A “Reconquista” Castelhana, a Expansão Otomana e a Cristianização de al-Andalus
20/11/2024Desde sua conquista inicial por exércitos árabes e berberes em 711-715, a maior parte da Península Ibérica (Espanha e Portugal moderno) ficou sob controle político omíada entre 756 e 1031 [1]. Após o colapso do Califado Omíada de Córdoba em 1031, no entanto, al-Andalus, as porções governadas pelos muçulmanos da Ibéria, se desintegraram em mais de doze emirados, conhecidos como taifas [2].
Esta fragmentação e enfraquecimento da autoridade política muçulmana facilitou a ascensão das potências cristãs do norte de Portugal, Navarra, Castela, Leão e Aragão. Tentativas de dinastias locais (andaluzas) e estrangeiras (almorávida, almóada e merínida “berberes”) de resistir à expansão ao sul destes reinos cristãs fracassou em última instância, e a Batalha de Las Navas de Tolosa em 1212, que terminou numa tremenda derrota nas mãos de uma coalizão cristã, selou o destino da maior parte de al-Andalus [3]. Começando no século XI, Castela e Aragão, em particular, capitalizaram sobre o colapso do Califado de Córdoba e tiveram sucesso na conquista de grandes cidades andaluzas, como Toledo em 1085, Zaragoza em 1118, Lisboa em 1147, Cuenca em 1177, Maiorca e Badajoz em 1230, Córdoba em 1236, Valência em 1238, Jaén em 1246 e Sevilha em 1248, Algeciras em 1344, Antequera em 1410 e Gibraltar em 1462 [4].
Este processo de gradual expansão dos reinos cristãos às custas de al-Andalus foi chamada de Reconquista pela historiografia espanhola, um termo que se refere especificamente ao esforço religioso e político dos reinos cristãos em expulsar o Islã da Península Ibérica e um conceito que muito influenciou o mito fundacional nacional da Espanha Cristã como herdeira da herança visigótica e romana da Ibéria, evocando uma continuidade entre o passado pré-islâmico e pós-islâmico da Península [5]. Já no final do século XI, e certamente por volta do XIII, com a conquista da maior parte de al-Andalus, a Reconquista assumiu muitas características de uma cruzada, que muito informou as campanhas políticas e militares contra os andaluzes, e forneceram a estrutura básica de legitimação para o avanço dos reinos cristãos em direção ao sul [6]. De qualquer forma, apesar da sanção papal oficial da Reconquista como uma cruzada, a retórica religiosa e a humilhação pública do Islã, manifestada na ocasional reconsagração de mesquitas em igrejas, não houve tentativa compreensiva de eliminar o Islã (ou o Judaísmo) enquanto religião da Península Ibérica antes do século XV [7].
Os mudéjares fazem uma petição ao rei Jaime I de Aragão para construir uma mesquita, Cantigas de Santa Maria, séc. XIII.
Na verdade, grandes comunidades de muçulmanos – conhecidos como mudéjares – existiram sob domínio cristão, acomodados sob um arranjo similar àquele que existiu durante o período do domínio islâmico, embora os papeis estivessem invertidos, com os muçulmanos subordinados aos cristãos e pagando um imposto aos seus novos senhores cristãos. A este ponto, é importante sublinhar que, apesar de a retórica e a narrativa da “Reconquista” ter sido, certamente, um aspecto importante da ideologia dinástica oficial na Ibéria Medieval, a realidade política e cultural era muito mais complexa. Estruturas como a “Reconquista” (ou “convivencia” neste caso) precisam ser entendidas como construções fortemente ideológicas que buscavam fazer amplas afirmações sobre a natureza das relações sociais, culturais e políticas na história medieval ibérica. Assim, elas ajudam a lançar luz sobre como certos estudiosos ao longo da história buscaram representar os eventos em questão, mas, em última instância, possuem utilidade limitada para entender a realidade histórica. Alianças entre soberanos muçulmanos e cristãos, o serviço de muçulmanos locais em exércitos cristãos e cristãos mercenários em exércitos muçulmanos, o emprego de judeus e cristãos na administração dos governantes andaluzes, tudo enfraquece a narrativa da Reconquista como um paradigma útil para entender a realidade histórica da Ibéria Medieval. Similarmente, a perseguição esporádica de comunidades minoritárias, as estruturas confessionais do poder político e a continuada importância da retórica da jihad e da cruzada são fatos importantes que também enfraquecem a utilidade da “convivencia” como uma estrutura precisa para explicar os desenvolvimentos políticos, sociais e religiosos na Ibéria Medieval.
Forças muçulmanas e cristãs marchando sob a Bandeira da Virgem Maria, Cantigas de Santa Maria, Século XIII.
Em 1248, o Reino de Granada, governado pela dinastia nacérida, era a última entidade muçulmana independente existente na Península Ibérica [8]. Apesar de permanecer inconquistada, a posição de Granada em relação ao Reino de Castela era, em grande parte, a de um reino cliente, na qual os nacéridas pagavam um tributo à Coroa de Castela em troca de relações pacíficas e uma certa quantidade de soberania. Ao longo dos séculos XIII e XIV, apesar da ameaça merínidas do Norte da África, que diminuiu após 1340, e de surtos esporádicos de conflitos e escaramuças fronteiriças que levaram à conquista e anexação de cidades andaluzas estrategicamente importantes, o status quo permaneceu em vigor, com Granada como vassala de fato de Castela [9]. Embora não fosse ameaçada militarmente pelo Reino de Granada, os reinos cristãos se sentiam desconfortáveis com a contínua existência de uma entidade muçulmana independente em solo ibérico, pois isso encorajava os mudéjares que viviam sob seu domínio, como evidenciado nas rebeliões muçulmanas em Murcia e Andalusia em 1264-66, e por fornecer um refúgio para rebeldes e apóstatas do cristianismo [10]. Além disso, as incursões muitas vezes destrutivas lançadas pelo Reino de Granada na Andaluzia tornaram tal arranjo estrategicamente insustentável e ideologicamente inaceitável para a Espanha Cristã a longo prazo. Assim, apesar da calmaria nas atividades militares cristãs contra os muçulmanos na Península entre o final do século XIII e o início do século XV, Granada sempre permaneceu como objeto de qualquer possível cruzada ibérica [11]. Às vezes, no entanto, Granada gozava de relações particularmente próximas com os soberanos de Castela, como no caso da aliança entre Pedro I (r. 1350-1369) e Muhammad V (r. 1354-1359, 1362-1391), um fato que enfraquece ainda mais a narrativa da “Reconquista” da história ibérica.
Alhambra, a residência real dos emires nacéridas de Granada
No fim do século XV havia importantes transformações políticas dentro da Espanha que tiveram consequências significativas para a sobrevivência do Reino de Granada. Um dos principais fatores que permitiram que a Granada Nacérida existisse por quase 250 anos foi a luta interna entre os reinos cristãos da Ibéria. Em 1469, com a unificação dos reinos de Leão, Castela e Aragão – realizada com o casamento de Isabel e Fernando, os Reis Católicos – e o estabelecimento da paz entre Portugal e Castela em 1479, as divisões entre as várias potências cristãs ibéricas se encerrou [12].
Apesar da perspectiva religiosa e militante dos novos monarcas da Espanha, essa unidade apresentou uma oportunidade histórica para a Coroa de Castela finalmente voltar sua atenção para a conquista de Granada. Na verdade, a unificação dos reinos cristãos levou a novos chamados por uma cruzada contra Granada em Castela, descrito por contemporâneos como uma “guerra muito justa, muito santa, muito digna”, para que “os pagãos e as nações bárbaras e os infiéis se convertessem à fé ou fossem destruídos” [13]. Uma incursão feita pelo emir nacérida, Abul Hasan Ali (r. 1464-1482, 1483-1485) na cidade cristã de Zahara em território castelhano em 1481 – um pouco após a tomada otomana de Otranto, no sul da Itália – deram o pretexto imediato para a realização deste objetivo final, e desencadeou uma longa e brutal guerra entre a Coroa de Castela e a Granada Nacérida [14]. Apesar de possuir uma dimensão religiosa no começo, após a escalada do conflito com a tomada cristã da estratégica cidade de Alhama em 1482, a guerra contra Granada foi oficialmente transformada num confronto religioso na tradição da Reconqusita, com o papado sancionando o ataque contra os nacéridas como uma cruzada [15]. Nos anos seguintes, Castela teve sucesso em capturar várias outras importantes fortalezas nacéridas, incluindo Ronda (1485), Loja (1486), Málaga (1487), Vera (1488), Guadix (1489), Baza (1489) e Almeria (1489) antes de sitiar Granada em 1491 [16].
Um exemplo de uma Bula de Cruzada emitida pelo Papa Nicolau V em 1454.
Apesar de a declaração do conflito como uma cruzada ser dificilmente uma nova característica da guerra granadina, a retórica crescentemente militante e a interconexão específica entre a conquista e a conversão forçada era um desenvolvimento relativamente recente na história da Ibéria Medieval. O que explica essa mudança da acomodação pragmática para a linguagem do extermínio? Talvez, os fatores contribuintes mais importantes foram as tensões elevadas entre a Cristandade e o Mundo Islâmico após a conquista de Constantinopla (1453) e os avanços otomanos seguintes nos Bálcãs e no Mediterrâneo no século XV.
Em vez de ver a complexa série de eventos entre 1480 e 1501 como um mero assunto local castelhano-nacérida, é importante inserir estes dois desenvolvimentos em dois contextos interrelacionados mais amplos. O primeiro é o contexto histórico imediato da conquista territorial cristã em al-Andalus descrita acima. O outro contexto que precisa ser apreciado são aqueles desenvolvimentos mais amplos e transformações ocorridas na Cristandade e no Mediterrâneo durante o século XV. Um dos eventos mais importantes que estremeceram as fundações da Cristandade ocorreu em 29 de maio de 1453, quando o sultão otomano Mehmed II (r. 1451-1481) conquistou e pilhou Constantinopla, capital do Império Bizantino. A conquista de Constantinopla teve um tremendo impacto tanto no sultanato otomano, que se transformou num estado imperial com aspirações de longo alcance e reivindicações de legitimidade, e na Europa Cristã. A maioria dos cristãos latinos viram a queda de Constantinopla como um golpe devastador à Cristandade e como um evento mais temeroso que a queda do último reduto cruzado de Acre em 1291. Não só a significância simbólica e religiosa da cidade ressoou profundamente em muitos cristãos, mas sua captura por uma forte potência islâmica expansionista provocou ansiedade na Europa. Quase que imediatamente houveram pedidos por cruzadas contra os otomanos.
Fortaleza de Otranto
Apesar de iniciativas similares tiverem sido organizadas pelo papado e derrotadas pelos turcos, primeiro em Nicópolis em 1396 e então em Varna em 1444, havia um maior senso de urgência associado às cruzadas pós-1453. Temores da extensão do poder otomano na Europa Cristã se confirmaram quando Mehmed II sitiou Belgrado (sem sucesso) em 1456, Negroponte (com sucesso) em 1470, Rodes (sem sucesso) em 1480 e, mais alarmante, lançou um ataque à Península Italiana, capturando Otranto em 1480. Otranto era vista por muitos cristãos, e pelo próprio Império Otomano, como uma posição estratégica através da qual a Itália, e Roma, seriam eventualmente conquistadas. O ímpeto militante e expansionista dos otomanos era uma das forças motrizes mais importantes por trás das conquistas de Mehmed na Itália, nos Bálcãs, no Mar Negro e no Mediterrâneo. Esta rápida expansão muçulmana no sudeste europeu ameaçou a Cristandade militarmente e religiosamente, e pressionou os estados católicos a enfrentarem a ameaça turca que emanava do Oriente.
Página de título da tradução castelhana de “Tirant lo Blanc”, um épico aragonês neocruzado do final do século XV, por volta de 1511.
Como resposta ao desafio militar otomano, havia um renascimento social, político e religioso do ethos cruzadístico no final do século XV na Cristandade Latina, que foi especialmente notável na Ibéria com o estabelecimento da Inquisição (1478), a finalização da conquista de Granada (1492) e a conversão em massa dos muçulmanos de Castela (1502). No cerne desta transformação religiosa estava o impulso para o estabelecimento de uma sociedade e reino exclusivamente cristão católico no qual muçulmanos (e judeus) não poderiam ser acomodados. O saque do bairro mudéjar de Valência em 1455, pouco depois da queda de Constantinopla, é indicativo de uma mudança nas mentes de muitos cristãos ibéricos, que viam, cada vez mais, o conflito com o Islã tomar “novas proporções cósmicas” [17]. Isto levou ao desenvolvimento de uma consciência na Espanha de um senso de missão para redimir a Cristandade e eliminar o Islã na Ibéria, derrotando os otomanos e, eventualmente, reconquistando Jerusalém para a Cristandade [18]. Além dos eventos em Valência em 1455, este sentimento antimuçulmano era mais pronunciado no Reino de Castela que na Coroa de Aragão. Este foi essencialmente nutrido pela queda de Constantinopla, pela conquista otomana de Otranto e pela ascensão dos Reis Católicos, e se manifestou primariamente na cruzada contra Granada entre 1482 e 1492 e com as conversões forçadas de muçulmanos andalusos em 1501-1502.
Para os Reis Católicos, o conflito com os nacéridas e a guerra contra os turcos otomanos eram parte de uma luta maior contra a ressurgente ameaça islâmica [19]. Outros na Cristandade Latina compartilhavam esta perspectiva, como fica claro na declaração de cruzada contra Granada do Papa Sisto IV em 1482, que fez uma referência explicita aos otomanos, fazendo um paralelo direto entre os muçulmanos andalusos da Ibéria e os turcos do Oriente. O desembarque do general otomano Gedik Ahmet Pasha (m. 1482) em Otranto no sul da Itália governado pelos aragoneses em 1480 destacou a proximidade da ameaça otomana para muitos cristãos ibéricos, e a progressão da guerra contra Granada tornou-se inextricavelmente ligada à reconquista de Otranto em 1481. Isto gerou uma concepção na cristandade ibérica de um senso de missão para combater ativamente a dupla ameaça “moura” e “turca” que era percebida como ameaçadora à existência da Europa Cristã. Assim, Fernando e Isabel desempenharam um papel mais ativo no encorajamento, na organização e participação de atividades contra os turcos no Mediterrâneo, como evidenciado pelo seu suporte logístico aos Cavaleiros de São João em Rodes em 1480, pela assistência dada a Malta em 1488 e, mais significativamente, a conquista da ilha de Cefalônia dos otomanos pelo general castelhano Gonzalo Fernández de Córdoba em 1500 [20]. A crescente invasão otomana no Mediterrâneo após 1480 levou à Coroa de Castela e Aragão a verem o Reino Nacérida de Granada como uma potencial plataforma de lançamento para qualquer possível invasão muçulmana da Península Ibérica [21].
Esta perspectiva influenciou a visão espanhola dos séculos XV e XVI sobre os muçulmanos andaluzes, especificamente aqueles em Granada e Valência, como “quintas colunas” que eram aliados potenciais do Império Otomano ou corsários norte-africanos que periodicamente atacavam as costas de Castela e Aragão [22]. Este medo não era infundado, pois além dos apelos explícitos enviados de Granada a Constantinopla em 1486 e 1501, havia relatos em circulação desde os anos 1480 de ligações entre os mudéjares de Valência e os turcos otomanos, que pareciam prestes a lançar uma invasão à Península Ibérica com a ajuda dos andaluzes que ali residiam [23]. Apesar de a validade de tais relatos ser questionável, fica claro que os muçulmanos das regiões costeiras da Espanha eram uma grande preocupação de segurança para os Reis Católicos porque havia laços estreitos, até mesmo coordenação, entre muçulmanos na Ibéria e os otomanos no Norte da África ao longo do século XVI, e foi um problema que continuou a preocupar os reis espanhóis até a expulsão final dos mouriscos em 1609-1614 [24]. Claro, esta expulsão criou um problema completamente diferente na forma dos Corsários da Berbéria, mas esta é outra história.
A conquista cristã da cidade de Granada foi finalmente concluída em 1492 e, apesar da elevada retórica da cruzada, foi conquistada sobretudo através de meios pacíficos, através de tratado e capitulação, em vez da violência [25]. No entanto, isto não diminuiu a significância religiosa e ideológica da conquista, que foi vista como redentora para a cristandade e descrita como uma vitória divinamente inspirada sobre “os inimigos da sagrada fé católica” [26]. Para muçulmanos contemporâneos, foi interpretada como um “dos grandes desastres a recair sobre o Islã” [27]. Os generosos termos da rendição, ou capitulações, entre os granadinos e os castelhanos estipularam que os hispano-muçulmanos poderiam manter sua fé e seus costumes desde que pagassem a taxa concordada e parassem de ameaçar a Coroa de Castela [28]. Dessa forma, não havia nada particularmente novo sobre a Conquista de Granada; por séculos, cidades muçulmanas e regiões na Ibéria capitularam sob termos similares, resultando na emergência de uma nova “classe” conhecida como mudéjares, muçulmanos que viviam sob domínio cristão [29]. Tanto a Coroa de Aragão quanto a Coroa de Castela eram lar de grandes populações de mudéjares, que praticavam sua fé abertamente e coexistiam com relativa paz com os cristãos castelhanos e catalães [30].
Rendição de Granada, 2 de janeiro de 1492.
A Partida da Família de Muhammad XII da Alhambra após a rendição de Granada, Manuel Goméz-Moreno, 1880.
Pouco depois da conquista de Granada, entretanto, o pragmatismo político e o proselitismo pacífico deram lugar ao milenarismo cristão e as relações entre os conquistadores castelhanos e os granadinos locais começaram a se deteriorar. Apesar de a razão para esta mudança ter sido objeto de muita discussão acadêmica, nenhum consenso claro emergiu. O debate destacou várias tendências políticas, religiosas e ideológicas em voga na Espanha, sobretudo entre a elite dominante em particular, no final do século XV, para localizar a causa específica da reversão da política de tolerância para com os judeus e muçulmanos de Castela. Embora atribuam importância variável a diferentes tendências, a maioria dos estudiosos sugeriu que um fator importante na mudança em direção à cristianização militante em Granada foi a crescente influência do arcebispo de Toledo, o cardeal Francisco Jiménez de Cisneros, na corte real [31].
Pintura de Francisco Jiménez de Cisneros.
Pedro Mártir de Anglería (m. 1526), um membro da corte espanhola e contemporâneo de Cisneros, escreveu que “este [Cisneros] foi o homem por cujo conselho a Espanha é agora governada. Por causa de seu vívido intelecto, sua gravidade e sabedoria, e sua santidade... ele tem tamanha autoridade perante [os Reis Católicos], como nenhum outro antes teve”, assim demonstrando a importância do arcebispo [32]. Em verdade, o poder e a influência de Cisneros parece ter crescido apenas após 1492, quando foi apontado como confessor da Rainha Isabel [33]. Diferentemente de seu contemporâneo Hernando de Talavera, o arcebispo de Granada, que defendia uma pregação pacífica e relativa acomodação em relação aos hispano-muçulmanos de Granada, Cisneros visava uma Espanha puramente cristã, que deveria defender e disseminar a fé católica tanto em casa, quanto no além-mar, e para realizar este objetivo, Cisneros estava preparado para usar força extrema para assimilar e eliminar as comunidades judaicas e muçulmanas da Ibéria [34].
Hernando de Talavera
A primeira manifestação desta política agressiva foi o Édito de Expulsão em março de 1492, dirigido aos muçulmanos, que receberam o ultimato da conversão ao cristianismo ou expulsão da Espanha [35]. Logo ocorreu aos granadinos que tanto as autoridades eclesiásticas quanto as autoridades reais castelhanas eram despreparadas para honrar os Acordos de Capitulação adequadamente [36].
Édito de Expulsão, março de 1492.
Após a expulsão dos judeus, imensa pressão foi posta sobre os muçulmanos para que se convertessem ao Cristianismo, especialmente após a checada de Jiménez de Cisneros em Granada e seus direitos, como preservados nas Capitulações, foram grosseiramente violados [37]. No vizinho Reino de Portugal, os muçulmanos (e judeus) já tinham sido forçadamente cristianizados em 1497, desenvolvimentos que foram vistos com alarme pelos hispanos-muçulmanos de Granada [38]. Os Acordos de Capitulação foram regularmente violados pelas autoridades castelhanas e uma imensa pressão foi colocada sobre os granadinos para que adotassem o Cristianismo [39]. Em 1498, chegou-se a um acordo para partir a cidade de Granada em distintas seções muçulmanas e cristãs, traduzindo o conflito comunitário em arranjos espaciais [40]. A abordagem enérgica e pesada do Cardeal Cisneros à conversão, suas fogueiras públicas de textos religiosos muçulmanos e seu uso de táticas questionáveis para converter mesquitas em igrejas e muçulmanos em cristãos eram todas vistas como violações das Capitulações de 1492 pelos granadinos [41].
A encenação de batismos em massa (muitas vezes forçados), a profanação de seus locais de culto, a queima de seus textos religiosos e outras ações hostis contra eles provocou uma rebelião dos muçulmanos granadinos em 1499, uma insurreição que logo se espalhou para além da própria cidade e envolveu todo o antigo reino nacérida [42]. Estre levante foi efetivamente e violentamente suprimido, os Acordos de Capitulação anulados e decretos de conversão promulgados em 1501 que forçaram todos os muçulmanos em Granada a se converterem ao cristianismo ou a deixar a Península sem nenhuma de suas posses [43]. Em 1502, este decreto foi estendido para incluir todos os muçulmanos na Coroa de Castela e após 1526, estas condições também foram aplicadas aos muçulmanos da Coroa de Aragão [44]. Após ter sido um importante componente da civilização ibérica por mais de 800 anos, o Islã enquanto religião pública estava oficialmente criminalizada, levada à clandestinidade como uma fé de uma minoria perseguida e combatida. Apesar de muitos dos mouriscos – como eram chamados os muçulmanos convertidos – manterem sua fé secretamente até o século XVII (quando foram expulsos da Ibéria), a Espanha, após séculos sendo a região mais diversa em termos culturais e religiosos da Europa, era agora, oficialmente, uma nação homogeneamente católica.
Francisco Heylan, “O Batismo dos Mouriscos”.
Apesar de haverem múltiplas razões para esta grande mudança na história espanhola, um fator que precisa ser apreciado é, sem dúvidas, o potente ambiente milenarista dentro do Reino de Castela durante o fim do século XV. Durante este período, e especialmente durante a guerra contra Granada, havia uma expectativa de que os Reis Católicos “não apenas expulsariam os muçulmanos da Espanha, como conquistariam toda a África, destruiriam o Islã completamente, reconquistariam Jerusalém e os lugares santos”, e se tornariam “[governantes] de Roma, dos Turcos e das Espanhas”. Fernando de Aragão (r. 1479-1516) representado na literatura contemporânea como um “Novo Davi”, acreditava que a reconquista de Jerusalém das mãos do Islã era iminente e que a Cristandade deveria devotar seus esforços para alcançar este objetivo, uma visão compartilhada por seu contemporâneo, Cristóvão Colombo. Este milenarismo, enraizado tanto em ideais messiânicos de longa data quanto nas transformações políticas ocorridas no Mediterrâneo desde 1453, se manifestou na cruzada espanhola sancionada pelo Papa contra o Norte da África, que foi ativamente encorajada pelo Arcebispo Jiménez de Cisneros e empreendida pelos Reis Católicos na primeira parte do século XVI, culminando na captura de Mers-el-Kébir em 1505, Orã e Argel em 1509, Tripoli e Bejaia em 1510 e Túnis em 1535. A “Reconquista”, pareceria, não era uma luta proto-nacionalista limitada à Península Ibérica, mas se estendia ao longo dos estreitos de Gibraltar, entrando no Norte da África e além.
Neste pequeno artigo, espero ter mostrado como o período de 1478 a 1502 na história ibérica foi uma de grandes transformações e reconfigurações. Para realmente entender estes desenvolvimentos, é importante diminuir nossa dependência em estruturas ideológicas como a “Reconquista” ou “Convivencia” como explicações para as relações sociais e políticas, em vez de reposicionar estes eventos na Ibéria dentro do contexto mais amplo do Mundo Mediterrâneo durante o final do século XV e início do século XVI. É importante reconhecer que, dada cerca de meio milênio de precedente, a conquista cristã do território muçulmano na Ibéria não necessitava da perseguição, da conversão forçada e da expulsão de não-cristãos. O fato disto ser precisamente o que ocorreu entre 1492 e 1502 sublinha a novidade deste desenvolvimento na longa história das relações muçulmano-cristãs na Península Ibérica. Apesar de haver continuidades simbólicas entre a tradição da Reconquista e a conquista de Granada – a sanção da guerra como uma cruzada, o cantar de Te Deum laudamos durante a conquista da cidade, e a transformação de mesquitas em igrejas – a institucionalização de uma política de homogeneização religiosa não tinha precedentes. Somente considerando o contexto mais amplo da expansão otomana, o estabelecimento da Inquisição, o milenarismo cristão e a reforma é que as razões para tal transformação macrohistórica podem ser mais completamente compreendidas.
[1] Hugh Kennedy, Muslim Spain and Portugal: A Political History of Al-Andalus (London: Longman, 1996), pp.1–130.
[2] John Edwards, “Reconquista and Crusade in Fifteenth Century Spain,” in Crusading in the Fifteenth Century: Message and Impact (London: Palgrave Macmillan, 2004), ed. Norman Housley, p.164; Kennedy, Muslim Spain and Portugal, pp.130–153; David Wasserstein, The Caliphate in the West: An Islamic Political Institution in the Iberian Peninsula (Oxford: Clarendon Press, 1993); David Wasserstein, The Rise and Fall of the Party-Kings: Politics and Society in Islamic Spain (Princeton: Princeton University Press, 1985).
[3] Marshall G.S. Hodgson, The Venture of Islam: Conscience and History in a World Civilization, Volume 2 (Chicago: University of Chicago Press, 1974), p.271; Muhammad Razuq, Al-Andalusiyyin w-hijratahum ila al-Maghreb (Casablanca, Ifriqiya al-Sharq, 1989), pp.31–35; James T. Monroe, Hispano-Arab Poetry: A Student Anthology (Berkeley: University of California Press, 1974), pp.45–47; Edwards, “Reconquista and Crusade in Fifteenth Century Spain,” p.164; Kennedy, Muslim Spain and Portugal, pp.154–273.
[4] John Edwards, The Spain of the Catholic Monarchs (Oxford: Blackwell Publishers, 2000), pp.76; Leonard Patrick Harvey, Islamic Spain, 1250–1500 (Chicago: University of Chicago Press, 1990), pp.9–15; Joseph F. O’Callaghan, Reconquest and Crusade in Medieval Spain (Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 2003), p.50–123; ‘Adil Bishtawi, Al-Andalusīyyīn al-mawārīkah (Cairo: Maṭābiʻ Intirnāshiyūnāl Bris, 1983), pp.47–58; Edwards, “Reconquista and Crusade in Fifteenth Century Spain,” p.164.
[5] O’Callaghan, Reconquest and Crusade in Medieval Spain, p.3.
[6] O’Callaghan, Reconquest and Crusade in Medieval Spain, pp.17–22; José Goñi Gaztambide, Historia de la bula de cruzada en España (Vitoria: Editorial del Seminario, 1958), pp.14–370; Edwards, “Reconquista and Crusade in Fifteenth Century Spain,” p.165–172.
[7] O’Callaghan, Reconquest and Crusade in Medieval Spain, pp.177–208.
[8] Harvey, Islamic Spain, pp.20–26; Monroe, Hispano-Arab Poetry, p.61; Bishtawi, Al-Andalusīyyīn al-mawārīkah, p.92; Kennedy, Muslim Spain and Portugal, pp.273–292; Mercedes García-Arenal, Messianism and Puritanical Reform: Mahdīs of the Muslim West (Leiden: Brill, 2006), p.297.
[9] Miguel Ángel Ladero Quesada, Las Guerras de Granada en el siglo XV (Barcelona: Editorial Ariel, 2002), pp.11–82; Weston F. Cook, The Hundred Years War for Morocco: Gunpowder and the Military Revolution in the Early Modern Muslim World (Boulder: Westview Press, 1994), p.120; Kennedy, Muslim Spain and Portugal, pp.273–292.
[10] Harvey, Islamic Spain, pp.50–54.
[11] O’Callaghan, Reconquest and Crusade in Medieval Spain, pp.212–213.
[12] Edwards, The Spain of the Catholic Monarchs, pp.1–16; Felipe Fernández-Armesto, Ferdinand and Isabella (London: Weidenfeld and Nicolson, 1975), pp.20–23; Norman Housley, The Later Crusades, 1274–1580 (Oxford: Oxford University Press, 1992), p.296; John Edwards, Ferdinand and Isabella (London: Longman: 2004), pp.20–21; J.N. Hillgarth, The Spanish Kingdoms 1250–1516, Vol. 2 (Oxford, Clarendon Press, 1978), pp.360–365.
[13] These are the words of Castilian poet Alfonso Álvarez de Villasandino and the Bishop of Burgos, Alfonso de Cartagena, quoted in O’Callaghan, Reconquest and Crusade in Medieval Spain, p.213; Heather Rae, State Identities and the Homogenization of Peoples (Cambridge: Cambridge University Press, 2002), p.56.
[14] Edwards, The Spain of the Catholic Monarchs, p.103; Hillgarth, The Spanish Kingdoms 1250–1516, p.370; Fernández-Armesto, Ferdinand and Isabella, pp.94–95; Juan Antonio Vilar Sánchez, 1492–1502: Una década fraudulenta (Granada: Alhulia, 2004), pp.41–42; Housley, The Later Crusades, p.298; Edwards, Ferdinand and Isabella, p.48; Cook, The Hundred Years War for Morocco, p.121; Edwards, “Reconquista and Crusade in Fifteenth Century Spain,” p.173.
[15] Pope Sixtus IV, “Crusade Bull against Granada, 1482,” in Documents on the Later Crusades, 1274–1580 (New York: St. Martin’s Press, 1996), ed. and trans. Norman Housley, pp.156–162; Edwards, The Spain of the Catholic Monarchs, p.104; Harvey, Islamic Spain, pp.269–274; Miguel Ángel Ladero Quesada, Castilla y la reconquista del Reino de Granada (Granada: Maracena, 1988) pp.203–206; Miguel Ángel Ladero Quesada, La Guerra de Granada (Granada: Diputacion de Granada, 2001), pp.45–54; Anwar G. Chejne, Islam and the West: The Moriscos, a Cultural and Social History (Albany: State University of New York Press, 1983), p.5; Housley, The Later Crusades, pp.301–303; José Goñi Gaztambide, “The Holy See and the Reconquest of the Kingdom of Granada,” in Spain in the Fifteenth Century: Essays and Extracts by Historians of Spain (New York: Harper and Row, 1972), trans. Frances M. López-Morillas, ed. Roger Highfield, pp.356–361; Gaztambide, Historia de la bula de cruzada en España, pp.371–403; Edwards, “Reconquista and Crusade in Fifteenth Century Spain,” p.173.
[16] Edwards, The Spain of the Catholic Monarchs, pp.104–139; Razuq, Al-Andalusiyyin w-hijratahum ila al-Maghreb, pp.54–55; Fernández-Armesto, Ferdinand and Isabella, pp.101–103; Harvey, Islamic Spain, pp.275–310; Vilar Sánchez, 1492–1502: Una década fraudulenta, pp.44–46; Quesada, La Guerra de Granada, pp.45–78; Chejne, Islam and the West, p.5; Housley, The Later Crusades, pp.298–300; Quesada, Las Guerras de Granada, pp.143–170; Peggy K. Liss, Isabel the Queen: Life and Times (Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 2004), pp.219–263; Edwards, Ferdinand and Isabella, pp.50–66; Hillgarth, The Spanish Kingdoms 1250–1516, pp.381–386; Cook, The Hundred Years War for Morocco, pp.121–126; Kennedy, Muslim Spain and Portugal, pp.300–304.
[17] Meyerson, The Muslims of Valencia in the Age of Fernando and Isabel, p.64; Mark Meyerson, “Seeking the Messiah: Converso Messianism in Post-1453 Valencia,” in The Conversos and Moriscos in Late Medieval Spain and Beyond, Vol. 1 (Leiden: Brill, 2009), ed. Kevin Ingram, p.69.
[18] Edwards, The Spain of the Catholic Monarchs, p.223; Edwards, “Reconquista and Crusade in Fifteenth Century Spain,” p.181; Liss, Isabel the Queen, p.371; Gaztambide, Historia de la bula de cruzada en España, p.436; Housley, Religious Warfare in Europe, pp.76–78; Quesada, Las Guerras de Granada, p.212; Fernández-Armesto, 1492, pp.9–10; Hillgarth, The Spanish Kingdoms 1250–1516, p.371; Echevarria, The Fortress of Faith, p.202; Alan Milhou, Colon y su mentalidad mesianica en el ambiente franciscanista española (Casa: Seminario Americanista de la Universidad de Valladolid, 1983), p.168.
[19] Meyerson, The Muslims of Valencia in the Age of Fernando and Isabel, pp.61–62; Gaztambide, Historia de la bula de cruzada en España, pp.432–435; Hillgarth, The Spanish Kingdoms 1250–1516, p.570.
[20] Gaztambide, Historia de la bula de cruzada en España, pp.435–436.
[21] Housley, The Later Crusades, p.298; Coleman, Creating Christian Granada, p.3; Edwards, Ferdinand and Isabella, p.54; Fernández-Armesto, Ferdinand and Isabella, p.92; Echevarria, The Fortress of Faith, p.210; Fernández-Armesto, 1492, p.30.
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[23] Meyerson, The Muslims of Valencia, pp.65–68.
[24] Meyerson, The Muslims of Valencia, pp.95–97; Kamen, Spain, 1469–171, p.173.
[25] Anonymous, Kitāb nubdhat al-‘aṣr fi akhbār mulūk Banī Nasr: Taslim Ghranaṭa wa nuzūḥ al-Andalusīyyīn ila al-Maghrib (Cairo: Maktabat al-Thaqafah al-Diniyya, 2002), p.41; ‘Abd Allah Muhammad Jamal al-Din, Al-muslimun al-munasarun aw al-muriskiyyun al-andalussiyun (Cairo: Dar al-Sahwa, 1991), p.21; Rodrigo de Zayas, Los Moriscos y el racismo del estado:creación, persecución y deportación (Cordoba: Editorial Almuzara, 2006), p.89; Quesada, Las Guerras de Granada, pp.171–184; Edwards, Ferdinand and Isabella, pp.66–67; Hillgarth, The Spanish Kingdoms 1250–1516, pp.387–388.
[26] Ferdinand and Isabella, “Letter to Agostino Barbarigo, Doge of Venice,” in Documentos sobre relaciones internacionales de los Reyes Católicos Vol. 4, 1492: 45, p.33;Henry Kamen, Spain, 1469–1714: A Society of Conflict (London: Longman, 1983), p.35; O’Callaghan, Reconquest and Crusade in Medieval Spain, p.214; Liss, Isabel the Queen, pp.267–269; Fernández-Armesto, Ferdinand and Isabella, pp.89–90; Hillgarth, The Spanish Kingdoms 1250–1516, pp.392–393; Gaztambide, “The Holy See and the Reconquest of the Kingdom of Granada,” pp.370–372.
[27] Hillgarth, The Spanish Kingdoms 1250–1516, p.388; Kamen, Spain, 1469–171, p.35.
[28] Hernando del Pulgar, “The Christian Conquest of Granada,” in Medieval Iberia: Readings from Muslim, Christian, and Jewish Sources (Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 1997), ed. Olivia Remie Constable, pp. 343–344; Jamal al-Din, Al-muslimun al-munasarun, pp.22–33; Fernández-Armesto, Ferdinand and Isabella, pp.103–104; Harvey, Islamic Spain, pp.314–323; Vilar Sánchez, 1492–1502: Una década fraudulenta, pp.88–103;Luis Suárez-Fernández, Los Reyes Católicos: El timepo de la guerra de Granada (Madrid, Ediciones Rialp, 1989) pp.241–244; ; Angel Galán Sánchez, Los Mudéjares del Reino de Granada (Granada: Universidad de Granada, 1991), pp.81–94; Manuel Barrios Aguilera, Granada Morisca, la Convivencia Negada (Granada: Comares, 2002), pp.25–29; Quesada, La Guerra de Granada, pp.79–85; Kamen, Spain, 1469–1714, p.35; Chejne, Islam and the West, p.6; Henry Charles Lea, The Moriscos of Spain: Their Conversion and Expulsion (New York: Greenwood Press Publishers, 1968), pp.20–22; David Coleman, Creating Christian Granada: Society and Religious Culture in an Old World Frontier City, 1492–1600 (Ithaca: Cornell University Press, 2003), pp.6, 36–37; José Acosta Montoro, Aben Humeya: Rey de los moriscos (Almeria: Instituto de Estudios Almerienses, 1988), pp.19–20; Erika Rummel. Jiménez de Cisneros: On the Threshold of Spain’s Golden Age (Tempe: Arizona Center for Medieval and Renaissance Studies, 1999), p.32.
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[30] For a sense of the rules and boundaries regulating the coexistence of Muslims, Christians, and Jews in medieval Castile, see “The Legal Status of Jews and Muslims in Castile: Siete Partidas,” in Medieval Iberia, ed. Constable, pp.269–275.For an important perspective on convivencia and Mudéjar existence, especially in the fourteenth century, which challenges the notion of an inter-faith utopia, and explains the nature of this coexistence with a particular emphasis on communal conflict and violence, see David Nirenberg, Communities of Violence: Persecution of Minorities in the Middle Ages (Princeton: Princeton University Press, 1996).
[31]Reginald Martin, Cardinal Ximenes and the Making of Spain (London, 1934), pp.77–79; John Edwards, The Spain of the Catholic Monarchs, 1474–1520 (Oxford, 2000), p.239; Henry Kamen, Spain, 1469–1714: A Society of Conflict (London, 1983), pp.36–37; Peggy K. Liss, Isabel the Queen: Life and Times (Philadelphia, 2004), pp.372–377; David Coleman, Creating Christian Granada: Society and Religious Culture in an Old-World Frontier City, 1492–1600 (Ithaca, 2003), p.1–49; Juan Antonio Vilar Sánchez, 1492–1502, Una década fraudulenta: Historia del reino cristiano de Granada desde su fundación, hasta la muerte de la reina Isabella Católica (Granada, 2004); Rodrigo de Zayas, Los moriscos y el racism de estado: creación, persecución y deportación (Almuzara, 2006), pp.87–102; Leonard Patrick Harvey, Islamic Spain, 1250 to 1500 (Chicago, 1990), pp.324–339; Manuel Barrios Aguilera, Granada morisca, la convivencia negada (Granada, 2002), p.23–82; Ángel Galán Sánchez, “Los venicidos: exilio, integracion y resistencia,” in Historia del reino de Granada: De los orígenes a la época mudéjar (Granada, 2000), ed. Rafael G. Peinado Santaella, pp.525–565; García-Arenal, Messianism and Puritanical Reform, p.298.
[32] Quoted in Rummel. Jiménez de Cisneros, p.17.
[33] Rummel. Jiménez de Cisneros, p.15.
[34] Rummel. Jiménez de Cisneros, pp.33–34.
[35] Ferdinand and Isabella, “Edict of Expulsion of the Jews (1492),” in Medieval Iberia, ed. Olivia Remie Constable, pp.352–356; Ferdinand and Isabella, “Expulsion of the Jews,” in Documentos sobre relaciones internacionales de los Reyes Católicos Vol. 4 (Barcelona: Consejo Superior de Investigaciones Científicas, 1962), 1492: 42, pp.27–31; Chejne, Islam and the West, p.5; Edwards, Spain of the Catholic Monarchs, p.229–233; Housley, The Later Crusades, p.303; Coleman, Creating Christian Granada, pp.5, 38; Liss, Isabel the Queen, pp.298–315; Edwards, Ferdinand and Isabella, pp.81–82; Hillgarth, The Spanish Kingdoms 1250–1516, pp.447–452; Marvin Lunenfeld, Keepers of the City: The Corregidores of Isabella I of Castille (Cambridge: Cambridge University Press, 1987) pp.130–134; Rae, State Identities, pp.73–74; Felipe Fernández-Armesto, 1492: The Year the World Began (New York: Harper One, 2009), pp.97–100.
[36] Anonymous, Kitāb nubdhat al-‘aṣr, p.44.
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[39] Edwards, The Spain of the Catholic Monarchs, pp.238–239.
[40] Vilar Sánchez, 1492–1502: Una década fraudulenta, pp.365–381; Quesada, La Guerra de Granada, p.90; Ángel Galán Sánchez, “Segregación, coexistencia y convivencia: Los musulmanes de la ciudad de Granada,” in Las Tomas: Antropología histórica de la ocupación territorial del reino de Granada (Granada: Disputación de Granada, 2000), pp.326–332; Coleman, Creating Christian Granada, pp.19, 52–60; Fernández-Armesto, 1492, p.41.
[41] Meyerson, The Muslims of Valencia in the Age of Fernando and Isabel, pp.55–56; Jamal al-Din, Al-muslimun al-munasarun, pp.34–36; Fernández-Armesto, Ferdinand and Isabella, pp.177–178; Harvey, Islamic Spain, pp.331–334; Merton, Cardinal Ximenes, p.77; Gaignard, Maures et Chrétiens, pp.126–133; Sánchez, Los Mudéjares del Reino de Granada, pp.361–364; Kamen, Spain, 1469–1714, p.36; Purcell, The Great Captain, pp.128–129; Chejne, Islam and the West, pp.6–7; Lea, The Moriscos of Spain, pp.30–32; Gaztambide, Historia de la bula de cruzada en España, pp.402–403; Hillgarth, The Spanish Kingdoms 1250–1516, pp.474–475.
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[43] Isabel and Ferdinand, “Letter to Martín García Regarding the Moors of Granada,” in Documentos sobre relaciones internacionales de los Reyes Católicos Vol. 6 (Barcelona: Consejo Superior de Investigaciones Científicas, 1966), 1500: 26, pp.228–229; Diego Hurtado de Mendoza, Guerra de Granada (Madrid: Clásicos Castalia, 1970; originally published 1610), p.103; Meyerson, The Muslims of Valencia in the Age of Fernando and Isabel, p.13; Jamal al-Din, Al-muslimun al-munasarun, pp.37–39; Gaignard, Maures et Chrétiens, pp.137–138; Liss, Isabel the Queen, p.377; Sánchez, Los Mudéjares del Reino de Granada, pp.379–380; Aguilera, Granada Morisca, p.75; Kamen, Spain, 1469–1714, p.37; Anonymous, Kitāb nubdhat al-‘aṣr, p.44; Chejne, Islam and the West, pp.6–7; Housley, The Later Crusades, p.303; Hillgarth, The Spanish Kingdoms 1250–1516, p.475; Rummel. Jiménez de Cisneros, p.35.
[44] Alonso de Santa Cruz, Crónica de los Reyes Católicos, Vol. 1 (Seville: Consejo Superior de Investigaciones Científicas, 1951), p.274; Andrés Bernáldez, Historia de los Reyes Católicos Don Fernando y Doña Isabel, Vol.2 (Seville: J.M. Geofrin, 1870), pp.251–252; Meyerson, The Muslims of Valencia in the Age of Fernando and Isabel, p.13; Merton, Cardinal Ximenes, p.84; Liss, Isabel the Queen, p.377; Sánchez, Los Mudéjares del Reino de Granada, pp.399–404; Aguilera, Granada Morisca, p.76; Kamen, Spain, 1469–1714, p.37; Chejne, Islam and the West, p.6; Hillgarth, The Spanish Kingdoms 1250–1516, p.475; García-Arenal, Messianism and Puritanical Reform, p.298.
LEITURA ADICIONAL
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Texto original: Castilian “Reconquista,” Ottoman Expansion and the Christianization of al-Andalus | Ballandalus