Shajar al-Durr, ou Xajar Aldur, como ficou aportuguesa, foi uma importante e interessante figura na política do Mundo Islâmico e do Mediterrâneo de seu tempo. Na verdade, se quisermos ser realmente justos com a sua memória, não é sequer exagero dizer que esta mulher, que foi escrava e também soberana de um dos maiores impérios muçulmanos de seu tempo, teve papel decisivo no futuro do Mundo Medieval como o conhecemos; assim, também não é exagero dizermos que o destino do próprio moderno foi moldado por suas mãos, como veremos a seguir...

As origens étnicas de Shajar parecem ser um tanto obscuras. Muitos historiadores muçulmanos defenderam ou sugeriram que ela seria grega, armênia, circassiana e até beduína. O que é geralmente aceito, porém, é que sua real etnia era quipechaque, uma sub-etnia turca e menos sedentária que habitava a Ásia Central e o Norte da Ásia; assim sendo, Shajar teria sido mais provavelmente criada como pagã animista do que como cristã ou muçulmana.

Shajar al-Durr, em um desenho libanês de 1966.

Não se sabe muito sobre seus primeiros anos, exceto de que teria sido escrava na infância e eventualmente foi comprada por As-Salih Ayyub, um aristocrata de alto escalão com conexões familiares derivadas de ninguém menos que o próprio Saladino,

Saladino foi uma personalidade decisiva para o rearranjo geopolítico do Levante: além de unificar os diversos potentados islâmicos que se viam em fragmentação desde a Primeira Cruzada, o conquistador curdo foi responsável por mutilar muito do território do próprio Reino de Jerusalém, impor medo e respeito na Europa além-mar pela mera menção de seu nome e enfrentar não menos que duas cruzadas. Na altura de sua morte, Saladino tinha forjado um dos maiores impérios muçulmanos do século XII.

Sultanato Aiubida em sua máxima extensão, na ocasião da morte de Saladino (1193). Maior resolução.

Os herdeiros de seu Império, seus filhos e demais parentes da família Al-Ayyubi, se dispuseram no governo dos principais emirados e da capital do Sultanato, em Cairo, no Egito. Talvez por conta dessa disposição de poder, o Sultanato Aiúbida no geral foi frequentemente assolado por disputas por poder entre irmãos, primos e tios, o que favoreceu a organização de novas Cruzadas católicas para recuperar Jerusalém e revigorar o impotente Reino de Jerusalém (agora com capital em Acre).

As-Salih Ayyub era um desses familiares que, apesar de ser ele mesmo filho do antigo sultão, havia sido alienado da sucessão durante os acontecimentos da Quinta Cruzada. A partir do seu governo provincial nos extremos do Império, As-Salih expandiu-se da Anatólia Aiúbida até a Síria, capturando Damasco. Logo a disputa entre os irmãos aiúbidas se transformou com uma guerra civil pelo trono, algo facilitado pela própria impopularidade do sultão e irmão de As-Salih.

Com o apoio dos emires do Egito e a captura do antigo sultão, As-Salih fez uma entrada triunfal na capital aiúbida em junho de 1240, tornando-se seu novo sultão. Por volta desta época, Shajar havia se tornado a concubina e uma grande paixão de As-Salih; de acordo com o historiador egípcio tardo-medieval Al-Makrisi, o sultão “amava ela tão desesperadamente que ele a carregava consigo em suas guerras e nunca se afastava dela”. Foi no seu primeiro ano de governo como sultão que ambos tiveram seu primeiro filho, e na mesma ocasião, As-Salih e Shajar se casaram, elevando-a ao status de sultana. O fruto daquela relação morreria na infância e nenhum outro filho seria gerado naquele casamento; ainda assim, Shajar desfrutaria de grandes favores e estaria bem relacionada na própria corte real do Cairo, sendo descrita como uma mulher belíssima, mas que também era piedosa e inteligente.

A ascensão ao trono parece ter sido uma tarefa fácil para As-Salih, mas manter-se nele se provaria uma tarefa de grande perícia política. Como era natural do sultanato aiúbida, os diversos parentes do monarca reinante sempre eram potenciais substitutos ou conspiradores, e os generais e aristocratas locais às vezes se provavam tão pouco confiáveis quanto os próprios parentes. Por conta desse contexto delicado, As-Salih procurou se rodear de soldados e generais que estivessem desconexos da malha conspiratória estabelecida e que lhe fossem leais de forma incondicional; isto é, ele encheu o governo aiúbida de mamelucos.

No regime islâmico da época, mamelucos são soldados-escravos de alta proeza marcial que servem diretamente a uma autoridade local ou estatal. Como são costumeiramente estrangeiros e sua ascensão social costumava assegurar sua lealdade, mamelucos eram a forma ideal de preservar um governo ameaçado pelo parasitismo das elites tradicionais. E como os turcos quipechaques haviam sido dispersos ou escravizados em massa após a expansão do Império Mongol de Genghis Khan, não demoraria muito para os mamelucos se tornarem a espinha dorsal do exército de As-Salih.

Quando notícias de que o rei Luís IX da França e um exército cruzado haviam aportado no Reino Cruzado do Chipre, As-Salih – que estava na época fazendo guerra aos seus rivais internos – imediatamente correu com Shajar (que o acompanhava na expedição, como sempre) para a capital do Cairo, presumindo que os eventos da Quinta Cruzada iriam se repetir nesta Sétima Cruzada. E assim o foi, os cruzados de Luís aportaram em Damietta e tomaram a cidade com relativa facilidade – até então nem um pouco diferente do que havia se passado antes.

Estabelecer o controle de Damieta significava fincar os pés a poucos quilômetros do Cairo, o coração de todo Sultanato Aiúbida. O rei mais poderoso da Europa e os altos barões estavam bastante confiantes no seu exército, e uma carta ameaçadora do rei santo foi enviada a As-Salih:

“Como você sabe, eu sou o governante da nação cristã, sei que você é o governante da nação maometana. O povo da Andaluzia me dá dinheiro e presentes enquanto os conduzimos como gado. Matamos seus homens e tornamos suas mulheres viúvas. Nós levamos os meninos e as meninas como prisioneiros e deixamos suas casas vazias. Eu já lhe disse o suficiente e o aconselhei até o fim. Mesmo se você fizesse o mais forte dos juramentos para mim, mesmo se fosse até os padres e monges cristãos, ou se suportasse chamas diante dos meus olhos como sinal de sua obediência à cruz, tudo isso não iria me dissuadir de alcançá-lo e matá-lo no seu lugar mais querido na terra. Se a terra for minha, então será um presente para mim. Se a torre for sua e você me derrotar, então terás a vantagem. Eu disse a você e avisei você sobre meus soldados, que me obedecem. Eles podem preencher campos abertos e montanhas, são numerosos como seixos. Eles serão enviados para você com espadas de destruição. ” Carta de Luís IV para as-Salih Ayyub – (Al-Maqrizi, p.436 / vol.1)

Localização dos três principais enclaves envolvendo a Sétima Cruzada. A partir de Damietta, era possível conduzir uma marcha de poucos dias entre os canais do Nilo até a capital aiúbida, o Cairo.

Durante a marcha de Luís à capital, As-Salih contraiu uma infeção em Damietta e eventualmente morreu, deixando o governo do sultanato à beira do colapso em um momento de crise. Mas foi justamente nesta hora que Shajar interveio: ela ocultou a morte de seu marido, deixando-a conhecida somente aos dois indivíduos mais importantes do Estado: o comandante geral do exército egípcio e o eunuco-chefe do palácio. Conforme o corpo de As-Salih foi secretamente transportado para um lugar oculto e o herdeiro Turanshah – que havia sido afastado da capital por medo de conspirar contra o próprio pai – foi convocado da Síria para o Egito, Shajar conseguiu falsificar a própria grafia do antigo sultão, criando entre os egípcios a sensação de que o sultão realmente estava vivo. Na corte, para criar a impressão de que o sultão vivia, Shajar metodicamente determinou que refeições fossem levadas ao seu aposento privado, diminuindo ao máximo as suspeitas de sua morte. A estratégia da rainha deu certo, garantindo a estabilidade até que Turanshah chegasse ao Cairo e a morte do sultão pudesse ser anunciada, garantindo uma sucessão segura.

Shajar desempenhou uma participação vital na organização estratégica que derrotou os cruzados em Al Mansurah garantindo a segurança do sultanato e a captura do rei Luís e de vários nobres importantes da França.

“O fracasso da Sétima Cruzada foi absolutamente chocante para o mundo católico. Milhares de cavaleiros acompanharam o Rei Luís na sua empreitada. A preparação da expedição foi uma das mais metódicas já realizadas na história das cruzadas; com a própria cruzada sendo a guerra mais cara de toda a história da nação francesa. Com tanto apoio, investimento e preparação, auxiliado pelo caráter do próprio rei-santo, a Europa estava convencida de que Luís iria finalmente guiar os cruzados para a vitória. Ao invés disso, a cruzada foi um fracasso completo. Todo o exército foi ou massacrado ou capturado. Destes, somas enormes foram exigidas para seu resgate na Europa. A própria notícia de que o rei santo havia sido capturado causou movimentos histéricos e charlatanescos na França, à exemplo da Cruzada dos Pastores.

Cerca de 12 mil prisioneiros de guerra foram resgatados após pagamento. O Rei Luís, sozinho, foi resgatado por uma quantia de 400 mil dinares de ouro (o suficiente para alimentar 4.000 soldados por 20 anos), dos quais metade deveria ser paga imediatamente, e a outra metade anualmente; levando a França a um verdadeiro caos financeiro. Luís foi liberado após prometer devolver Damietta aos egípcios e ao jurar que nunca mais voltaria para o Egito novamente; a segunda promessa, contudo, ele não viria a cumprir.

Por conta da derrota inesperada e estrondosa de Luís, nenhuma outra grande cruzada seria levantada contra o Egito. E todos os reis, com exceção de Luís, perderam o interesse em lançar novas cruzadas.” (GAIÃO, 2020)

Apesar da vitória estrondosa para o Egito para todo o Mundo Muçulmano – que se beneficiou indiretamente pela vitória, o bom clima no sultanato seria afastado pelas desavenças de Turanshah com Shajar e os mamelucos logo começaram a se desenvolver. Temendo ter sua suserania ameaçada, o novo sultão começou a depor os antigos generais mamelucos de seu pai para substituí-los com seus próprios, além de incomodar e ameaçar Shajar, que se voltou aos homens de seu antigo marido por ajuda. Os mamelucos ficaram indignados pela forma como Shajar era importunada e somaram esse descontentamento com a próprias políticas anti-mamelucas do novo sultão, forçando-os a agir.

Turanshah foi assassinado pelos mamelucos em 2 de maio de 1250. Com a sua morte, os mamelucos elevaram Shajar ao governo do próprio sultanato. E embora ela seja frequentemente descrita como “a sultana”, oficialmente falando, todos os registros de época referem-se a Shajar como sultão, não como sultanata. Isto era uma forma de demonstrar, efetivamente, que Shajar era de fato a soberana do Império dos Aiúbidas, ao invés de uma mera consorte; era um recurso utilizado na Europa (e.g. tanto Elizabeth I quanto Isabela a Católica eram oficialmente “reis” de seus respectivos países) e também no próprio Egito Antigo.

Shajar cunhou suas próprias moedas, marca tradicional de poder régio, e assumiu títulos como Malikat al-Muslimin (Rainha dos Muçulmanos) e Walidat al-Malik al-Mansur Khalil Emir al-Mo'aminin" (Mãe de al-Malik al-Mansur Kalil, emir dos fiéis), em homenagem ao seu único filho com As-Salih, que morreu na infância.

Os próximos anos de governo de Shajar foram suprimindo revoltas na Síria, mas o principal golpe contra o novo regime foi o Califa Abássida, em Bagdá, ter se recusado a reconhecê-la como governante legítima pelo fato dela ser mulher. Apesar do Califado nesta época ser composto tão somente da cidade de Bagdá, o Califa ainda representava a autoridade máxima entre muçulmanos sunitas (de forma até mais significativa que o Sacro Imperador na Europa Católica ou o Imperador Bizantino no Mundo Ortodoxo). Para agradar o Califado, foi organizado um casamento de Shajar com o general mameluco Izz al-Din Aybak, onde o título de sultão seria transferido para Aybak. O Califa Abássida finalmente reconheceria o novo arranjo, depois de muitas guerras e diplomacia; e seria um de seus últimos atos, antes das hordas mongóis cercarem Badgá e a devastarem completamente, matando o Califa e toda a sua família no processo.

Por volta de 1257, a relação entre o casal se tornou problemática. Aybak buscava supremacia e segurança, mas Shajar era conhecida por um temperamento forte e tinha o crédito de ter sido uma governante eficiente nos tempos em que o sultanato esteve a beira do completo colapso. Shajar estava insatisfeita com sua posição secundária e queria o governo para si, ocultando assuntos de Estado de seu marido, proibindo-o de ver outras esposas e forçando-o a se divorciar dela. Quando Aybak procurou estabelecer alianças e casamentos com os emirados aiúbidas ao Leste, para se preparar contra os mongóis, Shajar se sentiu ameaçada e traída, o que a levou a encomendar seu assassinato pelas mãos dos servos de Aybak. Apesar dela ter se esforçado para ocultar o assassinato, mamelucos leais ao antigo sultão obtiveram a confissão do assassinato ao torturar os servos suspeitos. Os mamelucos aliados a Shajar foram capazes de protegê-la da fúria dos mamelucos leais a Aybak, conseguindo que ela fosse meramente posta na Torre Vermelha do Cairo. As coisas mudariam nas semanas seguintes, quando o filho de Aybak – que não era fruto do seu casamento com Shajar – foi posto no trono aos 15 anos de idade. Ele decidiu vingar seu pai, destruindo suas joias da sultana e expondo Shajar nua em público e ordenando que ela fosse espancada até a morte pelas servas do novo sultão e de sua mãe. O corpo seminu de Shajar foi suspenso pelos pés e deixado fora da cidadela por três dias até que uma turba popular veio e tomou um tecido perfumado de seda e pérolas que se encontrava no ventre da antiga rainha. Os servos envolvidos no assassinato do pai do novo sultão foram também executados.

O mausoléu de Shajar, edificada por construtores estrangeiros do Império Bizantino para sua edificação. O mausoléu foi comissionado por Shajar ainda antes de sua morte, para fazer jus ao seu status régio.

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