No contexto da brutal expansão colonialista de Israel contra palestinos, em voga desde o início do séc. XX, qualquer crítica ao governo israelense é alcunhada como sendo antissemitismo, de modo que Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, em Viena, em 2018, afirmou: “O antissionismo é o novo antissemitismo” [57].

 
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, e Sebastian Kurz, então chanceler da Áustria. Viena, 2018.

 

O American Jewish Committee, ligado diretamente à defesa de Israel nos Estados Unidos, por sua vez, categoriza antissionismo diretamente como antissemitismo [58], e em dezembro de 2023, a Câmara dos Deputados dos Estados Unidos passou, por 311 votos a 14, um decreto que iguala o antissionismo ao antissemitismo [59].

Todavia, ao contrário desta narrativa gestada em laboratório nos porões ideológicos do Likud e da extrema-direita israelense, completamente separada da realidade historiográfica e geopolítica do Oriente Médio, foram as milícias sionistas, historicamente, que se aliaram aos nazistas por um longo período, inclusive durante o Holocausto, onde milhões de judeus foram mortos de modo sanguinolento e desumano, não os palestinos, que vem sendo assassinados com os mesmos requintes de crueldade que os judeus vítimas do Holocausto, desde antes do estabelecimento de Israel, tampouco os críticos de Israel ou do sionismo.

Em 1935, auxiliando os nazistas a escaparem do boicote da Comunidade Internacional à sua economia, os sionistas, no Congresso Sionista Mundial, decidiram por meio da empresa Hanotea importar bens da Alemanha e exportar seus próprios bens ao país, transferindo também judeus da Alemanha para a Palestina, no famoso Tratado Haavara [60][61].


Certificado do Tratado Haavara.

 

A relação não apenas auxiliou a Alemanha a escapar das sanções internacionais, sendo celebrada através de uma moeda comemorativa que estampa a Suástica e a Estrela de Davi [62], como também facilitou diretamente o cometimento do genocídio brutal contra palestinos por parte do Irgun e do Haganah, que posteriormente seriam incorporados ao exército de Israel, Irgun e Haganah estes que compravam metralhadoras e pistolas Mauser diretamente do regime nazista através do mesmo Tratado Haavara, as usando contra os palestinos [63].

Logo, é sobre esse contexto, esta simbiose transnacional e ideológica entre a Alemanha Nazista e o Estado Sionista, desde a sua gênese, que paralelos devem ser traçados e analisados à luz da história e da geopolítica, longe da falsa ideia de que qualquer crítica à Netanyahu, à expansão brutal promovida pelo Likud e pelo Exército Israelense seja antissemitismo, já que estes não são representantes da religião judaica e se aliaram à força histórica mais genocida e odiadora do povo judeu que já existiu. Diz o nazismo, na voz de um de seus maiores ideólogos, Alfred Rosenberg, autor do livro “O Mito do Século XX”, que elencou toda a doutrina “ariana” nazista e veio a influenciar Adolf Hitler [64]:

“O sionismo deve ser vigorosamente apoiado para que um certo número de judeus alemães seja transportado anualmente à Palestina, ou pelo menos forçado a deixar o país.”

 


Alfred Rosenberg posando ao lado de Adolf Hitler, 1923.

 

GENOCÍDIO, EXTERMÍNIO E LIMPEZA ÉTNICA

 

Inicialmente, é necessário compreender que a própria definição internacional de genocídio, ou seja, da intenção de exterminar outros povos, tem fortes bases assentadas pela tragédia do Holocausto, proposta e positivada através do Direito Internacional por meio da Convenção Internacional do Genocídio, de 1948 [1], criada exatamente após a tragédia vivida pelos judeus durante a Segunda Guerra Mundial.

Partindo desta concepção, o próprio crime de genocídio, no qual Israel incorre per si, segundo o Conselho de Segurança da ONU [2], uma das maiores autoridades geopolíticas na forma de regulador do cenário internacional, a Human Rights Watch [3] e outras organizações, é baseado exatamente na ideia de varrer outros povos, cometendo limpeza étnica.

Tanto é que o Lehi, o Irgun e os grupos paramilitares sionistas, que posteriormente formaram lideranças que se tornaram primeiros-ministros de Israel, como Menachem Begin, Ariel Sharon etc, posteriormente sendo também tais grupos extremados e que recorriam a táticas terroristas incorporados ao exército israelense, consideraram uma derrota política e geopolítica o reconhecimento da identidade palestina e de suas terras pela ONU, após a Segunda Guerra Mundial, já que em sua visão todo o território pertence a Israel e os palestinos são um povo sem identidade [4][5].

 


Menachem Begin e outros membros do Lehi e do Irgun, procurados pela polícia no Mandato Britânico da Palestina.

 

Nos exatos mesmos moldes do vivido pelo povo judeu durante o Holocausto, tendo em vista que Adolf Hitler também considerava a Polônia sem identidade e soberania, a invadindo em 1939 e, impondo um regime de hierarquia racial, onde povos não germânicos (bálticos, judeus etc.) eram considerados inferiores e não podiam sequer receber educação formal além do Ensino Médio, num modelo de ensino segregado para alemães e não alemães [20], semelhante a Israel, que também segrega árabes e judeus em seu sistema educacional, impedindo o acesso à educação universitária para palestinos [23].

Igualmente ao regime nazista, Israel possui uma hierarquia racial tão forte que proíbe mesmo o retorno de palestinos em casamento interreligiosos com israelenses de conseguirem cidadania no país, segundo a lei 5763, de 2003, [21] igualmente à Lei de Protecão ao Sangue e à Honra Germânica, de 1938, que proibia o casamento entre judeus e alemães [22].

O Plano Dalet dos sionistas israelenses, ainda em 1944, tinha como objetivo tomar as casas, os bens e as terras dos palestinos, de modo a assegurar que Israel detivesse o controle total das posses dos palestinos, num sentido claro de limpeza étnica, segundo os apontamentos acima [7]. De modo semelhante, o plano da política de “Arianização” dentro do Terceiro Reich, proposto enquanto política de Estado, em 1933, tinha como propósito também tomar terras, casas, bens e empresas de cidadãos judeus na Alemanha e nos territórios posteriormente conquistados por ela [8][9].

O rabino Meir Kahane, por sua vez, líder do Partido Kach em Israel, fundado em 1984, defendia não só a expropriação de bens árabes na Palestina e sua morte, mas também sua escravização por israelenses [10]. O nazismo, por sua vez, empregou uma grande mão de obra de judeus como escravos de empresas alemãs, em seus campos de concentração, sendo o governo nazista condenado em Nuremberg por tal crime, em 1946 [11].

Longe do kahanismo, com sua defesa da escravidão de palestinos, do extermínio de árabes etc. ser algo marginal dentro da política israelense, Itamar Ben-Gvir, Ministro da Segurança Nacional de Israel, é abertamente alinhado a Meir Kahane, e chegou mesmo a ser vaiado por defendê-lo publicamente [16].

 


Itamar Ben-Gvir, Ministro da Segurança Nacional de Israel, palestrando em evento que homenageia Meir Kahane, 2022.

 

Bezalel Smotrich, atual Ministro das Finanças de Israel [17], também possui alinhamento kahanista, e foi denunciado pela União Europeia, em 2023, por declarar que a cidade de Huwara, na Palestina, deveria ser “varrida do mapa”, em claro tom genocida [18], semelhante aos nazistas, que utilizavam o termo “limpeza”, semelhantemente, para se referirem aos judeus. Nas palavras de Himmler, em 1943, em Kharkiv: “Livrar-se dos piolhos não é uma questão de ideologia. É uma questão de limpeza” [19].

Inúmeros paralelos, deste modo, são possíveis entre ambos os regimes, já que o ponto central da limpeza étnica, do genocídio e do extermínio é, em grande parte, a desumanização e a bestialização do “outro” - no caso alemão, o povo judeu, e no caso sionista, os palestinos e árabes.

Partindo deste princípio, a exposição “Der Ewige Jude”, exibida entre 1937 e 1938, no Museu de Berlim, retratava os judeus como ratos e vermes, e os desumanizava reforçando estereótipos ligados às suas supostas características físicas [12].

 


Exposição “Der Ewige Jude”, “O Judeu Eterno”, 1937-1938.

 

De modo assemelhado, por sua vez, Rafael Eitan, ex-chefe do Estado-Maior israelense, em 1983, referiu-se aos palestinos e árabes da seguinte maneira, no mesmo intuito de desumanização genocida: “Tudo o que os árabes poderão fazer é correr como baratas drogadas em uma garrafa” [13]. Da mesma forma, Menachem Begin, num discurso no parlamento israelense, em 1983, descreveu os palestinos e libaneses como: “Bestas caminhando sobre duas pernas” [14]. O Rabino Eli Ben Dahan, ex-Ministro da Defesa de Israel, em 2013, por sua vez disse: “Palestinos são bestas, não são humanos”. Em 2016, seguindo tal diretriz israelense de desumanização, Benjamin Netanyahu, atual primeiro-ministro israelense, citou, sobre os vizinhos de Israel: “Nós devemos nos defender contra as bestas selvagens”, e Miri Regev, atual ministra dos transportes de Israel, do mesmo partido Likud de Netanyahu, traçando um paralelo direto para com o nazismo, chegou a afirmar: “Eu sou feliz em ser fascista” [15].

 

AS EMPRESAS ISRAELENSES EM FAVOR DO GENOCÍDIO

 

Outro paralelo comum entre o regime nazista e Israel, é a contribuição das empresas de ambos os países para a facilitação do genocídio, e o lucro de tais companhias, também de ambos os países, conectados a tal prática, numa simbiose entre políticas de Estado, genocídio e mercado.

Um artifício comum é a utilização de trabalho escravo dos povos contra os quais se comete genocídio. Durante o regime nazista, empresas como a “Abeking & Rassmussen, Lemwerder”, “Aggregatebau Struever, Hamburg” etc, empregavam mão de obra judaica escravizada em suas fábricas, situadas em regiões ocupadas [24].

De modo semelhante, companhias israelenses, como a “Global Manpower Company”, “a Egged Co”, dentre outras, utilizam mão de obra palestina, filipina e romena em condições de escravidão, sem seguridade social, saúde, salário mínimo etc., chegando mesmo a confiscar seus passaportes e amarrá-los com correntes, segundo a Euro-Med. Tal contrato é feito por companhias de mediadores que também lucram com o genocídio, assim como as empresas contratantes citadas, do mesmo modo que durante a Alemanha Nazista [25][26].

Quando da ocasião da Segunda Guerra Mundial, o Reichsbank formou uma longa teia de parcerias com bancos menores no resto da Europa, de modo a expropriar joias, terras e bens de judeus perseguidos pelo Holocausto [27]. Em Israel, o Primeiro Banco Internacional de Israel (FIBI) atua diretamente com outros bancos nas regiões anexadas através da política de expansão de colonos, facilitando a expropriação de bens, a demolição de casas palestinas e a construção de novos assentamentos [28].

 


Assentamento israelense recém construído, Cisjordânia, 2016.

 

No ano de 1933, por sua vez, o governo nazista chamou por um boicote aberto contra todas as empresas judaicas na Alemanha, aplicando um status legal diferente a nível nacional e regional ao povo alemão e ao povo judeu, num regime de segregação financeira [29]. Em Israel, nas regiões ocupadas da Palestina, o governo de Netanyahu aplica, semelhantemente, um status legal diferenciado e segregado a palestinos e israelenses, concedendo direitos e garantias civis apenas a israelenses [30].

 


Muro em Jerusalém segrega palestinos e israelenses, 2020.

 

É o que descreve o relatório sobre a ocupação econômica da Cisjordânia, de 2016, da Human Rights Watch [30]:

“Israel opera um sistema de dois níveis na Cisjordânia, que proporciona tratamento preferencial aos colonos israelenses, ao mesmo tempo que impõe condições duras aos palestinos. Os tribunais israelenses aplicam o direito civil israelense aos colonos, proporcionando-lhes proteções legais, direitos e benefícios que não são usufruídos pelos seus vizinhos palestinos, que estão sujeitos ao direito militar israelense.”

 

O GENOCÍDIO EM SOLO ESTRANGEIRO

 

Quando da ocasião da Segunda Guerra Mundial, a Einsatzgruppen, um braço da SS que atuava em solo estrangeiro, dirigido diretamente por Heinrich Himmler, cometeu uma série de massacres e assassinatos em massa nas regiões ocupadas pelas forças nazistas [31].

Em 1941, as tropas da Einsatzgruppen, no território ucraniano ocupado pelos nazistas, cometeram o famoso massacre na ravina de Babi Yar, em Kiev, onde 34 mil judeus ucranianos foram assassinados brutalmente pelas tropas nazistas num teor de limpeza étnica [32].

 


Massacre de Babi Yar, Ucrânia, 1941.

 

Em 1948, poucos anos depois, os grupos paramilitares do Lehi e do Irgun cometeram o famigerado massacre de Deir Yassin, no solo estrangeiro ocupado da Palestina, não pertencente a Israel, na vila de Deir Yassin, chacinando brutalmente 107 fazendeiros palestinos desarmados, dentre eles mulheres e crianças, na mesma tônica de limpeza étnica [33].

 


Massacre de Deir Yassin, Palestina, 1948.

 

Entre 1979 e 1983, por sua vez, na ocasião da Guerra Civil no Líbano, a Frente para a Libertação do Líbano de Estrangeiros (FLLE) era comandada diretamente por Israel, na figura de seu general, Rafael Eitan, formada por drusos e cristãos cooptados por meio da inteligência israelense [34].

Os ataques da FLLE também detinham em si o aspecto de limpeza étnica, direcionada contra muçulmanos sunitas no Líbano. Ao todo, seus atentados com carros-bomba, fuzilamentos e outros artifícios vitimaram mais de 300 pessoas [35].

As táticas da SS nazista e do Exército Israelense, assim como o caráter de limpeza étnica destas tropas e dos agregados estrangeiros que treinaram, é tão simbiótica, que Otto Skorzeny, o general favorito de Adolf Hitler, treinou diretamente as tropas de Israel, não só isso, como tendo se tornado também um forte entusiasta do Mossad, e um assassino de aluguel contratado pelo governo israelense [36].

Quando da ocasião de seu velório, em 1975, em Madrid, foi inclusive visitado por soldados israelenses, segundo o analista geopolítico Chris Woolf, num artigo sobre a vida de Skorzeny ao jornal The World [36]:

“Skorzeny morreu pacificamente, em Madrid, em 1975. Nas cerimônias fúnebres, lá e em Viena, o herói nazista recebeu a saudação de Hitler de antigos camaradas SS e de outros.

 

Um homem presente no funeral não era ninguém menos que o seu, agora aposentado, assessor do Mossad, Yosef Raanan – um colega austríaco que perdeu grande parte da sua família no Holocausto. Ele voou às suas próprias custas para prestar homenagem ao seu ex-agente, o coronel da SS, Otto Skorzeny.”

 

O BOICOTE AO COMÉRCIO

 

Ainda na década de 1920, logo após a Primeira Guerra Mundial, na Alemanha, intelectuais e jornais nazistas pediam um boicote às empresas cujos donos eram judeus [37]. Em 1933, por sua vez, Joseph Goebbels, Ministro da Propaganda da Alemanha Nazista, transformou o boicote numa política de Estado. Na ocasião, a SA colocou a Estrela de Davi na porta dos negócios e manteve as tropas impedindo a compra de bens, também tendo criado impostos exclusivamente para judeus, além de taxas, impostos e restrições severas sobre o seu comércio [38].

Na Palestina, por sua vez, desde o estabelecimento do Estado de Israel, em 1948, o comércio palestino tem sido boicotado pelas leis segregacionistas de Israel, que beneficiam o comerciante israelense, proibindo que palestinos, no geral, consigam licenças e comprem certos bens [43], além de, segundo o FMI, imporem maiores impostos sobre os comerciantes palestinos, de modo a que os comércios palestinos sejam falidos [42].

Posteriormente, em 1938, durante a “Noite dos Cristais”, a Juventude Hitlerista, a SS, a SA, grupos paramilitares e diversos setores do Partido Nazista saquearam e destruíram comércios, hospitais, sinagogas e demais negócios ligados ao povo judeu, de modo a acabar com seu poder econômico [39].

 


“Noite dos Cristais”, Alemanha, 1938.

 

No contexto do conflito em Gaza, por sua vez, ainda em 2014, o Exército Israelense, segundo a Anistia Internacional, tem deliberadamente atacado comércios de palestinos, tendo destruído inclusive o Centro Comercial de Rafah nesta mesma ocasião [40], além de também deliberadamente atacar mesquitas e hospitais, como o hospital Al-Shifa, em 2023 [56].

 


Centro Comercial de Rafah, Palestina, 2014.

 

Em 2023, seguindo a prática histórica, o Exército Israelense atacou deliberadamente mercados, lojas, padarias e comércios na Palestina, com destaque à destruição da última padaria operante no campo de refugiados de Mughazi, logo após a mesma receber ajuda humanitária da ONU, na forma de farinha [41].

No contexto da Alemanha Nazista, após o início do genocídio do povo judeu, uma série de empresas e instituições dos Estados Unidos, da Inglaterra e de outros países decidiram boicotar a economia alemã, de modo a não endossar o genocídio [44]. Na ocupação colonial da Palestina por Israel, semelhantemente, ocorre também um boicote econômico assemelhado a empresas israelenses ligadas ao genocídio de palestinos [45].

 

CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO

 

Entre 1933 e 1945, a Alemanha Nazista operou mais de mil campos de concentração em seu território e em parte do território ocupado no resto da Europa. As vítimas eram todos aqueles considerados “inimigos” do regime: judeus, comunistas etc. [46]

A condição desumana nos campos de concentração da Alemanha Nazista impunha sobre os prisioneiros judeus um regime onde não tinham acesso pleno a água potável, alimentação, medicamentos e uma série de bens necessários à manutenção da vida humana [47].

 


Criança judia faminta, Varsóvia, 1942.

 

A população palestina, por sua vez, devido à ocupação colonial imposta por Israel, vive também em condições desumanas análogas, com 93% da população de Gaza, segundo a OMS, sofrendo de desnutrição, sem acesso, também, a água potável e medicamentos [48].

 

Criança palestina faminta, Gaza, 2024.

 

Em 1933, o regime da Alemanha Nazista implantou a lei que legalizava a esterilização de todos aqueles considerados “não-arianos”. Posteriormente, ela foi amplamente utilizada nos campos de concentração, em especial em Auschwitz, contra a população de ciganos que era enviada para lá [49].

Israel, por sua vez, desde os anos 2000, tem implantado por meio de seu sistema de saúde um regime nebuloso e semilegal que esteriliza sem consentimento, tanto cirurgicamente quanto por meio de medicamentos, etíopes, iemenitas e imigrantes africanos [50].

 


Mulher etíope protesta em frente ao parlamento israelense, 2020.

 

Mais tarde, em 1941, Adolf Hitler impôs o decreto “Noite e Neblina”, que decretou que todos os que resistissem à ocupação nazista nos territórios conquistados pelas tropas alemãs deveriam ser deportados e enviados a campos de concentração pela SS e a SA [51].

Em 2023, após a escalada da expansão colonial, Israel prendeu mais de 10.000 palestinos sem qualquer base legal, puramente por, na ótica do regime de Netanyahu, se oporem à guerra e ao Exército Israelense. Israel ainda recorreu a espancamentos, com as autoridades prisionais, por ordem do governo, se negando a dar apoio médico apropriado aos feridos [52].

Durante o Holocausto, em especial no território ucraniano, após 1941, as tropas alemãs e seus aliados estupraram várias mulheres judias e de outras minorias que também eram enviadas a campos de concentração, como ciganas, como forma de humilhação e desumanização, tanto individualmente quanto coletivamente [53].

No contexto da expansão colonial de Israel na Palestina, segundo a ONU, mulheres palestinas são estupradas por soldados israelenses sem a investigação apropriada posterior por parte do governo, também sendo forçadas a se despir, apalpadas com conotação sexual e outras formas de violência sexual, como forma de desumanização [54].

Longe, todavia, de tal política ser algo marginal e que ocorre fora do conhecimento do governo israelense. A prática é tão normalizada que Eyal Karim, famoso por ter defendido no passado que é permitido legalmente e religiosamente o estupro de mulheres árabes em contextos de guerra, é o atual chefe do Rabinato Militar do Exército Israelense [55].

 

Referências bibliográficas:

 

[1] - “Convention on the Prevention and Punishment of the Crime of Genocide”. United Nations. 1948. Acesso em: 2024.

[2] - AL-KASSAB, Fatima. “A top U. N. court says Gaza genocide is ‘plausible’ but does not order cease-fire”. Middle East Crisis - Explained, NPR. 2024. Acesso em: 2024.

[3] - “Gaza: World Court Orders Israel to Prevent Genocide”. Human Rights Watch. 2024. Acesso em: 2024.

[4] - RIOLI, Maria Chiara. “The ‘New Nazis’ or the ‘People of our God’? Jews and Zionism in the Latin Church of Jerusalem, 1948-1962”. Sangalli Institute, Université Paris-Est Marne-la-Vallée, Jnl of Ecclesiastical History, Vol. 68, N. 1. 2017. Acesso em: 2024.

[5] - ROUHANA, Nadim N. HUNEIDI, Sahar S. “Israel and Its Palestinian Citizens: Ethnic Privileges in the Jewish State”. Cambridge University Press. 2017. Acesso em: 2024.

[6] - HOFFMAN, Avi. “A Museum for Babi Yar”. The Jerusalem Post. 2011. Acesso em: 2024.

[7] - KHALIDI, Walid. “Plan Dalet: Master Plan for the Conquest of Palestine”. Journal of Palestine Studies, Vol 18, Issue 1. 1988. Acesso em: 2024.

[8] - “Expropriation (“Aryanization”)”. Judisches Museum Berlin.

[9] - BULMASH, Michael D. “Aryanization”. Digital, Kenyon. 2021. Acesso em: 2024.

[10] - “Fact Sheet: Meir Kahane & The Extremist Kahanist Movement”. IMEU, Institute for Middle Eas Understanding. 2021. Acesso em: 2024.

[11] - “Slave Labor": Was Nazi Forced Labor Slavery?” Forced Labor 1939 - 1945, Memory and History. 2023. Acesso em: 2024.

[12] - “The Nazi Program”. Defining the Enemy, United States Holocaust Memorial Museum, Holocaust Encyclopedia. Acesso em: 2024.

[13] - HANLEY, Delinda C. “Israel Washes Away the Sins of Former Army Chief of Staff Rafael Eitan”. Special Report, Washington Report of Middle East Affairs. 2005. Acesso em: 2024.

[14] - KAPELIOUK, Amon. “Begin and the Beasts”. IMGUR, New Statesman. 1983. Acesso em: 2024.

[15] - “Israel’s Leaders: In Their Own Words”. Palestine Advocacy Project Exposes US-Backed Israeli Leaders’ Racist and Extremist Rhetoric, Palestine Advocacy Project. 2024. Acesso em: 2024.

[16] - SHARON, Jeremy. “Ben Gvir hails racist Kahane, is booed for saying he doesn’t want to expel all Arabs”. The Times of Israel. 2022. Acesso em: 2024.

[17] - LAZAROFF, Tovah. “Israel Elections: Bezalel Smotrich defies expectations, wins 6-7 seats”. The Jerusalem Post (Internet Archive). 2021. Acesso em: 2024.

[18] - “European Union denounces racist remarks by Smotrich”. Home, Politics, WAFA. Jerusalém, 2023. Acesso em: 2024.

[19] - HIMMLER, Heinrich. “The Holocaust: Nazi Officers on the Jewish Question”. Jewish Virtual Library: A Project of Aice. 2024. Acesso em: 2024.

[20] “Dividing Poland and Its People”. Reading, Facing History & Ourselves. 2016. Acesso em: 2024.

[21]  - LIS, Jonathan. “Israeli legislator invokes nation-state law in bid to block palestinian family unification”. Israel News, Haaretz. 2020. Acesso em: 2024.

[22] - RADENACKER, Anke. “Marriage Law 1938 (from 1945-1990: West Germany)”. Policy Document, Splash Database. 2014. Acesso em: 2024.

[23] - KASHTI, Or. “Separate School Systems for Jews and Arabs Are Policy in Israel, Not a ‘Problem’.” Haaretz. 2021. Acesso em: 2024.

[24] - “Holocaust Restitution: German Firms that Used Slave Labor During Nazi Era”. Jewish Virtual Library: A Project of Aice. 2019. Acesso em: 2024.

[25] - LAACHER, Smain. ELLMAN, Michael. “Migrant Workers in Israel - A Contemporary Form of Slavery”. Euro-Med Human Rights Network. 2003. Acesso em: 2024.

[26] - BURROW, Sharan. “Crossing through a checkpoint on your daily commute to work: life as a Palestinian worker in Israel”. General Secretary of the International Trade Union Confederation. Representing the world's working people, Medium. 2018. Acesso em: 2024.

[27] - “The Sinister Face of Neutrality: The Role of Swiss Financial Institutions in the Plunder of European Jewry”. Institute of the World Jewish Congress, Frontline. 1996. Acesso em: 2024.

[28] - “Bankrolling Abuse: Israeli Banks in West Bank Settlements”. Economic Justice and Rights, Human Rights Watch. 2017. Acesso em: 2024.

[29] - “The Boycott of Jewish Business”. United States Holocaust Museum, Holocaust Encyclopedia. 2021. Acesso em: 2024.

[30] - “Occupation, Inc. How Settlement Businesses Contribute to Israel’s Violations of Palestinian Laws”. Human Rights Watch. 2016. Acesso em: 2024.

[31] - STREIM, Alfred. “The Nazi Holocaust, Part 3, The "Final Solution": The Implementation of Mass Murder, Volume 2”. 1989. Acesso em: 2024.

[32] - “Mass Shootings at Babi Yar”. United States Holocaust Museum, Holocaust Encyclopedia. 2024. Acesso em: 2024.

[33] - MORRIS, Benny. “The Historiography of Deir Yassin”. The Journal of Israeli History, 24. 2005. Acesso em: 2024.

[34] - BERGMAN, Ronen. “Rise and Kill First: The Secret History of Israel's Targeted Assassinations”. Random House. 2018. Acesso em: 2024.

[35] - “Perpetrators: (Front for the Liberation of Lebanon from Foreigners)”. GTD. 2022. Acesso em: 2024.

[36] - WOOLF, Chris. “How a famous former Nazi officer became a hitman for Israel”. Conflict, The World. 2016. Acesso em: 2024.

[37] - LONGERICH, Peter. “Holocaust: The Nazi Persecution and Murder of the Jews”. Oxford University Press. 2010. Acesso em: 2024.

[38] - STOLTZFUS, Nathan. “Resistance of the Heart: Intermarriage and the Rosentrasse Protest in Nazi Germany”. Rutgers University Press. 1996. Acesso em: 2024. 

[39] - SCHWAB, Gerald. “The Day the Holocaust Began: The Odyssey of Herschel Grynszpan”. Bloomsbury Academic. 1990. Acesso em: 2024.

[40] - “Nothing is Imune”. Israel’s Destruction of Landmark Buildings in Gaza, Amnesty International. 2014. Acesso em: 2024.

[41] - IBRAHIM, Sally. “Israel ‘deliberately targets’ bakeries to inflict largest amount of casualties”. The New Arab. 2023. Acesso em: 2024.

[42] - “IMF: Israel must lift restrictions on Palestine economy”. Middle East Monitor. 2023. Acesso em: 2024.

[43] - ABED, George T. “The Palestinian Economy”. Studies in Development Under Prolonged Occupation, Routledge Library Editions: The Economy of the Middle East. 1988. Acesso em: 2024.

[44] - “The Anti-Nazi Boycott of 1933”. American Jewish Historical Society. 2009. Acesso em: 2024.

[45] - “Boycott Israeli Goods & Services”. Ireland Palestine Solidarity Campaign. 2023. Acesso em: 2024.

[46] - STONE, Dan. “Concentration Camps: A Very Short Introduction”. Oxford University Press. 2017. Acesso em: 2024.

[47] - RYN, Zdzislaw Jan. KLODZINSKI, Stanislaw. “Hunger in the concentration camps”. Medical Review Auschwitz. 2022. Acesso em: 2024.

[48] - “Lethal Combination of Hunger and Disease to Lead to More Deaths in Gaza”. World Health Organization. Genebra, 2023. Acesso em: 2024.

[49] - BRUSTAD, Jan. “Forced sterilisation in Auschwitz-Birkenau”. The Norwegian Center for Holocaust and Minority Studies. 2023. Acesso em: 2024.

[50] - SONG, Sister. “PALESTINE: A Reproductive Justice Issue”. US Campaign for Palestinian Rights. 2016. Acesso em: 2024.

[51] - “Nazi Camp System”. United States Holocaust Memorial Museum, Holocaust Encyclopedia. Acesso em: 2024.

[52] - AL TAHHAN, Zena. “Israel arrests almost as many Palestinians as it has released during truce”. Al Jazeera. 2023. Acesso em: 2024.

[53] - HAVRYSHKO, Marta. “Sexual Violence in the Holocaust: Perspectives from Ghettos and Camps in Ukraine”. Heinrich Böll Stiftung. 2020. Acesso em: 2024.

[54] - “Rights experts call for probe into alleged violations against Palestinian women and girls”. UN News, Global Perspective Human Stories. 2024. Acesso em: 2024.

[55] - “Nomeacão de rabino militar que justificou estupro causa polêmica em Israel”. Uol Notícias. 2016. Acesso em: 2024. 

[56] - “Mãos para cima: soldados israelenses tomam hospital Al Shifa de Gaza”. Mundo, Carta Capital. 2023. Acesso em: 2024.

[57] - LANDAU, Noa. “Anti-Zionism is the new anti-semitism says Netanyahu in Vienna conference”. Haaretz. 2018. Acesso em: 2024.

[58] “What is Anti-Zionism?” Anti-Zionism and Antisemitism, AJC: American Jewish Committee. 2024. Acesso em: 2024.

[59] HARB, Ali. “Anti-Zionism is antisemitism, US House asserts in ‘dangerous’ resolution”. Al Jazeera. 2023. Acesso em: 2024.

[60] POLKEHN, Klaus. “The Secret Contacts: Zionism and Nazi Germany”. University of California Press, Journal of Palestine Studies, Vol. 5, N. 3 & 4. 1976. Acesso em: 2024.

[61] GREEN, David B. “This Day in Jewish History, 1933: Jews Make a Travel Agreement With Nazi Germany”. Haaretz. 2016. Acesso em: 2024.

[62] ILNAI, Itay. “A Nazi Travels to Palestine: A Swastika and Star of David on One Coin”. Ynet. 2018. Acesso em: 2024.

[63] WINSTANLEY, Asa. “Zionist militias used nazi guns to suppress the palestinians”. Palestine is still the issue. 2023. Acesso em: 2024.

[64] ROSENBERG, Alfred. “Die Spur des Juden im Wandel der Zeiten”. 1937. Acesso em: 2024.