com aqueles que conviveram com Cristo. Já o Alcorão foi recebido por Maomé na frente de todos e registrado durante a própria vida do Profeta, analisado por ele e deixado por ele para a posteridade.

Maomé talvez seja o homem mais biografado que já existiu. Muitas destas biografias confirmam que todos os anos, no mês do Ramadã, ele recitava todo o Alcorão até então recebido. Não apenas isso, mas antes de morrer ele o recitou inteiro duas vezes no seu leito de morte. Como dissemos, de cara, o Alcorão é o único livro cuja autoria pode ser historicamente legitimizada.

Enquanto cristãos e judeus fazem debates acadêmicos sobre onde estariam as cópias mais antigas de seus respectivos livros sagrados, os muçulmanos podem visitar os originais do Alcorão na Mesquita de Telyashayakh, no Uzbequistão ou sua cópia contemporânea no Palácio de Topkapı, Turquia.

Além disso, ao contrário do aramaico o árabe é uma língua viva, sendo a mais difundida de todas as línguas semíticas, e falada diariamente por cerca de 150 milhões de pessoas que consideram-na seu idioma materno. Como todos sabemos, nos primeiros anos de cada religião seus livros eram copiados manualmente por seus respectivos seguidores.  Mas ao passo  o Alcorão foi  escrito e até hoje é copiado em árabe ao passo que os textos religiosos cristãos podem hoje ser encontrados em todas as línguas possíveis, menos nas suas línguas originais.  O Alcorão, embora escrito em árabe num mundo onde mil línguas eram faladas, acabou sendo um dos motivos responsáveis à disseminação da língua. Todos eram estimulados a aprender o árabe para lerem as palavras de Deus no original. Já o Cristianismo estimulou a tradução de seus textos nas mil línguas onde a fé era disseminada.

No fim da alta idade média os textos cristãos sofriam de um grande mal: a adaptação da adaptação. Qualquer parte não compreendida pelos copistas era ignoradas, traduzidas de qualquer maneira ou pior: retiradas dos textos e colocadas como notas marginais que deveriam ser estudadas por copistas mais aptos para serem reencorporadas no texto. O problema com isso é que os novos copistas ignoravam qualquer coisa que não estivesse no corpo do texto e assim essas passagens eram deixadas de fora da nova cópia adulterando, mesmo que sem a intenção, o novo texto. Isso fez com que religiosos cristãos do fim da idade média que decidiram retraduzir o antigo e o novo textamento do original chegassem a afirmar que as Bíblias que corriam pela época e os textos antigos fossem duas obras completamente diferentes.

Agora isso tudo não prova que o texto árabe tenha de fato uma origem divina. Só prova que o Alcorão que é lido hoje é exatamente o mesmo que era lido no século VI, quando surgiu. Seu conteúdo diz que quem o revelou foi um  profeta inspirado pelo Anjo Gabriel que lhe trazia os comandos e as leis de Deus. Mas como podemos comprovar se o que foi registrado veio diretamente de Deus ou simplesmente da cabeça de um árabe?

Maomé ditava o Alcorão conforme o recebia do Anjo. Esse homem foi o responsável pela maior obra literária já escrita em árabe –  sua poesia é admirada e estudada até hoje em todos os continentes. Mas isso ainda não é prova de sua origem divina, para os adeptos do Islam essa prova não advém apenas sua beleza linguística, a não ser que você considere a matemática uma linguagem.

Indícios da elegância matemática do Alcorão

A forma com que o Alcorão foi concebido faz dele ao mesmo tempo uma obra prima da literatura e uma obra prima das ciências exatas. A preciosidade matemática de sua estrutura é tão complexa que, como veremos mais para frente, só começou a ser entendida mais profundamente após o advento das ciências da computação.

Para se ter uma idéia da magnitude da coisa, imagine por exemplo que alguém peça para você escrever um livro, mas estipule algumas regras:

  •     Ele será divido em capítulos e os capítulos em versos
  •     Ao somar o número total de capítulos ímpares com o número de seus versos o total deve ser X
  •     Ao somar o número total de capítulos pares com o número de seus versos o total deve ser Y
  •     A soma de todos os capítulos deve também ser X
  •     A soma de todos os versículos deve também ser Y

Difícil não? Mas o pedido ainda não terminou.

  • A palavra Homem deve aparecer exatamente o mesmo número de vezes que a palavra Mulher.
  • Da mesma forma devem aparecer o mesmo número de vezes os seguintes pares simétricos de palavras:

– Céus/Terra
– Anjos/Satã
– Vida/Morte
– Benfeitor/Corrupto
– Tragédia/Graças
– Caridade/Prosperidade
– Provação/Paciência
– Medo/Esperança
– Injustiça/Justiça
– Perto/Longe
– Malefício/Benefício
– Castigo/Retidão/Recompensa
– Sol/Luz/Sombra
– Plantas/Crescimento/Frutos

Além disso, mais alguns detalhes significativos:

  • A palavra dia deve aparecer 365 vezes.
  • A palavra dias 30 vezes
  • A palavra mês 12 vezes.
  • A palavra “Anos” deve aparecer  7 vezes e “ano” 12 vezes, igualando o número de bissextos e anos regulares no Cíclo Metónico.
  • A palavra Terra e Mar, devem aparecer na proporção em que se distribuem sobre a face do nosso planeta, por exemplo:

Mar pode aparecer 32 vezes e terra apenas 13 vezes:  32 +13 = 45.

32/45 X 100% = 71.11111111%
13/45 X 100% = 28.88888888%

O livro é claro, não deve ser uma salada de palavras, mas versar sobre os mais diversos assuntos como economia, ética, política, higiene, filosofia, história, jurisprudência, etc… Além disso deve ter uma mensagem coerente, unificadora em toda obra.

E claro, a mais importante: você só termina de escrever o livro quando morrer, assim não poderia simplesmente parar de escrevê-lo quando bem entender e não teria nenhuma chance de revisá-lo por completo.

Todas estas improbabilidades podem ser encontradas no Alcorão que, de quebra, também  revelou-se de uma beleza poética incomensurável sendo considerado a obra prima literária da língua em que foi escrito.

Um mistério se apresenta

Todos os dados acima são relativamente conhecidos por muçulmanos cultos ao longo da história, e, talvez, se reuníssemos hoje os esforços combinados de estudiosos e peritos em literatura árabe e em estatística consigamos escrever um livro como o que um árabe humilde e solitário recitou no deserto a cerca de um milênio e meio atrás; ou não. Embora estes dados sejam assustadores foi só em 1974  que o milagre matemático por trás do Alcorão começou a realmente se revelar, graças a algumas varreduras feitas por computador realizadas por um estatístico egípcio chamado Dr. Rashad Khalifa.

Sua descoberta estava ligada à um mistério que acompanhava a fé islâmica há séculos e que persistia justamente por causa do escrúpulo dos copiadoras muçulmanos em propagar o texto sagrado passado a Maomé mesmo sem entendê-lo por completo. O mistério já havia feito muitos mullás queimarem o turbante na tentativa de resolver e era uma pedra no sapato de muitos religiosos:

Logo no início de 29 dos capítulos do Alcorão existem algumas letras soltas, colocadas lá sem nenhum propósito aparente, algo que se houvesse ocorrido nos textos cristãos teria uma grande chance de haver se perdido nos séculos de cópia do Novo Testamento. Ao que tudo indica as pessoas ficaram com vergonha de perguntar a Maomé o que essas letras estavam fazendo lá, talvez ele mesmo não soubesse, hoje não há como dizer. Como é comum entre os clérigos de qualquer religião uma série de explicações elaboradas foram imaginadas. Abaixo estão as principais teorias a respeito das letras misteriosas segundo os principais comentarias do Alcorão de antigamente:

Seriam siglas de alguma grande profecia?
Seriam abreviações de atributos divinos?
Seria uma linguagem secreta entra Deus e Maomé?
Seria uma forma de chamar a atenção do leitor antes da recitação?
Seria para mostrar que o grande Alcorão foi escrito de letras tão simples?

Cada livro sagrado tem seu mistério, o mistério do alcorão são estas letras, observa um comentarista.  Mas na verdade esta é uma forma pomposa de dizer: WTF! Nós não fazemos a mínima idéia!

Assim que o Dr. Khalifa colocou o Alcorão no computador e realizou uma série de análises estatísticas destas letras misteriosas o computador começou a revelar alguns fatos que faz a primeira parte deste texto parecer a tabuada do 5. Das telas de fósforo de seus monitores começou a emergir um intrincado design matemático por trás de toda a sua escritura sagrada.

Código da Bíblia, Moby Dick e outras brincadeiras de criança

Antes de entregarmos o ouro, vejamos primeiro o alardeado Código da Bíblia. O trabalho realizado foi um estudo estatístico do significado de letras equidistantes. Escolheram aleatoriamente uma letra X qualquer, então escolheram um espaço de tantos caracteres, desconsiderando espaços entre palavras, e marcaram como a distância desejada Y. Por exemplo vejamos uma frase qualquer:

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Escolha uma letra, o primeiro C por exemplo, e um espaço de 12, termos a seguinte sequência:

cdsyirnvieunuiicsrepss – etc.

O primeiro livro da Bíblia/Torah é o Genesis, fizeram isso com ele e terminaram com uma cadeia gigante de letras. O próximo passo foi então organizar isso de uma forma mais tridimensional, imagine imprimir uma longa tira de papel com essa sequência do Gênesis e a enrolar em um tubo de papel. Então achate o tubo. Eles terminaram com um retângulo de letras, como um caça-palavras gigante. O próximo passo foi então começar a procurar coisas na horizontal, vertical e diagonal para ver o que acontecia e voi lá, começaram a surgir nomes e datas. O que foi constatado é que muitos nomes e datas tinham relação, o que levou os pesquisadores do Código da Bíblia a sugerir que a relação era: nome, data de nascimento e data de morte. Para essa revelação ter qualquer qualidade estatística a chance disso acontecer deve ser tão pequena que desconsidere o mero acaso. O número que chegaram foi o de uma probabilidade p=0,000016. Ou seja, tão pequena que esses dados dificilmente seriam aleatórios. E pronto, isso sustentaria não apenas um padrão inerente ao texto judeu – e por consequência Cristão – como serviu para mostrar que ele poderia provar o futuro, já que fatos passados estavam lá junto com fatos que ninguém ainda tinha conhecimento, logo ainda não aconteceram.

O Código da Bíblia se tornou um sucesso e a prova de que só Deus poderia ter sido o autor do livro, quem mais poderia apontar fatos futuros (lembre-se que sendo escrita a milhares de anos, a Bíblia conteria acontecimentos que seriam um futuro distante para seus “receptores” como a segunda Guerra Mundial, campos de concentração, etc…).

O problema é que esse tipo de estudo gera uma cadeia de números que se assemelha a um número irracional e transcendente, ou seja uma sequência aleatória não repetitiva de números, e já foi provado que uma cadeia dessas, cedo ou tarde, apresenta para o buscador paciente qualquer sequência ou padrão que busquemos. Um gerador de números aleatórios pode, por exemplo, depois de 15 números diferentes, apresentar uma sequência de duzentos 0 seguidos. Isso mostra que existe uma vontade divina por trás disso? Assim, gerar sequências aleatórias e buscar padrões não bastam para se criar uma prova estatística sólida. Para buscar essa prova podemos seguir dois caminhos distintos, criar novos métodos de análise estatística do texto bíblico e ver se eles apresentam resultados conscistentes ou empregar o método utilizado na Bíblia em outros textos volumosos – que gerem grandes sequências de letras e números – e observar os resultados. Ambas as coisas foram feitas. Os novos métodos de análise revelaram que novos resultados não são consistentes e, ao utilizar o método em outros livros, como Moby Dick, conseguiram profecias interessantes como o assassinato de Indira Ghandi, de Martin Luther King, John F. Kennedy, Abraham Lincoln, e Yitzhak Rabin assim como o da Princesa Diana. Além disso o matemático David Thomas refez uma análise de Genesis e encontrou as palavras “code” [código] e “bogus” [falso, fictício] juntas não só uma, mas 60 vezes. Isso fez com que o sucesso do Código da Bíblia evaporasse rapidamente. Como veremos a seguir, o Alcorão trabalha num outro nivel muito mais elevado. Ele apresenta uma harmonia matemática comprovavel e não previsões do futuro ou passado baseado em números aleatórios.

O milagre estatístico do número 19

Para começo de conversa Khalifa não tranformou o Alcorão em uma sopa de letras para pescar algo de lá. Com seus computadores ele fez um levantamento estatístico monstruoso da incidência de cada letra e cada palavra que existem em cada capítulo do Alcorão. Analisando estes padrões ele percebeu que o número primo 19 era a pedra angular de uma complexa estrutura..Isso é matematicamente significativo por inúmeros motivos.

Os números primos possuem uma característica que o distinguem de todos os outros números existentes, eles são blocos sólidos que podem ser divididos apenas por um e por si mesmo. Porque isso é relevante? Por que qualquer estudo estatístico, quando apresenta um resultado, deve ser submetido a testes para saber se é um resultado real ou se é apenas uma “ilusão de ótica”. É neste momento que um pouco de desatenção pode nos fazer comparar os resultados de Khalifa em relação à estrutura do Alcorão com trivialidades como código da Bíblia, mas você não vai querer tratar um assunto destes com um pouco de desatenção.

Suas análise mostraram que, por exemplo:

O 2º capítulo abre com as letras A, L e M, e neste capítulo estas letras aparecem 9899 vezes.
O 3º capítulo abre com as letras A, L e M, e neste capítulo esta letra aparece 5662 vezes
O 7º capítulo inicia com as letras A, L, M e S, e estas letras se repetem 5320 vezes neste capítulo.

No primeiro caso, ele reparou que o menor divisor de 9899 é o primo 19 (9899/19 = 521).
No segundo caso, ele reparou que o menor divisor de 5662 é o primo 19 (5662/19 = 298).
No terceiro caso, ele reparou que o menor divisor de 5320 é o primo 19 (5320/19 = 280).

A importância de ter um número primo como chave do padrão está no fato da chave do código ser uma menor unidade. Como vimos um primo não pode ser dividido por nenhum outro número além de si mesmo e um, isso mostra que o padrão não foi uma escolha conveniente como por exemplo o uma repetição que se baseasse no número 30, já que ele reuniria padrões divisíveis ainda por 2, 3, 5, 6, 10 e 15. Sendo que as repetições de padrão 6, 10 e 15 ainda poderiam ter uma chave menor. Uma repetição constante indica que de fato um padrão se esconde por trás de um código. É como um ritmo que permeia algo, como uma batida de coração. Tenha em mente que dada a improbabilidade estatística da sua existência de sua existência este tipo de padrão é justamente o que o projeto SETI, desenvolvido pela NASA busca em seus radiotelescópios na esperança de encontrar mensagens vinda do espaço e provar a vida inteligente fora de nosso planeta.

Mas o padrão 19 não acontece só nos três primeiros capítulos letrados. Este padrão se mantém até o capítulo 68 do Alcorão! Curiosamente entre o primeiro e o último capítulo iniciado com estas letras temos 38 capítulos sem letra alguma, outro múltiplo de 19. (19 x 2) E adicionalmente você nem precisa saber ler em árabe para constatar estes fatos, basta contar as letras.

Agora, para que você entenda a complexidade desta ocorrência, vamos propor um novo desafio.

Esqueça todas aquelas exigências malucas da primeira parte deste texto e imagine que temos apenas uma nova encomenda de livro para você escrever. Escolha um número primo qualquer e siga estes 6 requisitos:

1- O primeiro capítulo deve repetir a letra S em um múltiplo do número que você escolheu.
2- O segundo capítulo deve repetir a letra B em um múltiplo do número que você escolheu.
3 – O terceiro capítulo deve repetir as letras T e G em um múltiplo do número que você escolheu.
4 – O quarto capítulo deve repetir as letras K e D em um múltiplo do número que você escolheu.
5 – O total de capítulos deve ser um múltiplo do número primo também.
6 – O total de versos deve ser um múltiplo do número primo também.

O que? Eu não mencionei que o Alcorão atende estes dois últimos itens também? Pois é, ele atende. O livro sagrado dos muçulmanos tem 114 capítulos (19 x 6) e  6346 versos (19 x 334). Dr. Khalifa deve ter caido para trás, mas como ele mesmo observou este era só o topo do iceberg.

O Padrão Intrincado  do Alcorão

Imagine agora que em vez das 6 condições dadas acima, nós tenhamos algumas centenas de requisitos similares. Será que você conseguiria escrever um livro assim? E se as condições fossem elevadas à casa do milhar? Será que com a ajuda de alguns computadores nós conseguiriamos fazer algo parecido? E agora uma pergunta ainda mais interessante… Será que isso poderia ter sido arquitetado por um homem vivendo no deserto a 1400 anos atrás? Lembrando-se que a data para se terminar de escrever seria na sua morte, e não quando você julgasse que a obra estaria terminada.

Abaixo temos mais alguns fatos matemáticos extraídos do Alcorão:

  • O primeiro verso do Alcorão também tem 19 letras.
  • Este verso se repete 114 vezes em todo Alcorão ( 19 x 6 )
  • A primeira palavra deste verso aparece 19 vezes em todo Alcorão
  • A segunda palavra deste verso aparece 2698 vezes em todo Alcorão (19 x142)
  • A terceira palavra deste verso aparece 57 vezes em todo Alcorão ( 19 x 3 )
  • A quarta e última palavra deste verso aparece 114 vezes em todo Alcorão ( 19 x 6)
  • Há um capítulo em que este verso inicial não aparece (9º) e um em que aparece duas vezes (27º). Se somarmos os capítulos de 9 a 27 teremos 342 (19 x 18)
  • O Alcorão foi revelado ao longo de vários anos. Os primeiros versos revelados consistem de 19 palavras.
  • Esta primeira revelação de 19 palavras são escritas com 76 letras (19 x 4)
  • Esta primeira revelação cronológica está no capítulo 96 do Alcorão. É o 19o cápitulo antes do fim do livro.
  • Este capitulo 96 possui também 304 letras (19 x 16)
  • O último capítulo revelado tem também 19 palavras. Seu primeiro verso também tem 19 letras.
  • A palavra ‘Deus’, aparece 2698 vezes (19 x 142)
  • Somando todos os verso em que a palavra Deus aparece teremos 118123  (19 x 6217)
  • A palavra “Alcorão” aparece em 38 capítulos (19 x 2)
  • A palavra “Alcorão” é repetida 57 vezes em todo livro (19 x 3)
  • Há dois capítulos iniciados com a letra Q (42º e o 50º), em cada uma a letra aparece 57 vezes (19 x 3), num total de 114 (19 x 6), como vimos este é também o número de capítulos do Alcorão.
  • Se em cada um destes dois capítulos somarmos seu número ao número de versos que possui teremos em ambos os casos 95. (19 x 5)

Número sobre-humanos

A lista dada acima é pequena e ilustrativa. O número de fatos intrincados chega realmente a casa dos milhares se você quiser pesquisar por conta própria. Para isso recomendamos os livros “QURAN: Visual Presentation of the Miracle” do Dr. Khalifa e “Beyond Probability” do Sr. Abdullah Arik para começar. Mas existem ainda alguns fatos matemáticos que lidam com números tão grandes que não podemos deixar e citar. São números tão obscenos que podemos dizer sem medo serem números desumanos. Veja os exemplos abaixo:

  •  Concatene os números de cada capitulo com os números de cada um dos versos dentro dele e conseguira um número de 12692 dígitos. Este número gigantesco também é múltiplo de 19
  •  Se somarmos os números de cada um dos capítulos iniciados pelas letras mencionadas acima ao número de cada um de seus versos, teríamos que ficar meses fazendo contas, mas graças aos computadores sabemos hoje que este número é 190133 (19 x 10007)
  •  Se somarmos os números dos capítulos não iniciados pelas letras mencionadas acima ao número de versos e ao número dos versos teremos 156066 (19 x 8214)
  •  Obviamente se somarmos todos os capítulos mais todos os versos e todos os números dos versos termos também um múltiplo de 19, 346199 (19 x 18221)

Porque 19?

O número 19, por ser um número primo ja é especial, ele pode ser dividido por 1 e por ele mesmo.  Podemos observar que ele é composto do primeiro e do último algarismo, proclamando o famoso “Alpha e Omega” que é repetido no capitulo 57 (19×3) do Alcorão. Além disso ele possui algumas qualidades matemáticas peculiares como ser o valor gemátrico para a palavra árabe “Unidade”. Mas sejamos honestos. WTF! Nós não fazemos a mínima idéia!

O fato é que embora toda a estrutura e métrica do Alcorão seja tão intrincada, sua mensagem central é simples: Só existe um Deus. Como vimos, a palavra Deus aparece 19 vezes em toda a escritura sagrada. Adivinhe agora quantas vezes a palavra “Único” também aparece.

Masha’Allah! Não vá embora ainda.

Em 1986 Dr. Monzur Ahmed,  estudante Turco de engenharia da Universidade Técnica de Istambú se fascinou com a matemática por trás do Alcorão e decidiu “brincar” com alguns dados simples. O que ele fez foi fazer um gráfico em que correlacionava o número de capítulos do livro com o número de versos que ele continha. Assim em uma linha numerou os capítulos de 1 a 114 e acima de cada número colocou o número de versos. O resultado foi este:

O resultado deste gráfico assustou e deslumbrou inúmeras pessoas que inclusive o refizeram com a ajuda de um computador. O motivo de tanta surpresa é que a distribuição dos pontos no gráfico se assemelha à palavra Allah, que como você deve saber, significa Deus.

Fonte: MINDFUCKMATICA