Texto de: Salah Zaimeche

A história do café remonta pelo menos ao século IX. Da África Oriental, o café se espalhou para o Egito e o Iêmen. A mais antiga evidência confiável sobre beber café ou conhecer a árvore do café aparece em meados do século XV nos mosteiros sufis do Iêmen, onde os grãos de café foram torrados e preparados pela primeira vez, de maneira semelhante à forma como o café é produzido atualmente. No século XVI, ele chegou no resto do Oriente Médio, Pérsia, Turquia e norte da África. Do mundo muçulmano, o café se espalhou para a Itália e para o resto da Europa, para a Indonésia e para as Américas. Muitos pensam que a comida e a culinária muçulmana se limitam a Curry, Biryani, Kebabs, Chapati e doces como Kulfi e Baklawa. Este artigo traça as origens muçulmanas do café e sua variável recente, o Cappuccino.

1. Introdução

Grande parte dos escritos sobre a história do café destaca as grandes diferenças de opinião sobre como e quando o café foi descoberto. Os historiadores não chegaram a um consenso e ainda é difícil estabelecer uma data creditável. Os primeiros manuscritos conhecidos por estudar a história do café eram de origem muçulmana, datando do século XV. Como veremos, essas obras forneciam um amplo conjunto de informações sobre a natureza social dessa bebida, bem como sobre o processo de sua difusão em várias partes do mundo muçulmano, evento que ocorreu durante o século em que esses livros foram produzidos. Em relação à sua primeira descoberta, no entanto, existem algumas lacunas consideráveis, visto que esses manuscritos se basearam em suas testemunhas oculares contemporâneas, que não voltaram além de algumas gerações para traçar sua cronologia histórica. Por causa disso, os historiadores que seguiram esses manuscritos defenderam a introdução tardia do café no mundo muçulmano. Hattox [1], por exemplo, a coloca no século XV. Citando essas fontes árabes, ele afirmou que os muçulmanos iemenitas o trouxeram da Etiópia por volta de 1400.

Como veremos a seguir, outros testemunhos, como os de Al-Razi e Ibn Sina, permitem concluir que o café já era conhecido, pelo menos no meio médico, já no início do século X.

2. Primeiras fontes muçulmanas

Em um relato fornecido por Fakhr al-Din Abu Bakr Ibn Abi Yazid Al-Makki [2], ele se referiu a um grupo de Sufis sob o nome de Ordem Shadhilya que costumava fazer Al-Qahwa de Kafta usando as folhas de Al-Gat, uma planta estimulante bem conhecida na Arábia. Devido à repentina escassez de Al-Gat em Aden, o Sheikh al-Dhabhani (f. em 1470-71) instruiu seus seguidores a usar bunn, grãos de café, no lugar [3]. No entanto, isso não prova necessariamente que o primeiro uso do café no Iêmen foi no século XV. O café poderia ter sido conhecido antes, mas substituiu o Al-Gat naquela ocasião particular.

Distribuição geográfica da produção dos diferentes tipos de café (r: robusta, a: arabica, m: robusta & arabica). (Fonte).

Hattox forneceu outras fontes árabes, que ele afirma definir a introdução do café em meados do século XV, no mínimo [4]. Esta teoria ecoou a de John Ellis [5] (1774) que citou Ibn Shihab al-Din (século XV), atribuindo a primeira introdução do consumo de café no Iêmen a Jamal Al-Din, o Mufti de Aden, que foi quase seu contemporâneo. Durante uma de suas viagens à Pérsia, Jamal Al-Din viu alguns de seus conterrâneos bebendo café. Na época, ele não prestou muita atenção, mas ao voltar para Aden, ele adoeceu e decidiu experimentar para ver se melhoraria sua condição. Ao fazer isso, não só recuperou a saúde, mas percebeu outras qualidades úteis. Isso incluía aliviar a dor de cabeça, animar os espíritos e prevenir a sonolência. Consequentemente, ele recomendou a bebida a seus companheiros Sufis para que pudessem passar a noite em oração. O exemplo e a autoridade do Mufti consolidaram a reputação do café, espalhando-o pela população e aos poucos substituindo a bebida Al-Gat.

As fontes turcas, entretanto, fornecem datações anteriores. Brisel em seu Kahvaler Kitab [6] atribuiu a primeira descoberta de café em 1258. Seu relato se refere a um certo Sheik chamado Omar que o descobriu acidentalmente quando com fome, o que o fez comer os grãos. Existem evidências circunstanciais que endossam a visão turca e sugerem que o café era de fato conhecido pelos muçulmanos muito antes do século XV. A presença de potes de cerâmica e prata e em formas de jarras, que só podem remeter à presença de café, estavam estabelecidos no mundo islâmico desde os séculos XIII e XIV [7].

Existem outras evidências que indicam que o café era conhecido pelos muçulmanos mesmo antes da data de Brisel de 1258. Sabemos que o estudioso e médico Ibn Sina (Avicena) administrava café como remédio por volta do primeiro milênio. Há uma referência e uma descrição de seu efeito médico em seu Al-Qanun fi al-tib, no qual ele descreve o café como “um material que vem do Iêmen. Diz-se que é produzido a partir das raízes do Thorn Aegiptia que cai na maturação. O melhor tipo é amarelo e claro, de bom cheiro. O branco e pesado é ruim. Reanima o corpo, limpa a pele, seca as humidades que estão por baixo e dá um cheiro excelente ao corpo inteiro.” A citação coloca claramente a presença do café no Iêmen, pelo menos, em algum momento do século X. Antes dele, o conhecido médico do início do século X, Al-Razi (Rhazes), também mencionou algumas propriedades médicas do café. No entanto, os dois autores usaram o nome bunn, a contração árabe do nome etíope para o café.

Mapa mundial baseado na importação de café por país em 2006, mostrando as importações brutas. Alguns países reexportam porções significativas de seu café importado. Com base nas estatísticas da International Coffee Organization.

A palavra “café”, entretanto, vem do turco kahveh, que por sua vez deriva do árabe qahwah. Mas no árabe clássico, o café é chamado de bunn, uma palavra que no árabe moderno se refere apenas ao próprio grão. Este é o termo usado por Al-Razi, a quem se atribui a primeira descrição escrita das propriedades medicinais do café. Ele se refere ao grão e à árvore como bunn e à bebida como bunchum – o que, acrescenta, é bom para o estômago. Pouco depois dele, por volta do ano 1000, Ibn Sina também mencionou o valor do bunchum, alegando que o café fortalece os membros, limpa a pele e dá um cheiro excelente a todo o corpo [8].

Ukers [9] colocou a descoberta do café de volta ao ano 750 EC, quando um pastor árabe, chamado Khalid, que vivia na Etiópia, observou as mudanças comportamentais em suas cabras ao comer de um determinado arbusto. Esse arbusto ficou conhecido como o cafeeiro. Essa história é amplamente repetida e aceita pela maioria dos historiadores.

Do exposto, parece claro que o café foi descoberto pelos muçulmanos por volta do século X. Foi usado e cultivado pela primeira vez no Iêmen. Em vez de comer os grãos, os iemenitas o ferviam, criando a famosa bebida de Al-Qahwa. Também há consenso de que os primeiros usuários do café foram os sufis, que o usaram como estimulante para ficar acordado durante o Dhikr (lembrança de Deus) tarde da noite. O café se espalhou para o resto dos muçulmanos do Iêmen e, eventualmente, para todo o mundo muçulmano por meio de viajantes, peregrinos e comerciantes. Chegou a Meca e à Turquia no final do século XV.

É relatado por Abd-Al-Qadir Al-Jaziri [10] (por volta de 1558) em seu livro ‘Umdat Al-Safwa, Argumento em Favor do Uso Legítimo do Café, um manuscrito produzido algum tempo antes de 1587, de Fakhr al-Din Abu Bakr Ibn Abi Yazid Al-Makki, que sustentou que al-Qahwa não chegou a Meca até o final do século IX da Hijra (século XIV EC). Mais tarde, ele forneceu outra fonte, que deu detalhes sobre como o café chegou ao Cairo. Ibn Abd Al-Ghaffar relatou que na primeira década do século X da Hijra (meados do século XVI EC), o café foi levado para os estudantes iemenitas de Alzhar Medrassa, que o usaram para impulsionar seu desempenho em vários círculos de Dhikr [11]. De Al-Azhar, o café logo entrou nas ruas, lojas e casas do Cairo. No início do século XV EC (em 1453), o café chegou à Turquia com a primeira cafeteria, Kiva Han, inaugurada em Istambul em 1475.

O texto de Al-Jaziri foi escrito em resposta a um debate religioso sobre os méritos e a legalidade, segundo a lei islâmica, da bebida que estava varrendo a sociedade otomana. É o documento mais antigo existente sobre a história, preparação, uso, virtudes e benefícios do consumo de café. Depois que o café se estabeleceu em Meca e Medina, não demorou muito para que peregrinos e comerciantes o disseminassem para os cantos mais distantes do mundo islâmico. De lá, o café também chegou à Europa no século XVII por meio de Veneza, Marselha, Amsterdã, Londres e Viena.

Tabela dos dez principais países produtores de café verde em 2006 (por milhões de toneladas). Fonte: Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). (Fonte).

Como resultado, o negócio de exportação de café do Iêmen cresceu durante a primeira presença otomana entre 1536 e 1636. À medida que a bebida ganhava popularidade, o porto de Al-Mukha desfrutava de um monopólio cada vez mais poderoso como a única fonte mundial de bunn até o século XVIII.

Além de datar o primeiro uso muçulmano do café, grande parte dos escritos sobre o café no Ocidente destacou a polêmica do café e das cafeterias nas terras do Islã, alegando que o Islã condenava o uso do café por causa do vício. É verdade que os cafés não eram apreciados por causa da perda de tempo e da natureza lúdica de seu consumo, especialmente em lugares onde era associada a cantoras, dançarinas e semelhantes. Mas as controvérsias sociais a seu respeito não impediram a disseminação constante e contínua dos cafés pelos centros urbanos.

3. Café na Turquia e nos Bálcãs

O famoso café turco é preparado fervendo-se em uma panela (cezve) grãos de café torrados em pó fino, possivelmente com açúcar, e servindo-os em uma xícara, onde os resíduos ficam. O nome descreve o método de preparação, não a matéria-prima. O café turco é comum em todo o Oriente Médio, Norte da África, Cáucaso e Bálcãs. Também é servido pelas comunidades expatriadas da Turquia, Balcã e Oriente Médio no resto do mundo. A cultura de cafeterias foi altamente desenvolvida no mundo otomano, a ponto das cafeterias se tornarem uma característica distinta e proeminente da cultura social. O café afetou tanto a cultura turca que a palavra turca para café da manhã, kahvalti, significa literalmente “antes do café”, enquanto a palavra turca para marrom é kahverengi, (a cor do café) [12].

Um viajante inglês chamado Charles Mac Farlane, que testemunhou alguns dos anos mais tumultuados dos primeiros esforços otomanos de reforma durante o reinado de Mahmud II em Istambul, fez muitas observações perspicazes sobre a textura cultural de uma vida urbana que estava passando uma metamorfose. Charles Mac Farlane completou seu guia de viagem com essas palavras; “Os turcos não podem viver sem café.”

Essa conclusão vinda de uma pena orientalista fazia referência aos hábitos sociais gerados pela disseminação do consumo do café nas cafeterias pelas cidades do Império Otomano. Os círculos de pessoas conversando em torno de um braseiro de café moldaram novas filosofias de vida que foram tecidas em conjunto por aqueles que haviam sido cativados pelo prazer transmitido por essa bebida mística. A partir daí, formaram uma rede de difusão cultural que se tornou cada vez mais abrangente, resultando no lançamento de um processo de socialização que englobou todos os elementos da sociedade.

Ilustração da planta e sementes de Coffea arabica nas Plantas Medicinais de Kohler: Franz Eugen Köhler, Medizinal-Pflanzen in naturgetreuen Abbildungen mit kurz erläuterndem: Atlas zur Pharmacopoea … (Gera-Untermhaus, 1883-1914).

Ao reunir os diversos elementos da sociedade – funcionários do governo, comerciantes e artesãos, os piedosos e os profanos – de seus próprios círculos fechados e no ambiente comum da cafeteria, o café mediou o desenvolvimento de um design social para o qual todos poderiam contribuir com seu próprio conhecimento e experiência. Nesse aspecto, pode-se dizer que o hábito que o café criou no mundo islâmico lançou as bases de um novo modelo civil baseado na socialização [13].

Istambul foi introduzida ao café em 1543, durante o reinado do sultão Suleiman, o Magnífico, por Özdemir Pasha, o governador otomano do Iêmen, que havia aprendido a amar a bebida enquanto estava alocado naquele país. No palácio otomano, foi descoberto um novo método de beber café: os grãos eram torrados no fogo, moídos e fervidos em água. Com seu novo método de fermentação e aroma, a reputação do café logo se espalhou ainda mais longe.

O café logo se tornou uma parte vital da culinária palaciana e era muito popular na corte. A posição de “Barista” Chefe (kahvecibasi) foi adicionada à lista de funcionários da corte. O dever do barista chefe era preparar o café do sultão ou de seu patrono, e foi escolhido por sua lealdade e capacidade de guardar segredos. Os anais da história otomana registram vários Baristas Chefes que subiram na hierarquia para se tornarem Grão-Vizires do Sultão.

O café logo se espalhou do palácio para grandes mansões, e de grandes mansões para as casas do povo. O povo de Istambul rapidamente se apaixonou pela bebida. Os grãos verdes de café eram comprados e depois torrados em casa em panelas. Os grãos eram então moídos em pilões e fermentados em cafeteiras conhecidas como cezve.

A maior parte do público em geral conheceu o café por meio do estabelecimento de cafeterias. A primeira cafeteria (chamada Kiva Han) foi aberta no distrito de Tahtakale e outras surgiram rapidamente por toda a cidade. As cafeterias e a cultura do café logo se tornaram parte integrante da cultura social de Istambul. As pessoas iam lá ao longo do dia para ler livros e belos textos, jogar xadrez e gamão e discutir poesia e literatura. Graças aos esforços de comerciantes e viajantes que passaram por Istambul, o Café Turco logo se espalhou pela Europa e, finalmente, por todo o mundo [14].

Um manuscrito do século XVI mostrando uma cafeteria com homens tomando café. Reproduzido em parte em 1001 Inventions: Muslim Heritage in Our World, editor-chefe Prof. Salim T. S. Al-Hassani (Manchester, FSTC, 2006, p. 13).

O cronista otomano İbrahim Peçevi relata a abertura da primeira cafeteria em Istambul: “Até o ano de 962 (1554-55), na cidade alta e guardada por Deus de Constantinopla, bem como em terras otomanas em geral, os cafés e cafeterias não existiam. Por volta daquele ano, um sujeito chamado Hâkem (Hakam) de Aleppo e um humorista chamado Sems (Shams) de Damasco, chegaram à cidade: cada um deles abriu uma grande loja no distrito chamado Tahtakale e começou a fornecer café [15]. ”

No Oriente Médio, o café turco até recentemente era chamado simplesmente de “café” na língua local. Na Turquia, “kahve” era considerado o café turco até que o café instantâneo foi introduzido na década de 1980. Hoje, as gerações mais jovens se referem a ele como Türk kahvesi (café turco). Em muitas línguas, o termo café “turco” foi substituído pelo nome variante local (por exemplo, “Café armênio” (haykakan surj), “café grego” (ellinikós kafés) e “café cipriota” (kypriakós kafés), ou caiu completamente. As palavras para “café” e “cafeteria” permaneceram inalteradas em grego como nas outras línguas dos Balcãs, usando as formas turco otomana kahve e kahvehane: como em búlgaro, macedônio, sérvio, croata, bósnio, esloveno, Romeno, grego e albanês.

No mundo árabe, o café “turco” é o tipo de café mais comum. É chamado de café árabe (qahwa ‘arabiyah) ou café Shami (levantino). Apenas ocasionalmente os árabes se referem ao café turco como sendo de seu país natal, portanto, construções como “café egípcio”, “café libanês”, “café iraquiano” e semelhantes são ouvidos para fazer uma distinção no sabor, preparação ou apresentação de dois tipos diferentes de café turco; por exemplo, um egípcio usando o termo qahwa Arabiya como distinto de qahwa Masriya estaria distinguindo o estilo levantino do egípcio de café turco.

Da mesma forma, em todas as regiões que estiveram sob a influência otomana e turca nos últimos séculos, o nome de preparações de café locais reflete até hoje o traço desse impacto turco. Em Chipre, o café local é denominado Café cipriota (kypriakós kafés); é servido ou sem açúcar, ou meio doce ou muito doce. Na Armênia, o café turco é chamado (café sourj) ou (haykakan sourj, café armênio). Na Romênia, o café turco é chamado de ‘cafea turceasca’, ‘cafea caimac’ ou ‘cafea la ibric’. O recipiente é chamado de ‘ibric’, e em Dobrogea é feito em uma chaleira de cobre cheia de areia – este tipo de café é chamado ‘cafea la nisip’.

Miniatura de uma barraca de café portátil datada de 1582, tirada de Sürname-i Hümayun (Livro do Festival Imperial), onde os artesãos da cafeteira / vendedora que participam da procissão do festival foram retratados em detalhes. Fonte: Nurhan Atasoy, 1582 Sobrenome-i Hümayun: Dügün Kitabi, (Istambul: Koçbank, 1997).

Mas é nos hábitos e nas línguas das comunidades muçulmanas dos Bálcãs que encontramos uma influência mais forte. Na Bósnia-Herzegovina, o café turco também é chamado de “café bósnio”, que é feito de maneira um pouco diferente do seu antecessor turco. Geralmente é feito com marcas de café da Bósnia (incluindo Zlatna Džezva, Minas e Saraj Kafa). Beber café na Bósnia é um costume diário tradicional e desempenha um papel importante na sociedade, especialmente durante as reuniões sociais.

Na Croácia, é denominado turska kava, ou seja, “café turco”. Caso contrário, é conhecido simplesmente como kava, a menos que seja referido em alguma cafeteria, a fim de evitar confusão com outros tipos de bebidas de café. Na Albânia, é conhecido como café turco (Kafe Turke) e é uma bebida muito popular, embora ultimamente tenha perdido um pouco de seu apelo para os jovens que preferem espressos do estilo italiano. Este café constitui um elemento essencial da cena social albanesa. Na República da Macedônia, é chamado apenas de Tursko kafe, caso contrário, é conhecido simplesmente como tursko.

Turška kava é o nome do café turco na Eslovênia. Caso contrário, é conhecido simplesmente como kava, a menos que seja referido em cafeterias, a fim de evitar confusão com outros tipos de bebidas de café. O café especialmente forte (sem açúcar e leite) é frequentemente referido como crna kava (café preto) [16].

4. A transferência do café para a Europa

Por meio de vários canais de contato, os muçulmanos dentro e fora da Europa desempenharam um papel importante na transferência de novas idéias, costumes, alimentos, artes, várias ciências e tecnologias. A maioria das pessoas nos Estados Unidos, Grã-Bretanha e Europa associam a influência da culinária muçulmana ao curry e ao donner kebab, como sendo refeições introduzidas pelos novos imigrantes. Muito poucos saberiam da origem muçulmana do café e do cappuccino. A história da transferência da tradição do café como bebida para a Europa é apenas um exemplo.

Fotos do início do século XX de café da Palestina: (a) Um café na Palestina por volta de 1900; (b) O modo tradicional de moer café na Palestina por volta de 1905 (Fonte).

4.1. Café na Itália

Fontes históricas indicam que o café chegou à Europa por meio de ligações italianas. O comércio ativo entre Veneza e o Norte da África, Egito e o Oriente transportava produtos muçulmanos, incluindo café, para este importante porto europeu. Depois de descobrir o sabor do café, os mercadores venezianos se convenceram de seu potencial comercial e posteriormente embarcaram na importação depois de 1570. Como acontece com qualquer novo costume, os ricos foram os primeiros a se deliciar com essa bebida. Posteriormente, o café foi vendido nos mercados de Veneza; eventualmente tornando-se amplamente disponível para o público em geral. As primeiras cafeterias de Veneza foram abertas em 1645. Em 1763, Veneza tinha nada menos que 218 pontos de venda. Eventualmente, o café tornou-se objeto de comércio entre Veneza e Amalfi, Torino, Gênova, Milão, Florença e Roma, de onde foi transmitido para o resto da Europa.

Outra fonte de transmissão foram os escritos de viajantes e missões diplomáticas para o mundo muçulmano. Um exemplo deste último é Gian Francesco Morosini, um embaixador da República de Veneza junto ao Sultão Otomano, em 1582. Em um relatório de Istambul, ele descreveu como no Oriente (Turquia) havia alguns estabelecimentos comerciais onde o público costumava se reunir várias vezes ao dia com uma bebida quente e escura. Outra fonte revelou que Paduan Prospero Alpino, famoso botânico e médico italiano, trouxe consigo alguns sacos de café do Oriente (principalmente do Egito) e em sua História das Plantas Egípcias, publicada em Veneza em 1591, descreveu o cafeeiro e seu fruto que ele viu no jardim de um capitão dos janízaros [17].

Como muitos itens importados do mundo muçulmano, o café foi inicialmente rejeitado pelo establishment religioso. O Papa Clemente VIII (1536-1605) foi instado a proibir seu consumo. Conta-se a história que depois de prová-lo, o Papa o aprovou e abençoou [18]. Essa aprovação deu sinal verde para o consumo da bebida, abrindo as portas para que o café chegasse a todas as casas europeias.

4. 2. Café na Inglaterra

O interesse inglês pelo café (assim como pelos banhos turcos e pelas flores) surgiu no século 17, quando o Ocidente ficou fascinado com o estilo de vida próspero da Turquia. Os grãos de café vieram de Mokah no Mar Vermelho (Iêmen) importado pela East India Company e de Aleppo pela Levant Company. Sua associação inicial com a Inglaterra teve uso médico; um panfleto de duas páginas de “An Arabian Physician” (Dr. Edward Pococke) surgiu em Oxford em 1659 [19].

O primeiro café da Inglaterra data de 1650, embora o consumo de café tenha começado alguns anos antes. Burn [20] relatou que um estudante de Oxford chamado Nathaniel Conopius foi o primeiro a fazer a bebida de café para seu próprio uso enquanto permaneceu em Oxford. Sabe-se que ele deixou a Universidade de Oxford em 1648. Em relação à primeira cafeteria, Burn também o ligou a Oxford, com um empresário judeu chamado Jacob abrindo a primeira casa em 1650, no Angel na paróquia de São Pedro, East Oxford.

Segundo Darby [21], a introdução do café se deu por meio da rota turca. Ele relatou que um certo comerciante turco chamado Pasqua Rosee o trouxe pela primeira vez. Isso deve ter sido antes de 1650, data em que uma cafeteria chamada Pasqua Rosee’s Head, em homenagem ao comerciante turco, foi inaugurada em St Michael’s Alley, Cornhill e Londres. No entanto, Ellis [22] atrbiuiu isso depois de 1652, quando forneceu um relato detalhado sobre o Sr. Pasquae Rosee. Ele era um servo grego de um certo Sr. Edwards, um comerciante turco que o trouxe para Londres. O Sr. Pasquae sabia torrar e fazer café à maneira turca. Ele foi o primeiro a vender café em uma cafeteria em George-yard, Lombard-Street. Mais tarde, em 1658, outra cafeteria com o nome de “Sultaness Head” foi aberta em Cornhill; e por volta de 1700 havia cerca de 500 cafeterias em Londres [23].

As cafeterias ganharam popularidade notória na Grã-Bretanha no período entre os séculos XVII e XVIII. Essa popularidade pode ser vista nas volumosas obras da literatura, que tratam do assunto. Destas obras notáveis ​​pode-se concluir que as cafeterias eram utilizadas como espaço de lazer geralmente associado à leitura de jornais, jogos, fumar tabaco, bem como beber chá e café. Elas também foram locais para debates políticos e sociais dos temas importantes da época [24]. Devido a esta última função, as casas foram primeiro obrigadas a ser licenciadas por um regulamento de 1663. Posteriormente, em 1675, uma proclamação as descreveu como “seminários de sedição” e ordenou seu fechamento, apenas para reabrir alguns dias depois [25].

Miniatura de uma cafeteria otomana na Hungria (Fonte).

As cafeterias foram apelidadas de “penny universities”, descrevendo a visão social dessas instalações como centros de conhecimento, um sinal de que eram frequentadas por estudantes, acadêmicos, artistas e pessoas de talento. O penny [centavo] referia-se ao preço de uma xícara de café [26].

Outra característica associada aos cafés ingleses é a disseminação do uso de letreiros de inspiração muçulmana, geralmente representando a cabeça de um muçulmano, colocados do lado de fora das instalações para atrair clientes. Retratos e nomes como The Saracen’s Head, The Sultan’s Head ou The Turks Head [27] decoravam a maioria das ruas inglesas, mostrando o fascínio britânico pelos muçulmanos.

Relacionado a esse recurso que ilustra uma apreciação tão ampla está a emissão de fichas, que se espalhou particularmente no século XVII. Os tokens foram emitidos por empresas para combater a falta de moeda de pequena valoração. Embora não tenham surgido apenas para fins promocionais, estavam relacionados a ele. As fichas eram gravuras que representavam o sinal (logotipo) do café ou taverna com o retrato da figura ou nome muçulmano. Esses tokens foram vendidos para clientes fiéis que os coletaram. Algumas dessas placas ainda decoram a fachada de algumas tabernas e pousadas britânicas.

Três conjuntos árabes e turcos diferentes para café , incluindo recipientes, xícaras e bandejas decoradas.

4.3. Café na França

Antoine Galland, em seu livro De l’origine et du progrez du café [28], de 1699, aceitou a associação muçulmana com café, chá e chocolate. Ele relatou que Monsieur de la Croix, o intérprete do rei Luís XIV, o informou que um certo Sr. Thévenot, que tinha viajado pelo Oriente, trouxe café para Paris. Ao regressar a essa cidade em 1657, Thévenot utilizou os grãos que trouxera para consumo próprio e partilhou o café com os seus amigos, entre eles Monsieur de la Croix. La Croix confirmou que, desde então, continuou a beber comprando principalmente de mercadores armênios que se estabeleceram em Paris, e gradualmente estabeleceu sua popularidade naquela cidade. No entanto, o verdadeiro impulso para a difusão da bebida em Paris veio depois de 1669. Naquele ano, Paris recebeu Suleiman Agha, o embaixador do sultão Muhammed IV, que, com sua comitiva, trouxe uma quantidade considerável de grãos de café. Eles não apenas presentearam seus convidados franceses e europeus com a bebida de café, mas também ofereceram alguns grãos para a corte real. Durante sua estada (julho de 1669 a maio de 1670), o embaixador estabeleceu firmemente o hábito de beber café entre os parisienses. Dois anos depois, um armênio chamado Pafeal, abriu a primeira cafeteria em Paris, mas sem sucesso. Outros armênios e alguns persas tentaram a sorte, mas também sem muito sucesso. Por fim, alguns franceses abriram espaços amplos e elegantes, ornamentados com trabalhos de lustre, tapeçaria, vidros e bela decoração, vendendo café, com chá, chocolate e outros refrescos. Atraíram entre os ricos mercadores parisienses, gente da moda e homens de letras, e logo o número de cafés só em Paris ultrapassou trezentos.

O cappuccino é uma bebida italiana preparada com café espresso, leite quente e espuma de leite vaporizado. Diz-se que o cappuccino foi inventado pela mistura de café turco, deixado em Viena pelo exército turco derrotado, com creme e mel.

Galland traçou a primeira introdução do café na França em 1644, ano em que alguns franceses de Marselha, que haviam acompanhado Monsieur de la Haye a Constantinopla, trouxeram consigo não apenas um pouco de café, mas também os recipientes e aparelhos adequados para fazer e beber. Em 1671, foi inaugurado o primeiro café em Marselha, no Exchange District. A cafeteria foi um sucesso, ficando lotada principalmente de mercadores turocs e comerciantes do Levante, que a acharam muito conveniente para discutir e resolver questões relacionadas ao comércio. Este sucesso incentivou o aparecimento de outros cafés em Marselha, espalhando-se posteriormente por toda a França.

4,4. Café no resto da Europa

Depois da Itália, França e Inglaterra, o resto da Europa seguiu o exemplo e abraçou esta nova bebida. Na Alemanha, por exemplo, fontes indicam que Leonhard Rauwolf, um médico e botânico alemão que visitou o Levante em 1573, foi um dos primeiros europeus a mencionar o café em seu livro publicado em 1582 [29]. Rauwolf viu o café na Aleppo otomana e o chamou de chaube; ele foi seguido de perto por descrições de outros viajantes europeus. Em relação a Viena, fontes históricas fornecem um relato relacionado aos conflitos militares entre a Áustria e os otomanos. Após a derrota do Exército turco que sitiava Viena em 1683, deixou para trás sacos de grãos de café. Os exércitos europeus que defendiam a cidade, que incluíam exércitos alemães e poloneses, bem como muitos outros voluntários europeus, reivindicaram essa recompensa e a levaram para sua terra natal. No entanto, o primeiro café a surgir em Berlim data de cerca de 1720.

Um Kipferl, o precursor do croissant, um pequeno pão de trigo com sementes de papoula. Diz-se que o croissant foi inventado para celebrar a derrota do exército otomano em Viena.

Os holandeses conseguiram estabelecer grandes plantações de café em sua colônia de Java, na Indonésia. Embora não se saiba de onde eles obtiveram as sementes, pode-se imaginar que tenha sido de qualquer parte do sudeste asiático muçulmano e provavelmente da Índia. De Java, os holandeses dirigiram um negócio de sucesso, ao se tornarem importadores e distribuidores de grãos de café para a Europa. É relatado que a disseminação da plantação de café é atribuída aos holandeses. Eles deram ao rei Luís XIV da França uma árvore de café para seu Jardim Botânico Real de Paris, o Jardin des Plantes. No entanto, tal sugestão deve ser tratada com cautela, pois o rei Luís XIV também recebeu presentes de café do embaixador turco, conforme mencionado acima.

4.5. Café nas Américas

A introdução do café nas Américas é atribuída à França por meio da colonização de muitas partes do continente, começando pela Martinica e as colônias das Índias Ocidentais, onde foram fundadas as primeiras plantações de café francesas.

Gabriel de Clieu trouxe mudas de café para a Martinica, no Caribe, por volta de 1720. Elas floresceram e, 50 anos depois, havia 18.680 pés de café na Martinica, permitindo a disseminação do cultivo do café para o Haiti, México e outras ilhas do Mar do Caribe. O território de San Domingo viu o café cultivado a partir de 1734 e, em 1788, fornecia metade do café do mundo. As plantações coloniais francesas dependiam muito de trabalhadores escravos africanos. No entanto, as péssimas condições de trabalho dos escravos nas plantações de café foram um fator na revolução haitiana que se seguiria. A indústria do café nunca se recuperou totalmente [30].

Coffe Baum em relevo sobre a porta de um café em Leipzig mostrando uma representação escultural de um homem vestido com roupas de estilo turco recebendo uma xícara de café de um menino. O homem está sentado em frente a um cafeeiro. Café und Museum “Zum arabischen Coffe Baum”, Leipzig, Relief über dem Eingang. Foto tirada em dezembro de 2007 por Andreas Praefcke.

O café também chegou à ilha de La Réunion, no Oceano Índico. A planta produzia grãos menores e era considerada uma variedade diferente de Arábica, conhecida como Bourbon. O café Santos do Brasil e o café Oaxaca do México são a progênie dessa árvore Bourbon. Por volta de 1727, o Imperador do Brasil enviou Francisco de Mello Palheta à Guiné Francesa para obter sementes de café para iniciar o cultivo. Francisco inicialmente teve dificuldade em obter as sementes, mas cativou a esposa do governador francês e ela, por sua vez, enviou-lhe sementes e brotos suficientes para iniciar a indústria do café no Brasil. Em 1893, o café do Brasil foi introduzido no Quênia e na Tanzânia, não muito longe de seu local de origem na Etiópia, 600 anos antes, encerrando assim sua jornada transcontinental [31].

Embora o café tenha sido introduzido no Brasil por volta de 1727, seu cultivo não ganhou impulso até que o país alcançou a independência em 1822 [32]. Após este tempo, grandes extensões de floresta tropical foram desmatadas para plantações de café, primeiro nas proximidades do Rio e depois em São Paulo [33].

O cultivo foi adotado por muitos países da América Central na segunda metade do século XIX, e quase todos envolveram o deslocamento e a exploração dos povos indígenas em grande escala. As duras condições levaram a muitos levantes, golpes e supressão sangrenta dos camponeses [34]. A exceção notável foi a Costa Rica, onde a falta de mão de obra à disposição impediu a formação de grandes fazendas. Fazendas menores e condições mais igualitárias amenizaram a agitação durante os séculos XIX e XX [35].

5. Do café turco ao cappuccino e croissant

O consumo de café na Europa era amplamente baseado no método tradicional muçulmano de preparação da bebida. Isso consistia em ferver a mistura de pó de café torrado, açúcar e água. Porém, em 1683, foi inventada uma nova forma de preparar e beber café. O nome “cappuccino” vem da comunidade religiosa dos frades capuchinhos, podendo referir-se à cor dos seus hábitos ou ao aspecto da cabeça tonsurada (branca), rodeada por um anel de cabelos castanhos. O café Cappuccino foi inspirado por um certo Marco d’Aviano, um padre da ordem monástica capuchinha, que foi enviado para reunir católicos e protestantes contra os turcos na véspera da Batalha de Viena em 1683. A lenda conta que após a vitória dos europeus, os vienenses faziam café com os sacos abandonados de café turco.

Achando-o muito forte para seu paladar, eles o misturaram com creme e mel [36]. Isso fez o café ficar marrom, lembrando a cor das vestes dos Capuchinhos. Os vienenses nomearam-no cappuccino em homenagem à ordem de Marco d’Aviano. Desde então, o Cappuccino é bebido por seu sabor agradável, embora originalmente também fosse bebido para comemorar a vitória europeia sobre os otomanos.

Outro item simbólico associado ao café é a massa de croissant, frequentemente consumida no café da manhã. A cultura popular conta que sua invenção remonta a 1686. Os padeiros húngaros fizeram um bolo em forma de meia-lua, referindo-se aos crescentes nas bandeiras turcas, para celebrar e depois comemorar a derrota do exército otomano. Esta versão da origem do croissant é apoiada pelo fato de que os croissants em francês são chamados de Viennoiserie, e pela crença popular francesa de que Maria Antonieta, nascida em Viena, introduziu a pastelaria na França em 1770 [37].

Capas de três livros recentes sobre a história do café e seu uso social: (a) Coffee and Coffeehouses, de Ralph S. Hattox (University of Washington Press, 2000); (b) Uncommon Grounds: The History of Coffee and How it Transformed Our World, de Mark Pendergrast (Basic Books, 2000); e (c) Coffee and Coffee Houses, de Ulla Heise (Schiffer Publishing, 1997).

6. Conclusão

Foi demonstrado no longo relato histórico que nos trouxe do século X ao XVIII, do Iêmen ao coração das principais cidades europeias, que a influência da civilização muçulmana se estendeu além da ciência, tecnologia, arte e arquitetura para as tradições europeias de alimentação e bebidas. A história de como o café (e o cappuccino) e as cafeterias chegaram à Itália, França, Inglaterra e ao resto da Europa é apenas um exemplo entre muitos. A história do café e as complexidades de seu contexto social e cultural é um exemplo informativo para a história transcultural entre o mundo do Islã e seus vizinhos, especialmente o continente europeu.

Da África Oriental, o café se espalhou para o Egito e o Iêmen. A mais antiga evidência confiável a respeito de beber café ou conhecer a árvore do café aparece em meados do século XV nos mosteiros sufistas do Iêmen, onde os grãos de café foram torrados e fermentados pela primeira vez, de maneira semelhante à forma como o café é agora preparado. No século XVI, ele chegou ao resto do Oriente Médio, Pérsia, Turquia e norte da África. Do mundo muçulmano, o café se espalhou para a Itália e para o resto da Europa, para a Indonésia e para as Américas.

Notas

[1] Hattox, R.S. (1988), Coffee and Coffeehouses: The Origins of a Social Beverage in the Medieval Near East, Seattle and London: University of Washington Press.

[2] ‘Abd al-Hayy ibn Ahmad ibn al-‘Imad (1623-1679), Shadharat al-dhahab fi akhbar man dhahab li-‘l-mu’arrikh Abi al-Fallah, Cairo: Maktabat al-Quds, 1931, vol. 8, p. 40 (cited in Hattox 1988, op. cit.)

[3] Hattox, op. cit, p. 18.

[4] See ibid, chapter 2, pp. 11-28.

[5] Ellis, John (1774), An Historical Account of Coffee with an Engraving, and Botanical Description of the Tree : To Which Are Added Sundry Papers Relative to Its Culture and Use, as an Article of Diet and of Commerce, Printed for Edward and Charles Dilly, London.

[6] Salâh Birsel (1975), Kahveler kitab, Koza Yaynlar, Istanbul. The translation of some parts of this work is credited to Coskun Yorulmaz.

[7] J. Sweetman (1987), The Oriental Obsession: Islamic Inspiration in British and American Art, Cambridge: Cambridge University Press, coll. “Cambridge studies in the history of art”.

[8] See Al-Razi, Manafi’ al-Aghdhiya, Al-Dar Al-ahliya li-‘l-‘ulum, Beirut, 1982, p. 74; and Eric Hansen, Yemen’s Well-Travelled Bean, Saudi Aramco World, September/October 1997, pp. 2-9.

[9] William H. Ukers (1935), All About Coffee, The Tea & Coffee Trade Journal Company, New York, 2nd edition.

[10] Abd-al-Qadir ibn Muhammed al-Ansari al-Jaziri al-Hanbali (ca. 1558), ‘Umdat al-Safwa fi hill al-qahwa, 1826 ed. by A.I.S. De Sacy, Chrestomathie arabe, Paris, 3 vols., 2nd edition. O trabalho manuscrito de Al-Jaziri também é de considerável interesse no que diz respeito à história do café na Europa. Uma cópia chegou à biblioteca real francesa, onde foi traduzida em parte por Antoine Galland as De l’origine et du progrès du Café (Paris, 1699; recently reissued (Paris: Editions La Bibliothèque, 1992). See also Dufour, Traitez nouveaux et curieux du café, du thé et du chocolat (Lyon, 1684).

[11] Ibid, vol. 1, pp. 147-48.

[12] [Wikipedia], Turkish coffee (accessed 7 July 2010).

[13] See Social History of Turkish Coffee (accessed 7 July 2010).

[14] [Turkishcoffeeworld.com], History of coffee (accessed 7 July 2010). Para um estudo detalhado da cafeteria na Turquia, e especialmente em Istambul, consulte Ahmet Yasar, The Coffeehouses in Early Modern Istanbul: Public Space, Sociability and Surveillance. Dissertação apresentada ao Instituto de Pós-Graduação em Ciências Sociais em satisfação parcial dos requisitos para o grau de Mestre em História da Universidade Boǧaziçi, Istambul, 2003. [Resumo: Esta tese visa examinar a experiência urbana à luz do uso do espaço público e a vigilância sobre ele no contexto do início da Istambul moderna. Em particular, enfoca a cafeteria como um novo espaço público na cena urbana e como espaço para as formas teatrais de sociabilidade, e também como zona de confronto entre autoridade e sujeitos. Argumenta que a cafeteria criou um domínio público viável para o homem adulto, por sua clientela heterogênea, tipos de expressão teatrais, zombaria política e discurso político popular].

[15] Quoted in Cemal Kafadar, “A History of Coffee“, Economic History Congress XIII (Buenos Aires, 2002).

[16] Adaptado de [Wikipedia], Turkish coffee, op. cit. Para mais fontes sobre o café turco e a história otomana do café: Turkish Coffee – A Historical Background; Turkish Coffee Articles about its History & CultureCoffee’s Historical Journey – Kurukahveci Mehmet EfendiSocial History of Turkish CoffeeFrom Mythology to History – Turkish Coffee. See also Turkish Coffee during Ottoman Empire Era onde você poderá aprender mais sobre a história do café durante o período otomano, e Turkish Coffee Dictionary, um projeto em andamento desenvolvido com o objetivo de criar o primeiro e maior Dicionário de Café Turco online.

[17] See Ellis John (1774), op. cit.

[18] Arnold, N and Patel, V(1993) ‘O café é uma das nossas bebidas favoritas. Descubra onde é cultivado e como chegou a este país’, The Guardian Education, September 7, 1993.

[19] See Samuel C. Chew (1974), The Crescent and the Rose, Oxford University Press, New York, pp. 184-185.

[20] J.H. Burn (1855), A Descriptive Catalogue of the London Traders, Tavern, and Coffee-house Token, Arthur Taylor, London, 2nd edition, pp. 109-110.

[21] M. Darby (1983), The Islamic Perspective: An Aspect of British Architecture and Design in the 19th Century, Leighton House Gallery, London.

[22] John Ellis (1774), op.cit.

[23] Sweetman (1987), op. cit., p. 49.

[24] John E. Willis Jr. (1993), “European Consumption and Asian Production”, Consumption and the World of Goods, edited by John Brewer and Roy Porter, Routledge, London, 133-147; p. 133.

[25] Burn (1855), op, cit. p. 109.

[26] Aytoun Ellis (1956), The Penny Universities: A History of the Coffee-houses, Secker & Warburg, London.

[27] Other examples include Sultan Solyman’s Head in Aldersgate Street (London, 1666), Sultan Morat’s head in Barbican (London after 1666), and Turk’s Head in Chacery Lane (London 17th century). For more details, see Burn 1855, op. cit.

[28] Antoine Galland (1699), De l’origine et du progrez du café, Édition originale J. Cavelier Paris: La Bibliothèque, 1992 (coll. L’Écrivain Voyageur).

[29] W. H. Ukers, All About Coffee, op. cit., p. 2.

[30] Mark Pendergrast, Uncommon Grounds: The History of Coffee and How it Transformed Our World, Basic Books, 2000, p. 16.

[31] Kenneth Davids, Coffee: A Guide to Buying, Brewing, and Enjoying, New York, St. Martin’s Press, 2001, p. 13.

[32] M. Pendergrast, Uncommon Grounds, op. cit., p. 19.

[33] Ibid, pp. 20-24.

[34] Ibid, pp. 33-34.

[35] Ibid, pp. 35-36.

[36] Ibid, p. 10 and Simon Millar, Vienna 1683, Osprey Publishing, 2008, p. 93; quoted in [Wikipedia], Battle of Vienna.

[37] [Wikipedia], Croissant.

Referências

Abd-al-Qadir ibn Muhammed al-Ansari al-Jaziri al-Hanbali (circa 1558), ‘Umdat al-Safwa fi hill al-qahwa, 1826 edition by Sylvestre de Stacy in Chrestomathie arabe, 2nd edition, 3 vols., Paris.

Arnold, N. and Patel, V. (1993), “Coffee is one of our favourite drinks. Find out where it is grown and how it first came to this country”, The Guardian Education, September 7, 1993.

Birsel, Salâh. (1975), Kahveler kitab. Istanbul : Koza Yayinlari, 1975 (Olaylar-belgeler-anilar ; 8).

Burn, J.H. (1855), A Descriptive Catalogue of the London Traders, Tavern and Coffee-house Token, Arthur Taylor, London, 2nd edition.

Chew, Samuel C. (1974), The Crescent ad the Rose, Oxford University Press, New York.

Darby, M. (1983), The Islamic Perspective, An Aspect of British Architecture and Design in the 19th Century, Leighton House Gallery, London.

Ellis, Aytoun (1956), The Penny Universities: A History of the Coffee-houses, Secker & Warburg, London.

Ellis, John (1774), An Historical Account of Coffee with an Engraving, and Botanical Description of the Tree: To Which Are Added Sundry Papers Related to Its Culture and Use, as an Article of Diet and of Commerce. Printed for Edward and Charles Dilly, London.

Galland, Antoine (1699), De l’origine et du progrez du café, Édition originale par J. Cavelier, La Bibliothèque; reprint coll. L’Écrivain Voyageur, Paris, 1992.

Hattox, R. S. (1988), Coffee and Coffeehouses: The Origins of a Social Beverage in the Medieval Near East, University of Washington Press, Seattle and London.

Ibn al-‘Imad, ‘Abd al-Hayy ibn Ahmad, (1623-1679), Shadharat al-dhahab fi akhbar man dhahab li-‘l-mu’arrikh Abi al-Fallah, Maktabat al-Quds, Cairo, 1931.

Sweetman, J. (1987), The Oriental Obsession: Islamic inspiration in British and American Art, Cambridge University Press, Cambridge. (Cambridge studies in the history of art).

Ukers, William H. (1935), All About Coffee, The Tea & Coffee Trade Journal Company, New York, 2nd edition.

Willis, John E. Jr. (1993), “European Consumption and Asian Production,” Consumption and the World of Goods, edited by John Brewer and Roy Porter, Routledge, London, pp. 133-147

Para ampliar

Akyazici Özkoçak, Selma, “Coffehouses: Rethinking the Public and Private in Early Modern Istanbul”, Journal of Urban History, vol. 33, No. 6, 2007, pp. 965-986. [Read online here).

Al-Arnaout, Muhammad M., Mudakhalat ‘arabiya balqaniya fi al-tarikh al-wasit wa-‘l-hadith [Arabian and Balkanic connections in medieval and modern history], Damascus: Publications of the Union of Arab Writers, 2000. See chapter 2: Min al-tarikh al-thaqafi li-l-qahwa min al-Yaman ila al-Busna [About the cultural history of coffee from Yemen to Bosnia], online version here.

Isin, Ekrem, “A Social History of Coffee and Coffeehouses,” Selahattin Özpalabiyiklar (ed.), Coffee, Pleasures Hidden in A Bean, Istanbul: Yapi Kredi Yayinlari, 2001.

Kafadar, Cemal, A History of CoffeeThe XIIIth Congress of the International Economic History Association (IEHA), Buenos Aires, 22-26 July 2002, Session 64: “Commodities: understanding the global economy through the history of things, 1000-2000 CE” (see Introduction to session 64 by Sven Beckert and Cemal Kafadar).

Law, William, The History of Coffee, including a chapter on chicory, London, 1850.

Markman, Ellis, The Coffee House: A Cultural History. Orion Publishing, 2004, Hardcover.

Milton, Ed. S., Coffee: A Cultural History from Around the World (Astonishing Facts About” Series), Astrolog Publishing House; illustrated edition edition, 2003, Paperback.

[Turkishcofee.com], Social History of Turkish Coffee (retrieved 12.05.1020).

Pendergrast, Mark (2001) [1999]. Uncommon Grounds: The History of Coffee and How It Transformed Our World. London: Texere.

Yasar, Ahmet Osmanli Kahvehaneleri: Mekan, Sosyallesme, İktidar, İstanbul: Kitap Yayinevi, 2009.

[Video Documentary Film], The History of Coffee (Part1)The History of Coffee (Part 2)The history of Coffee (Part 3)The History of coffee (Part 4)The History of Coffee (Part 5). [Part 2 is about the the discovery of coffee in the Muslim world and its social history).

Weinberg, Bennett Alan; Bealer, Bonnie K., The World of Caffeine: The Science and Culture of the World’s Most Popular Drug, Routledge, 2002.

[Wikipedia], History of Coffee (retrieved 12.05.2010).

Fonte: Muslim Heritage