A Universidade de Sankoré
Autor: Lucas de Oliveira Ralla 24/07/2023Uma madraça islâmica é uma instituição educacional tradicional do mundo muçulmano, comumente encontrada em países de maioria muçulmana. O termo "madraça" é derivado da palavra árabe "madrasah," que significa "escola" ou "local de estudo". As madraças têm uma longa história, remontando aos primeiros séculos do Islã, e desempenharam um papel fundamental na disseminação do conhecimento religioso, bem como de outras disciplinas acadêmicas.
O principal objetivo de uma madraça islâmica é fornecer educação islâmica e treinamento religioso aos estudantes, conhecidos como "talib" ou "talibah" (plural de talib). As madraças tradicionais geralmente se concentram no ensino do Alcorão, da língua árabe (para permitir a compreensão do Alcorão) e da jurisprudência islâmica (fiqh). Além disso, os estudantes podem aprender sobre a tradição do Profeta Muhammad (Hadith), teologia islâmica (Aqidah), história islâmica, e outras ciências islâmicas, como o Sufismo (tasawwuf).
Historicamente, as madraças também foram importantes centros de aprendizagem e disseminação do conhecimento em áreas como matemática, astronomia, medicina, filosofia, literatura e outras disciplinas acadêmicas.
As madraças detêm um protagonismo social importante nas sociedades muçulmanas ao redor do mundo.
No início da história do período islâmico, o ensino era geralmente realizado em mesquitas, e não em instituições especializadas separadas. Embora algumas grandes mesquitas antigas como a Grande Mesquita de Damasco ou a Mesquita de Amr ibn al-As no Cairo tivessem salas separadas dedicadas ao ensino, essa distinção entre "mesquita" e "madraça" não estava muito presente.
Uma das primeiras “madraças” formais foi a de al-Qarawiyyin, fundada em 859 na cidade de Fes, atual Marrocos, que é também considerada a universidade mais antiga do mundo por alguns estudiosos.
Segundo a tradição, a mesquita al-Qarawiyyin foi fundada por Fāṭimah al-Fihrī, filha de um rico comerciante. Isso foi seguido mais tarde pelo estabelecimento Fatímida da Mesquita al-Azhar em 969–970 no Cairo, inicialmente como um centro para promover os ensinamentos ismaelitas, que mais tarde se tornou uma instituição sunita sob o domínio Aiúbida.
Outra, também fundada na África nos primeiros séculos do Islã, foi a madraça da Mesquita de Al-Zaytuna. Fundada no século VIII (por volta de 703 ), a madraça de Al-Zaytuna é considerada uma das mais antigas universidades em operação contínua do mundo. Recebeu o nome da árvore da oliveira ("Zaytuna" significa oliveira em árabe), que não existia no local. A madraça era uma instituição de prestígio da educação islâmica, atraindo estudantes e estudiosos de diferentes partes do mundo islâmico. Ele desempenhou um papel crucial na promoção do conhecimento islâmico, jurisprudência, teologia e várias ciências.
Nos séculos seguintes, o sistema de madraças viria a se popularizar e tomar forma, especialmente na África, que viria a se tornar o polo exportador do modelo de madraças para o resto do mundo islâmico. Uma delas estava localizada em Timbuktu, no Mali, e era conhecida como a Madraça de Sankoré.
A mesquita e a madraça de Sankoré, num cartão-postal francês de 1905-06.
A Universidade, ou Madraça, de Sankoré, tem suas raízes na adjacente Mesquita Sankoré, que foi construída quase na mesma época que al-Azhar, por volta de 988 d.c. com o apoio financeiro de uma mulher da tribo Malinke, que estava no início de sua islamização no século X. É de se notar o protagonismo das mulheres na fundação das mesquitas e madraças, mais uma evidência de que a mulher muçulmana não apenas era integrada à sociedade islâmica, mas era plenamente ativa nela.
Como a de Timbuktu era a muito tempo era um destino para comerciantes muçulmanos interessados nas riquezas da região – particularmente o ouro e o marfim -, a mesquita recebia visitantes constantemente. Com o tempo, o influxo de comerciantes e acadêmicos viajando por aquelas bandas faria com que a cidade, e consequentemente a mesquita, se expandissem.
Esse crescimento em torno de Timbuktu não foi, entretanto, resultado apenas do livre-comércio na região: o patrocínio dos governantes do Império do Mali (1230–1672) e, posteriormente, do Império Songhai (1464–1591) foram cruciais para o aumento e manutenção da cidade e suas instituições.
Um desses mecenas da infraestrutura e intelectualidade foi justamente o fundador e grande patrocinador da Universidade de Sankoré, o Mansa do Mali Musa I, conhecido como Mansa Musa, que reinou entre 1312 e 1337.
Considerado o maior e mais eficiente governante do Império do Mali – além de o homem mais rico do mundo -, Musa decidiu que estava na hora de Timbuktu se tornar uma cidade islâmica completa, assim como Fez, Cairo ou Bagdá; assim, fundou a Madraça de Sankoré, ao juntamente da mesquita já existente de mesmo nome.
Para além do ouro e marfim: Mansa Musa do Mali é considerado um dos grandes patronos do Islã sunita malikita na África Ocidental.
Com o influxo constante de acadêmicos, juristas e sufis muçulmanos constante, muitos dos quais eram convidados e trazidos pelo próprio Mansa, a madraça de Sankoré acumulou uma riqueza de livros vinda de todo o mundo muçulmano, tornando-se não apenas um centro de adoração, mas também um centro de ensino religioso.
Nesse começo, a madraça de Sankoré não tinha administração central, registros de alunos ou curso de estudo prescrito, de modo que escola foi dividida em várias madraças individuais. Lá eram estudados os princípios corânicos básicos, como a recitação e a exegese, com o ensino progredindo para outros temas, como os hadiths e aqidah, conforme o estudante também fosse progredindo.
Um outro tema estudado era o de fiqh, isto é, a jurisprudência islâmica, notadamente a vertente da Madhab Maliki, ou Escola Malikita, fundada pelo Imam Malik ibn Anas e adotada e patrocinada por Mansa Musa. Musa trouxe inúmeros estudiosos malikitas para Timbuktu após a sua famosa peregrinação à Meca, com esses estudiosos se estabelecendo e ensinando principalmente em Sankoré.
No final do reinado de Mansa Musa, a madraça estava totalmente equipada com as maiores coleções de livros da África desde a Biblioteca de Alexandria, contando com cerca de 300 a 400 mil volumes.
Mesmo após a morte de Mansa Musa, nos reinados de seus sucessores, a reputação de Timbuktu continuou a trazer grande notoriedade para a madraça de Sankoré. Por causa dela, os livros na cidade tornaram-se mais valiosos do que qualquer outra mercadoria – bem mais que o ouro e marfim que fizeram a fama de Mansa Musa - e bibliotecas particulares eram comuns nas casas dos estudiosos locais. Além disso, a grade de ensino começou a se tornar cada vez mais completa e complexa.
Sankoré e Timbuktu se tornaram um grande polo da intelectualidade islâmica mundial, com os livros e manuscritos sendo os produtos mais valorizados da cidade.
Os manuscritos e livros encontrados na madraça falam de sua relação com outros centros islâmicos de aprendizado, evidenciando que as ligações que haviam entre o Mali e o resto do mundo islâmico não eram apenas comerciais, mas religiosas – Timbuktu não deixava nada a desejar ao Cairo, no Egito, ou a Córdoba, no al-Andalus, nestas questões.
Com o declínio do Império do Mali no final do século XV e ascensão do Império Songhai sob Askia Muhammad, Timbuktu foi tomada pelos songais, que continuaram a tradição de financiar a cidade, suas mesquitas e sua grande madraça.
O Império Songhai, por sua vez, inaugurou a idade de ouro da madraça Sankoré, atraindo estudiosos de lugares tão distantes como Egito e Síria. A madraça chegou a matricular mais estudantes estrangeiros em suas classes, no século XVI, do que a atual Universidade de Nova York em 2008.
O nível de aprendizado na Universidade Sankoré nessa época chegava a ser superior ao de muitos outros centros islâmicos no mundo, com seus estudiosos sendo quase todos hajjajis, isto é, tendo completado o Hajj pelo menos uma vez na vida. O comércio de livros continuou sendo um dos aspectos mais importantes da universidade, onde milhares e milhares de manuscritos foram escritos.
Em seu auge sob os songais, a madraça de Sankoré era capaz de abrigar cerca de 25.000 estudantes e tinha uma das maiores bibliotecas do mundo, abrigando entre 400.000 e 700.000 manuscritos.
O Império Songhai desenvolveu o Mali como um centro de comércio e usou o crescente poder econômico para promover o aprendizado islâmico. A própria Timbuktu abrigou cerca 150 escolas corânicas que orbitavam em torno de Sankoré, e se tornou um importante centro educacional no mundo muçulmano, produzindo influentes juristas, historiadores, médicos e teólogos.
A madraça era dividida em várias escolas individuais, cada uma dirigida por um ulemá. Como tal, é um dos primeiros exemplos de um sistema que lembra o moderno sistema residencial universitário.
A maioria dos alunos tinha um único professor durante toda a sua educação de 10 anos, tendo um relacionamento semelhante ao de um membro de uma tariqa - o que não é surpresa, pois a maioria dos professores vinha de famílias ricas e religiosas que eram membras do da tariqa Qadiriyya.
As aulas eram comumente dadas na mesquita ou na casa do professor. Embora a maioria das madraças fosse financiada por benfeitores por meio de doações, incluindo dos governantes, grande parte dos alunos da madraça tinham que financiar seus estudos com dinheiro próprio ou mercadorias trocadas.
O sistema educacional de Sankoré era incrivelmente semelhante ao atual, evidenciando o pioneirismo da instituição. O primeiro grau era o da escola do corânica, e exigia o domínio do árabe e de certas línguas africanas e da escrita, juntamente com a memorização completa do Alcorão, com os alunos também sendo introduzidos às ciências básicas neste nível.
O sistema educacional de Sankoré: pioneiro e, ao mesmo tempo, tradicional.
O grau secundário era o de estudos gerais e basilares que não eram apenas religiosos. Os alunos aprendiam gramática, matemática, geografia, história, física, astronomia e química juntamente com uma aprendizagem mais avançada do Alcorão. Nesse nível, eles aprendiam os hadiths, fiqh e as ciências da purificação espiritual de acordo com o Islã, isto é, o sufismo. Finalmente, eles iniciavam uma introdução ao comércio islâmico e à ética nos negócios.
No dia da formatura, os alunos recebiam seus “diplomas”, que eram turbantes brancos simbolizando a luz divina, sabedoria, conhecimento e excelente conduta moral. Depois de receber esse diploma, os alunos se reuniam do lado de fora do prédio de exames ou da biblioteca principal do campus e jogavam seus turbantes para o alto, aplaudindo, de maneira incrivelmente semelhante às colações de grau feitas hoje em dia nas universidades ocidentais.
Já o grau superior exigia que os alunos estudassem com professores especializados e realizassem trabalhos de pesquisa. Grande parte do aprendizado centrou-se em debates para questões filosóficas ou religiosas. Antes de se formar neste nível, os alunos se apegavam a um Sheik, que atuava quase como um orientador de TCC, e tinham que demonstrar um caráter forte.
Os estudiosos frequentemente recebiam perguntas dos soberanos ou governadores da região e as distribuíam aos alunos do terceiro nível como tarefas de pesquisa. Depois de discutir as descobertas entre si, os estudiosos emitiriam uma fatwa sobre a melhor maneira de lidar com o problema em questão.
O último nível de aprendizado em Sankoré era o nível de juiz ou professor. Um aluno de terceiro nível que impressionou seu Sheik o suficiente era admitido em um "círculo de conhecimento" e valorizado como um indivíduo verdadeiramente instruído e especialista em seu campo. Os membros deste clube de estudiosos são semelhantes ao conceito moderno de professores titulares.
Esses formandos de último nível trabalhavam principalmente como juízes para a cidade e em toda a região, dispersando homens eruditos para todas as principais cidades do Mali. Os que não deixaram Timbuktu permaneceram para ensinar ou aconselhar os líderes da região em importantes questões legais e religiosas.
Esse sistema brilhante de ensino era possível graças ao patrocínio estatal e aos estudiosos empregados na universidade de Sankoré, que eram da mais alta qualidade. Os estudiosos eram talentosos em várias disciplinas e empregados não apenas para ensinar os alunos da universidade, mas para espalhar a influência da madraça para outros lugares. Assim, muitos estudiosos foram posteriormente empossados como professores em universidades no Marrocos e no Egito.
Não existia um currículo completo para estudos islâmicos e corânicos no mundo muçulmano até que escolas como a madraça de Sankoré padronizassem um método de educação que, espalhando-se, tornou-se mais ou menos padrão através do mundo islâmico.
Esse currículo desenvolvido em Sankoré pode ser sintetizado nas seguintes matérias:
- Recitação e memorização do Alcorão;
- Língua árabe, escrita e falada;
- Línguas africanas;
- Ciências islâmicas, como fiqh, ahadiths e tasawwuf;
- Economia islâmica e ética;
- Ciências seculares, como matemática, geografia e química.
Sob a direção de Askia Daoud, governante do império Songhai de 1549 a 1583, a universidade foi reformada e ampliada para abranger 180 instalações, cada instalação sendo liderada por um ulemá, num total de 180 estudiosos.
Sob o governo dos Askias, de Songhai, a Madraça de Sankoré atingiu seu apogeu.
Nesse mesmo período, entre 1578 e 1582, a adjacente mesquita de Sankoré foi restaurada pelo Imam Al-Aqib ibn Mahmud ibn Umar, o Qadi-Mor de Timbuktu. O Imam al-Aqib demoliu a mesquita e a reconstruiu com as dimensões do santuário da Caaba em Meca. Poucos dias após a morte de Askia Daoud, o último monarca do Império Songhai, IImam al-Aqib, o restaurador da mesquita e chefe Qadi de Timbuktu, morreu de causas naturais.
Na reta final do século XVI, em 1591 DC, o Sultão do Marrocos Ahmad al-Mansur invadiu e saqueou Songhai após a Batalha de Tondibi, pilhando também nesse processo a madraça de Sankoré e arrasando Timbuktu, que nunca mais viria a recuperar a glória perdida.
A madraça conseguiu continuar funcionando enquanto instituição de ensino, mas assim como a cidade, nunca conseguiu se recuperar totalmente desde então
Atualmente a madraça está em risco com o aumento da urbanização e da construção contemporânea em Timbuktu. No entanto, existem vários comitês de restauração e proteção financiados pelo governo para evitar mais danos, como planos de longo prazo para criar uma zona tampão de 500 pés para proteger a madraça e criar uma estrutura de desenvolvimento urbano sustentável.
Apesar desse trágico declínio, o legado de Sankoré permaneceu vivo através dos séculos até o século XX e XXI adentro graças aos grandes notáveis que nela se formaram e ao seu sistema inovativo de disciplinas religiosas, que formaram as bases do ensino islâmico mundial moderno e ajudaram no florescimento de outras madraças na África e além, tais como a própria al-Azhar, no Egito e as madraças de Bou Inania e As-Saffarin em Fez, no Marrocos, estas duas últimas fundadas no século seguinte.
Da África, a primeira parada do sistema de madraças foi o Al-Andalus: no século XIV, foi estabelecido em Granada pelo a Madraça Nasriya, que é considerada por muitos como sendo a primeira madraça oficial e documentada de al-Andalus, estabelecida pelo emir nacérida de Granada Yusuf I.
Apesar disso, há debates e discussões sobre a fundação de uma escola islâmica em Múrcia com o aval do monarca Alfonso X (1221 – 1284), sendo essa “Madraça de Múrcia” citada em tratados pelo jurista árabe Ibn Farhun (1358 - 1397) em sua biografia do poeta Ibn Sukkara, o que leva muitos estudiosos a crerem que as madraças chegaram ao al-Andalus mais cedo que se imagina.
Esses desenvolvimentos educacionais andaluzos e sua multidisciplinaridade são tidos como influenciadores das primeiras universidades cristãs da Europa, como a Universidade de Bolonha, fundada em 1088 e considerada a primeira universidade do Ocidente. A sua fundação ocorreu no contexto da Idade Média europeia, durante um período em que o ensino superior estava se desenvolvendo a partir do sistema religioso dos mosteiros católicos.
No início, ela era uma instituição focada principalmente em estudos de direito, e seu sistema de ensino e organização acadêmica se tornou um modelo para outras universidades europeias que surgiram posteriormente. A Universidade de Bolonha continua a desempenhar um papel significativo na educação e pesquisa até os dias atuais, e sua trajetória – assim como a das universidades sucessoras – pode ter sido influenciada pelo desenvolvimento das madraças árabes e andaluzas no mesmo período.
A madraça existe e funciona até hoje em Timbuktu, no Mali.
Alguns estudiosos importantes radicados em Sankoré incluem Abu Abdallah, Ag Mohammed ibn Utman, Ag Mohammed Ibn Al-Mukhtar An-Nawahi, sendo o estudioso mais influente, sem dúvida, o Sheikh Ahmad Bamba, que serviu como reitor final da Madraça de Sankoré. Sua vida é um exemplo brilhante da amplitude e profundidade da atividade intelectual da África Ocidental antes do colonialismo. Ele foi o autor de mais de quarenta livros, com quase cada um constituindo um tema diferente. Ele também foi um dos primeiros cidadãos a protestar contra a conquista marroquina de Timbuktu em 1591. Eventualmente, ele, junto com seus colegas estudiosos, foi preso e exilado no Marrocos, o que levou à perda de sua coleção pessoal de 1.600 livros, que era uma das bibliotecas mais ricas de sua época.
Além de seu tempo trabalhando em seus estudos teóricos e na preservação do conhecimento, os estudiosos de Timbuktu eram extremamente piedosos. Muitos embarcaram no Hajj, a peregrinação religiosa a Meca, e aproveitaram essa oportunidade para manter discussões com estudiosos de outras partes do mundo muçulmano. No caminho para casa, os estudiosos mostraram sua natureza humilde aprendendo com outros estudiosos importantes no Cairo e se voluntariando para ensinar alunos de outras escolas em Kano, Katsina e Walata.
Desse modo, fica claro para nós que essas primeiras madraças na África contribuíram significativamente para a preservação e o avanço da erudição e do aprendizado islâmico na região, gerando, assim, através do seu pioneirismo de ensino (que muito se assemelha ao ensino e à grade curricular moderna, não apenas no mundo muçulmano, mas fora dele também) tiveram um impacto duradouro no desenvolvimento da educação no mundo muçulmano e, quiçá, do mundo todo.
Bibliografia:
- Saad, Elias N. (1983). Social History of Timbuktu: The Role of Muslim Scholars and Notables 1400–1900. New York: Cambridge University Press.
- Henrik Clarke, John. “The University of Sankore at Timbuctoo: A Neglected Achievement in Black Intellectual History.” The Western journal of black studies 1.2 (1977).
- "The University of Sankore, Timbuktu". Muslim Heritage. 2003-06-07.