Durante os quase mil anos de presença muçulmana sobre a Península Ibérica (ou Hispânia), a região foi palco de uma constante miscigenação não apenas étnica, mas religiosa, uma vez que, na antiguidade medieval e moderna, a religião era, muitas vezes, um fator profundamente ligado à etnia, ainda que na prática não fosse bem assim. O Al-Andalus era, desse modo, a perfeita definição de um “proto-Brasil”, se formos pelo olhar do antropólogo brasileiro Darcy Ribeiro, que liga a nossa brasílica tradição de miscigenação à nossa herança ibérica, já predisposta à mistura pelos séculos de casamentos e proles hispano-lusitanas.

Na realidade, tão latente era essa mistura que originou-se uma ofensa, ou no mínimo uma zombaria, dos norte-europeus para com os ibéricos de que eles eram “europeus” ou “cristãos sujos” por seu “sangue ‘mouro’ e judeu”, notadamente entre os holandeses, inimigos dos espanhóis por ocasião de sua rebelião contra a Coroa Espanhola nos séculos XVI – XVII (um dos exemplos podem ser vistos num verso d’uma tradicional música holandesa da época da Revolta contra a Espanha, Merck toch hoe sterck, na frase hoor maraens trompetten, “ouça as cornetas dos mouros”, referindo-se aos corneteiros do exército espanhol).

Essa miscigenação, no entanto, não se limitou às linhagens comuns e às linhagens nobres tanto do Al-Andalus quanto do Mundo árabe-berbere, mas acabou envolvendo, mesmo, “sangue sagrado”. No livro “O Santo Graal e a Linhagem Sagrada”, os autores Michael Baigent, Richard Leigh, and Henry Lincoln dão voz ao farsante Pierre Plantard, alegado membro de uma sociedade secreta que se chamaria “Priorado de Sião”, dedicado a “proteger” a linhagem sanguínia legada por Jesus de Nazaré. O livro explora o tema e faz a ligação pseudo-histórica da suposta linhagem de Jesus que teria originado a realeza franca (um dos povos ancestrais dos modernos franceses) da Dinastia Merovíngia. A história toda é obviamente absurda, mas rendeu à cultura pop um grande ícone: a obra “O Código da Vinci” do autor norte-americano Dan Brown, que explora essa lore num thriller policial.

Apesar do maior nome da maior religião do mundo (o cristianismo) não ter deixado ‘herdeiros de sangue’, o maior nome da segunda maior religião do mundo (o Islã), Muhammad deixou muitos herdeiros de sangue: os chamados Ahl ul-Bayt ou “O povo da Casa do Profeta”, objeto de respeito em todo o Islã, persiste com várias linhagens até hoje. Os descendentes do Profeta Muhammad são chamados de Sayyids, e têm esta mesma palavra adicionada ao seu primeiro nome; alguns grandes sayyids foram grandes personagens da história islâmica, como santos, políticos, intelectuais e na atualidade famílias reais como as da Jordânia e do Marrocos.

É necessário notar e estressar, entretanto, que há uma diferença, que parece ser óbvia, mas pode gerar confusão quando não bem explicitada no estudo do tema: a diferença entre ser parente do do Profeta e ser descendente do Profeta. Os descendentes vêm tradicionalmente através únicamente dos filhos de Fátima, filha do Profeta casada com o primo do deste, Ali ibn Abu Talib, que perpetuou sua linhagem. O Profeta teve outras filhas como Ruqqaya e Umm Khulthum, mas sua prole não chegou (até onde sabemos) a passar adiante a Casa do Profeta, com muitos netos do Profeta falecendo na infância.

Como podemos ver no esquema genealógico acima, o Profeta teve sua descendência particular, mas sua parentela, da tribo dos Coraixitas, da parte de Umayya, também tiveram um protagonismo na História Islâmica e na história dos sayyids da Hispânia. Esse protagonismo foi, por vezes, sombrio, como a ocasião da Batalha de Karbala, quando o califa omíada (Umayya, da Casa de Umayya), Yazid, filho de Muawiya, esteve envolvido na morte de seus aparentados da Casa do Profeta, o Imã Hussein ibn Ali, neto do Profeta e Califa legítimo, e seu meio-irmão, ‘Abbas ibn Ali, junto de seus companheiros. Esse ramo de Muawiya e Yazid formava o “primeiro” ramo dos Omíadas, com os descendentes de Marwan. Ao mesmo tempo, o tio de Muhammad, Al-‘Abbas, deu origem à futura dinastia dos Abássidas.

A genealogia sempre foi algo muito importante entre culturas nômades para o reconhecimento entre si e para sua organização sócio-política; os árabes não foram exceção, tanto que os nomes árabes tradicionalmente são dados da seguinte maneira: Fulan ibn Fulan al-Fulan ("fulano", inclusive, é palavra de origem árabe para "anônimo"), que basicamente é: nome da pessoa + filho de fulano + pertencimento (al = de), com muitos nomes árabes sendo excessivamente longos a fim de compreender o máximo possível de ancestrais da pessoa.

A descendência do Profeta Muhammad espalhou-se junto com o Islã: os sayyids são hoje em dia muito difundidos por todo o mundo, indo do Marrocos (e, como veremos, do Al-Andalus) até a Indonésia.  No Império Turco-Otomano, os sayyids formavam uma espécie de “nobreza paralela”, e lhes era reservado o direito de usarem turbantes da cor verde (a cor do Islã e da Ahl ul-Bayt) para indicarem seu status. Similarmente, nas comunidades turcas alevis, apenas podem tornar-se babas (equivalente a um sheykh sunita) aqueles que descendem do Profeta, usando ao redor do seu chapéu branco uma fita ou pano verde.

No Iraque, local onde viveram os sucessores de Hussein, filho de Ali, genro e primo do Profeta Muhammad, há uma considerável comunidade de sayyids, que também se encontram em números espantosos na Índia: cerca de 7 milhões de sayyids no país asiático. Metade de uma cidade de São Paulo inteira habitada por pessoas que podem traçar sua descendência até o Profeta do Islã, ou reivindicar o mesmo. Há, ainda, várias “tribos”, ou braços, aos quais os sayyids reinvindicam pertencimento: Hasani (descendentes de Hassan), Husaini (descendeents de Hussein), Zaidi (descendants of Zayd ibn Ali, neto de Hussein), Rizvi, (descendentes de Ali al-Ridha), e Naqvi, além de sua “sub-casta” Bukhari (descendentes de Ali al-Hadi). Na Índia, também, foram conduzidas pesquisas genéticas autossomiais nos indianos sayyids; o resultado foi a evidência de uma comunidade tão diversa quanto qualquer indiano, mas com um diferencial substancial do resto da população: um forte componente arábico na sua piscina genética, praticamente ausente no resto da população, confirmando que, ao menos, alguns dos ancestrais desses sayyids, mesmo que distante, realmente tiveram sua origem em terras árabes. Desse modo, os sayyids também fizeram seu caminho para o Al-Andalus.

Apesar da descedência de mulheres ser a principal fonte de genealogia sayyidina (a descendência do Profeta Muhammad sas é, como vimos, tradicionalmente dita ter sido passada através de suas filha Fátima; outra possibilidade fora deste ramo seria alguma descendência de Yahya ibn Mughira, filho de Amana, neto de Zaynab e bisneto do Profeta), a descendência da mulher não era, no mundo islâmico nobiliárquico em geral, levada 'a sério' como fonte de progressão da descedência do Profeta: a descendência masculina era mui preferível. Al-Andalus, no entanto, configurou como uma das notáveis exceções à essa regra existentes por todo o Mundo Islâmico, e veremos o por quê.

Assim que as tropas e nobres árabes e berberes pisaram em solo hispânico, derrotaram o rei visigodo Roderigo (Rodrigo), começou a “farra” dos casamentos e miscigenações, além de conversões dos nativos ao Islã. Ziyād ibn al-Nābighah al-Tamīmī, um nobre, casou-se com uma das filhas do conde visigodo Theodomir; já ‘Īsa ibn Mazāḥim, outro nobre, casou-se com Sara A Visigoda, a neta de ninguém menos que o rei visigótico Wittiza, e entre seus descendentes estava o historiador e filósofo andaluzo Abū Bakr ibn al-Qūṭiyah (falecido em 977). Abd al-‘Azīz ibn Mūsa ibn Nuṣayr (falecidoem 716), casou-se com a viúva do rei Roderigo, Egilona. Esse hábito de casar-se com nativos não se restringiu, todavia, à nobreza e militaria árabe-berbere: as “classes médias” (artesãos, funcionários públicos e militares de patente humilde) e a plebe comum também contribuíram significativamente para a miscigenação do Al-Andalus, com os nativos, - que muitas vezes nem eram tão nativos assim, mas sim invasores também –, não raramente também convertendo-se ao Islã no processo.

Posteriormente, seria ainda estabelecida uma nova “tradição” miscigenatória: os emires omíadas aquiriram o costume de casar-se com mulheres bascas e galegas, apriorísticamente aquelas capturadas em ataques-relâmpago dedicados a saques nas fronteiras do Norte da península, que se tornaram tão frequentes na história hispano-andalusa que viraram uma rotina. Uma delas foi a mãe do Emir Hishām ibn ‘Abd al-Raḥmān (falecido em 796) era uma nativa ibérica chamada em árabe de Hawra, assim como a mãe de al-Ḥakam ibn Hishām (falecido em 822) também era uma escrava ibérica, cujo nome arábico era Zakhraf.

Para termos mais dimensão de como a sociedade do Al-Andalus era não apenas miscigenada em seu âmago, mas fora dela também: a mãe do Califa de Córdoba ‘Abd al-Rahman III (falecido em 961), uma escrava cristã chamada Mazina, sendo que o próprio Califa era neto de Íñiga Fortúnez, princesa de Navarra. Já sua tia, era Toda Aznárez, regente do Reino de Navarra, que era irmã do pai do Califa, Muhammad. Essa ligação familiar levou Toda a ir à corte de ‘Abd al-Rahman III junto de seu neto, o rei Sancho I de Leão e seu filho, García Sánchez I de Pamplona para garantir uma trégua entre eles; extasiado pela visita familiar de sua parentela cristã, o Califa não apenas definiu uma trégua como enviou soldados muçulmanos para ajudar seus familiares a retomarem o Reino da Galícia, usurpado.

Como podemos ver, esses casamentos mistos inter-religiosos e inter-étnicos eram comuns tanto no Sul muçulmano quanto no Norte cristão, ainda que o casamento de mulheres cristãs com muçulmanos fosse incomparavelmente mais numerosos que o de mulheres muçulmanas com cristãos, dada à proibição islâmica de mulheres crentes se casarem com não-muçulmanos.

Com isso, o casamento misto não era algo limitado aos muçulmanos andaluzos com seus comandantes, emires e califas se casando com mulheres cristãs, mas também houveram casos de muito específicos de mulheres muçulmanas casando com nobres e reis cristãos, também. Esse foi o caso da família de sayyidinas dos Banu Qasi, do Norte da Península.

Até agora falamos dos casamentos entre os membros de nobreza e plebe do Al-Andalus, mas não falamos especificamente sobre a linhagem do Profeta nesse contexto. Infelizmente um problema a ser enfrentado na exposição do tema da Linhagem do Profeta no Al-Andalus: houve, e de certa forma ainda há hoje em dia, uma ignorância grande dos estudos islamo-árabes na península Ibérica. As informações que encontramos costumam, todavia, terem uma pitada de fantasia somada à realidade, como é o caso dos semi-lendários Infanções da Maia, ligados aos Omíadas de Córdoba.

A maioria dos emires e até mesmo califas do Al-Andalus eram, de fato, muwalladis, ou mulladis, isto é, eram ibéricos de famílias tradicionalmente ibéricas, nativas da Ibéria, que se converteram ao Islã e, com isso, ganharam renome e destaque. Mesmo entre a Dinastia Omíada, originalmente árabe, isto se tornou uma realidade, graças aos casamentos com os nativos.

Dentre sayyidinas que podemos citar e que não são nem sequer muçulmanos, mas cristãos, descendentes do Profeta (sas), frutos destes casamentos, estão os filhos da herdeira do último alcaíde (uma espécie de governador ou juiz dos muçulmanos de determinada comarca) de Faro, Madragana ben Aloandro, e de Afonso III, Martim Afonso Chinchorro e Urraca Afonso. A alcaida do Faro, por sua vez, foi governada até 1249 pelos Banu Harun, descendentes dos senhores feudais da taifa de Santa Maria do Garb, quando tiveram sua taifa anexada àquela de Sevilha, de forma pacífica, mantendo-se como uma família nobre em suas outrora terras.

Em 1302, já sob domínio cristão (a região do Faro foi conquistada no século XIII), um membro dos Banu Harun foi nomeado como alcaide dos mouros (mudéjares) da região do Faro por el-rei Dom Dinis de Portugal, o que pode implicar em um certo parentesco entre eles. Do mesmo modo que ‘Abd al-Rahman III conecdia favores a seus familiares cristãos, agora Dom Dinis assim o faria com seus familiares muçulmanos.

Os Banu Harun eram mulladis, eram uma família nobre de hispânicos convertidos à Fé Islâmica. Era comum, no contexto que já foi acima explicitado, que se fizessem casamentos com diferentes famílias nobres para um clã legitimar-se, agindo assim de modo que se casassem com famílias árabes e/ou berberes: se essa família fosse descendente do Profeta, então, esse era o bingo da época, a grande mega-sena do Al-Andalus. Desse modo, famílias tradicionais e originalmente hispânicas juntaram-se às fileiras dos sayyids. A partir de Sancho III, O Grande, a miscigenação estava tão diluída na nobreza dos reinos que todos os monarcas cristãos da Hispânia já passam a ser descendentes do ProfetaMuhammad, em alguns casos, mesmo, várias vezes, pois os casamentos ocorridos entre as várias casas reais possibilotaram a essa ocorrência.

Há três grandes ramos hispânicos descendentes do Profeta Muhammad:

  • Os Banu Qasi;
  • Os Umayyad ;
  • Os Bannu 'Abbas;
  • Os Banu Qasi os Laras

Sem dúvida quem mais nos legou ascedência através dos séculos de linhagem sayyidina, vinda principalmente dos Omíadas, foram os Banu Qasi (ou Cássios) e os Laras. A seguir, veremos a genealogia destes dois, respectivamente:

Umm Khulthum bint ‘Ali (629? – 681?) filha de Fátima e de ‘Ali e neta do Profeta (sas), casou-se com 4 homens, um deles foi o Califa Omar ibn al-Khattab, com quem teve Ruqayya bint ‘Omar, que se casou com Marwan ibn al-Hakam, que viria a ser também califa. Nesta descendência está o ramo que chegará com os Emires e Califas Omíadas a al-Andalus. Tiveram um filho, Abd al-Malik, futuro califa.

Segue o esquema de sucessão desade Abd el-Malik até os Al-Andalus:

‘Abd al-Malik (659? – 705), --->‘Abd al-‘Azîz (660? - ?), Governador do Egipto ---> Califa ‘Umar II ibn ‘Abd al-‘Azîz ---> Muhammad (662? - ?) ---> Amina (664? - ?) ---> ‘Umar (670-740) --->Amina bint Marwan (664? - ?), casada cerca de 678 com Mûsâ ibn Nusayr al-Bakrî (640-c.718) ---> ‘Abd Allah ibn Mûsâ, sucedeu a seu pai no governo de Ifriqyia (África do Norte) ---> ‘Abd al-Malik ibn Musa, que seu pai colocou como governador de Tânger ---> Marwan ibn Musa, que acompanhou Tariq ibn Ziyad na primeira ofensiva, em 711 ---> ‘Abd al-Aziz ibn Musa (682? – 715), terceiro governador de al-Andalus, casou em 713 com Egilona, viúva do rei Rodrigo e parente de Cássio, conde de Saragoça, quem iniciou e nomeou a dinastia dos “Banu Qasi”, ou “Tribo dos Cássios”, ou mesmo “Filhos de Cássio”, que converteram-se ao Islã e governaram certa porção de terra entre Navarra e Aragão.

Mais tarde, avançando na genealogia dos Banu Qasi, temos Lubb Ibn Musa, (n.c. 830 - ?). Casou com ‘Ajab Al-Bilatiyya, mulher nobre árabe. --- > Awriya bint Lubb ibn Musa, n.c. 850. Casou com Fortun Garcês, Rei de Pamplona. --- > Onega Fortunes / Durr, que casou com ‘Abd Allah Ibn Muhammad, 7.º Emir de Córdoba --- > Toda Aznares, casou com Sancho I Garcês, 4.º Rei de Pamplona, filho de Garcia II Jiménez, Regente de Pamplona e de Dadildis de Bigorre. Foram pais de: Orbita Sanchez. Casou com Al-Tawil, Senhor de Huesca. Onega Sanchez de Pamplona. Casou com Afonso IV, Rei de Leão. Sancha Sanchez de Pamplona. Casou três vezes, tendo descendência do terceiro casamento, com Fernão González, conde de Castela. Urraca Sanchez de Pamplona. Casou com Ramiro II, Rei de Leão. Velasquita Sanchez de Pamplona e Garcia II Sánchez, 5.º Rei de Pamplona --- > Sancho II Garcês “Abarca”, 6.º Rei de Pamplona, (935 – 994) --- > Garcia IV Sanchez, 7.º Rei de Pamplona --- > Garcia III Sanchez, 7.º Rei de Pamplona --- > Sancho III, O Grande, 1.º Rei de Navarra e 1.º Rei de Castela, a partir do qual todos os monarcas cristãos descendem do Profeta Muhammad.

De Sancho, vários tiveram descedência, dentre o qual a família nobre dos Castros, através de Sancho Aybar.

A família nobre dos Laras, por sua vez, traçam sua ascedência de Sayyid ‘Abd al-Rahman III, o já conhecido Califa de Córdoba.

‘Abd Al-Rahmân III, 8º Emir (912 - 929) e 1º Califa de Córdoba (929 - 961) (Al-Nasir li-Dini’llah [O Vitorioso pela religião de Deus]). Pai de Al-Hakam II, 2º Califa de Córdova (Al-Mustansir bi’llah [O que busca a Vitória por Deus]) (961- 976). Pai de Mawiyah Bint Al-Hakam (n. c. 970). Casou com Gonzalo Gustios (ou Godesteis) de Lara. Foram pais de Nuno / Munio González De Lara (n. c.990). Foram pais de Gonzalo Nuñez / Muñoz De Lara, conde das Astúrias. Casou com Eylo Muñoz. Foram pais de Nuno / Munio González De Lara, conde das Astúrias. Foi pai de Gonzalo Nuñez / Muñoz De Lara, Conde de Lara. Casou com Sandina Rodríguez. Foram pais de Rodrigo González De Lara, conde de Liébana, que casou com a infanta Sancha de Castela.

Temos aqui uma pequena demonstração da extensa e praticamente infindável lista de personalidades históricas nobiliárquicas que detém sangue do Profeta Muhammad do Islã, algo que pode parecer irônico, uma vez que muitas das personalidades aí contidas (ou não-contidas) que detinham o sangue da Ahl ul-Bayt ou, no mínimo, dos Banu Hashim (o clã do Profeta Muhammad sas), não apenas eram cristãos, mas acabaram por tomar parte no processo histórico conhecido como Reconquista, dedicado, ironicamente, a extirpar o controle hispano-islâmico das áreas ao Sul da Penínula Ibérica; ou no mínimo, é isso que querem que pensemos: que a história da Hispânia Medieval é uma dicotômica e intermitente luta entre mouros e cristãos, sendo que, na realidade, esse maniqueísmo corresponde a uma parte específica da história ibérica. A outra parte é justamente o que vimos neste artigo: relações familiares, ora de ajuda, ora de contenda, tudo permeado pelo sangue do Profeta, que ora era derramado do lado muçulmano, ora o era do lado cristão.

Bibliografia usada:

  • DESCENDÊNCIA HISPÂNICA DO PROFETA DO ISLÃO - Exploração de algumas linhas primárias – António Rei, Instituto de Estudos Medievais / FCSH – UNL.
  • Al-Jawānib al-Ijābiyah wal Silbīyah fī al-Zawāj al-Mukhtalaṭ fī al-Andalus, Dr. ‘Abd al-‘Azīz Sālim’s (Rabat, 1994).
  • https://ballandalus.wordpress.com/2015/08/04/intermarriage-between-muslim-and-christian-dynasties-in-early-medieval-iberia-711-1100/