As referencias ao Islã no sucesso de Duna, e as dezenas de termos árabes da série
Autor: Guilherme Freitas 24/12/2021Publicado originalmente em 1965 e escrito por Frank Herbert, Duna é um romance de ficção científica muito famoso e influente na história literária e nos gêneros em que se propõe, recebendo adaptação recente aos cinemas em 2021. Muito embora a obra seja situada em um futuro distante e envolva todo um império intergaláctico e feudos planetários, as referências árabes e islâmicas estão constantemente presentes tanto nos escritos quanto na adaptação cinematográfica, seja na própria ambientação, léxico, temas e assim por diante.
Apesar de nem sempre as referências serem sutis, algumas acabam sendo percebidas apenas por leitores/espectadores mais atentos ou até mesmo estudados na religião islâmica e nos aspectos culturais e sociais do Oriente Médio e África. O presente artigo terá como foco principal a versão cinematográfica da saga lançada em 2021 sob a direção de Denis Villeneuve e disponível no serviço de streaming da HBO, sem negligenciar, contudo, a série de livros que foram escritos.
Muitos leitores do História Islâmica já estão familiarizados com o termo orientalismo e suas implicações, mais especificamente a abordagem eurocêntrica e enviesada ocidental a respeito dos estudos islâmicos e do Oriente Médio, principalmente durante o período onde as grandes potências europeias colonizaram diversos países islâmicos nos séculos XVIII e XIX. A obra de Herbert, apesar de ser o autor um estadunidense, acaba surgindo em meados da década de 60 como um golpe às visões orientalistas.
Ambientação e habitantes de Duna
A primeira referência explícita de Duna que cumpre observar, e talvez a mais óbvia aos olhos do espectador do novo filme, é a ambientação onde o universo está inserido, mais especificamente no planeta Arrakis.
Arrakis é um planeta desértico, o que por si só já é uma referência à própria Arábia. O próprio filme que estreou em 2021, além de ter sido gravado em estúdio, foi também gravado in loco nos desertos da Jordânia e dos Emirados Árabes Unidos.
No planeta Arrakis, também chamado de Duna justamente pelo seu bioma árido e desértico, existe uma especiaria de grande valor no universo fictício chamado melange. Essa especiaria, conhecida pelo seu nome alternativo de “especiaria das especiarias”, é uma espécie de droga psicodélica com várias características peculiares que a transformam na commodity mais importante de todo o universo. Em primeiro lugar, a mesma dá ao usuário uma vida mais longa, maior vitalidade e melhor percepção, assim como também pode liberar a presciência em alguns humanos, dependendo da dosagem e da fisiologia do consumidor. Com base nesses efeitos, principalmente pelas propriedades de aumento da presciência, a melange permite aos pilotos da Guilda Espacial [1] encontrarem caminhos seguros em suas viagens intergalácticas pelas estrelas. Assim, a especiaria que só pode ser encontrada no planeta Arrakis é um item essencial para a ficção de Frank Herbert, com implicações econômicas, políticas e assim por diante.
Cilindros contendo a especiaria melange no filme Duna de 1984.
Habitantes de Duna
Contudo, para que as Casas dominantes na obra de Herbert possam extrair a melange de sua única fonte, se faz necessário primeiro passar pela oposição e hostilidade dos fremen, que defendem a todo custo a especiaria mais importante de todas.
Os fremen, cuja inspiração de Frank Herbert foi os beduínos árabes e os povos saan do sul da África, no universo de Duna possuem uma origem um tanto quanto incerta antes de sua chegada em Arrakis. Muito embora os fremen possuam seus registros em formato de história oral, sua história antes de sua chegada a Arrakis foi parcialmente perdida ao longo dos milênios. Eles acreditam que Arrakis tenha sido o destino final na migração dos viajantes Zensunni.
Zensunni, por sua vez, é um sistema religioso baseado no Islã sunita e no budismo zen [2]. Quanto às referências islâmicas nessa crença do universo fictício de Duna, as mesmas são mais que explícitas. A fé Zennsunni se baseia nos ensinamentos dos Ulemás e acredita-se ter suas origens na fiqh. Ambos os termos são centrais no Islã, sendo ulemá o erudito dentro da religião islâmica responsável por interpretar as leis e doutrinas da fé, enquanto o termo fiqh é a palavra árabe para designar a jurisprudência islâmica. Os termos possuem aplicações próximas dentro do universo de Duna, sendo ulemá também designado aos doutores em teologia da crença Zensunni.
A crença Zensunni foi parcialmente preservada no Livro de Kreos e no Shah-Nama (o persa para ‘’Livro dos Reis’’. Um dos nomes zensunni de Deus era al-mutakallim [3], eles também acreditavam em vários kiswa como Auliya, shaitan e seu reino Gehenna. [4]
Ainda a respeito dos fremen, uma característica que os distingue é o seu olho profundamente azul, resultado do uso de melange. Na história de Duna, o Imperador controla a extração da especiaria em Arrakis através de duas Casas rivais, os Atreides e os Harkonen. Contudo, em um determinado momento, o Imperador Padishah (título otomano para governante) passa a apoiar os Harkonen, resultando em um ataque aos Atreides.
Diante disso, Paul Atreides, herdeiro e posteriormente duque da Casa Atreides após o assassinato de seu pai, se alia com os nativos fremen e se tornando o seu líder em uma resistência contra os Harkonen e o império.
Na obra de Frank Herbert, a palavra empregada para essa resistência e guerra de Paul Atreides é jihad, termo muito conhecido entre os muçulmanos e também entre os não-muçulmanos, principalmente após os atentados de 11 de setembro de 2001. O termo, contudo, justamente por estar envolto de algumas “polêmicas”, acabou sendo suprimido no filme lançado neste ano. No filme de direção de Denis Villeneuve, jihad é substituído por “Guerra Santa”, tradução comum da palavra árabe nos idiomas ocidentais.
Todavia, o termo jihad possui implicações e nuances que vão muito além do que o termo guerra santa pode oferecer. Jihad é um termo abrangente que tradicionalmente foi definido como sendo composto de 14 aspectos diferentes, com apenas um dos quais é abrangido pelo termo guerra.
O significado geral de Jihad é “lutar”. Jihad deriva da palavra juhd, que significa “lutar”. O significado de Jihad fi sabilillah, Luta no caminho de Deus, isso significa se esforçar para esgotar o eu na busca da Presença Divina e promover a Palavra de Deus, a qual Ele fez como um caminho para o Paraíso. [5]
Ainda no que diz respeito às relações entre os Fremen e Paul Atreides, algo que fica evidente na obra mais recente sobre Duna é a ênfase na forma como Paul é chamado: lisan al-gaib. Esse termo também provém do árabe, usado para se referir a um “profeta” ou “messias”, no caso Paul Atreides. Lisan al-gaib é a junção das palavras lisan e al-gaib do idioma árabe, que significam, respectivamente “língua” e “oculto” em uma tradução livre.
Como dito, o termo no universo de Duna faz referência a uma figura messiânica, podendo o termo ser traduzido com a expressão “a voz do mundo exterior” e semelhantes.
Não obstante, outro termo pelo qual Paul Atreides costuma ser chamado além de lisan al-gaib é a palavra mahdi. Muito semelhante ao termo que acabamos de ver, mahdi era o nome usado pelos Fremen para descrever seu salvador em suas histórias messiânicas. Já no que tange a sua aplicabilidade dentro do Islã, o Mahdi é uma figura redentora essencial para a escatologia islâmica, onde o mesmo aparecerá e governará os muçulmanos no fim dos dias que precederão a chegada do Juízo Final (Yawm al-qiyamah).
Não há referência explicita ao Mahdi no Alcorão, porém nos ditos atribuídos ao profeta Muhammad conhecidos como hadiths, as referências são abundantes. De acordo com a maioria delas, o Mahdi irá aparecer pouco antes da segunda vinda de Jesus e o auxiliará no combate contra o Anticristo. A crença no Mahdi é comum a muçulmanos sunitas e xiitas. Ambos concordam que ele governará os muçulmanos e estabelecerá a justiça. No entanto, eles diferem extensivamente em seus atributos e status.
Cultura e costumes
Certos aspectos culturais e costumeiros dos países de histórico muçulmano também estão presentes no universo de Duna. Muito embora alguns desses aspectos não sejam exclusivos das sociedades árabes e islâmicas, sendo até na verdade bem comuns em sociedades não ocidentais, é provável que a inspiração de Frank Herbert tenha sido justamente as sociedades regidas sob a égide do Islã.
Dentre as demais referências culturais e de costumes, podemos encontrar ainda as vestes características dos personagens de Duna. Exemplo disso é a própria estética Fremen, que como dito foi baseada nos beduínos árabes e nos povos saan do sul da África.
Capa de Eye, obra de Frank Herbert. Arte retratando um Fremen, por Jim Burns.
Fremen no novo filme de 2021. A frente, Stilgar, interpretado por Javier Bardem.
Um “guerreiro beduíno”, 1906.
Indo mais além, vestes semelhantes ao hijab e demais indumentárias características da mulher muçulmana também se fazem presente, sendo utilizado à título de exemplo a vestimenta de Alia Atreides, a irmã mais nova de Paul, filha do duque Leto Atreides com Jéssica Atreides.
Alia Atreides no filme Duna de 1965.
A antiga prática semítica de possuir concubinas se faz presente tanto nas obras literárias quanto na cinematografia mais recente. O duque Leto Atreides, pai de Paul Atreides, tem Jessica como concubina, e Paul posteriormente na história também tem Chani como concubina. Não obstante, a poligamia também se faz presente, uma vez que Paul se casa posteriormente com a princesa Irulan, algo que não se encontra no filme lançado neste ano.
Influências do idioma árabe
Duna é conhecida por seu vocabulário específico e sua grande riqueza terminológica. Frank Herbert se inspirou em vários idiomas para os termos utilizados em sua obra, sendo muitos deles do árabe. Alguns desses termos já foram abordados acima, como jihad, lisan al-gaib, auliya e assim por diante. A partir de agora serão expostas mais de 100 palavras que fazem parte de Duna e possuem sua origem no idioma árabe, contendo sua possível origem no idioma, juntamente com o seu significado na obra de Herbert.
1- Aba - Túnica larga usada pelas mulheres Fremen: geralmente preta. O termo parece ser uma derivação direta da palavra "Abaya", que tem sido o vestido feminino muçulmano há séculos.
2- ADAB - Lembrança de informações necessárias estimulado externamente ou pelo contexto de uma situação, ao invés de serem memórias conscientes. Assemelha-se ao termo epifania. Em árabe, Adab significa "maneiras" e também "literatura".
3- ALIA – Como dito, é o nome da irmã de Paul Atreides. Alia era o nome de uma das muitas rainhas da Jordânia sob o rei Hussein.
4- AL-LAT– Primeiro Sol da humanidade; por uso: o primeiro [sol] de qualquer planeta. Al-Lat era uma deusa pré-islâmica, semelhante à Afrodite grega.
4- ALAM AL-MITHAL - O mundo místico onde todas as limitações físicas são removidas. O termo parece derivar de tradições místicas Sufi. Em árabe, significa "Mundo de Semelhanças/Similitudes".
5- AMTAL - Uma regra comum aos mundos primitivos sob a qual algo é testado para determinar seus limites ou defeitos. Isso pode ser derivado de Amthal, que em árabe significa "Provérbios", dentre outras coisas.
6- AQL- O teste da razão. Originalmente, as 'Sete Questões Místicas' começavam: 'Quem é que pensa?' A palavra árabe significa muitas coisas, como "mente", "lógica", "razão".
7- ARRAKIS- O planeta conhecido como Duna, abordado anteriormente a respeito de seu bioma desértico. Parece ser derivado da palavra árabe para "dançarino", que deriva de Raqs com "o" prefixado, tornando-o ar-rakis. Parece que Herbert usou o nome da estrela Mu Draconis, que significa um camelo trotando, assim como dançarino (forma masculina).
8- AULIYA- Auliya, por sua vez, é o plural de wali, que significa “amigo”, termo comumente utilizado para se referir aos santos dentro do Islã. Em Duna, o termo é utilizado em referência às mulheres à mão esquerda de Deus, ou “criadas”.
9- AYAT - Os sinais de vida. Este é o mesmo significado em árabe e frequentemente usado no Alcorão. É também usado para designar os versículos do Alcorão.
10- BAKKA – Nas histórias fremen, a pessoa que chora por toda a humanidade. Em árabe, significa alguém que chora com frequência, e no Islã primevo referia-se àqueles que choravam por piedade e temor/respeito a Deus.
11- BAKLAWA - Massa pesada feita com calda de tâmaras. No Oriente Médio moderno, existe uma massa que é feita com calda, mas apenas com açúcar (sem tâmaras). É feito no extremo norte da Turquia, Levante, Egito e Península Arábica.
12- BARAKA - Um santo vivo com capacidades milagrosas Em árabe, esta palavra significa “bênçãos”. Pode ser usada como adjetivo para pessoas piedosas, consideradas abençoadas ou que podem conceder bênçãos a outras pessoas.
13- BASHAR – Oficial dos Saudukar. Bashar é um nome árabe antigo que era usado pelo menos desde o primeiro século de Hegira. Ele ainda está em uso hoje (por exemplo, Bashar é o primeiro nome do atual presidente sírio).
14- BENE GESSERIT - A irmandade das bruxas, ou classe à qual a mãe de Paul pertencia. A frase em árabe significa "Filhos da Ilha/Península". A Península Arábica é frequentemente chamada de "Al Jazirah" (A Península). Além disso, o termo "Beni" pode significar descendência de uma aldeia/cidade originalmente habitada por uma tribo/clã (banu).
15- BI-LA KAIFA – Equivalente ao termo “amém”, significando literalmente: “Nada mais precisa ser explicado”. No discurso teológico islâmico, refere-se a uma antiga disputa sobre os atributos de Deus (por exemplo, rosto, mão, etc.) e como diferentes grupos os interpretaram.
16- BLED - deserto plano e aberto. Pode ser derivado de Belad, que significa "países".
17- BOURKA - Manto usado pelos Fremen no deserto aberto. Em árabe clássico, Burqu é qualquer cobertura facial, seja usada por homens ou mulheres ou mesmo em animais (por exemplo, em algumas batalhas, os persas usaram elefantes e os árabes usaram coberturas faciais nos camelos para que não se assustassem com eles). Nos tempos modernos, refere-se a roupas femininas. No Egito, o Burqu costumava referir-se a uma máscara facial usada por mulheres quando estão em público. Em outros países, como o Afeganistão (escrito Burqa), refere-se a um vestido que cobre toda a mulher.
18- BURHAN - As provas da vida. (Comumente: o ayat e o burhan da vida.) Em árabe, Burhan é "prova" e era usado por lógicos e filósofos em debates para significar exatamente isso.
19- CAID - Grau de oficial Sardaukar dado a um militar cujas funções envolvem principalmente lidar com civis; um governo militar sobre um distrito planetário completo. A palavra árabe significa "comandante" ou "chefe".
20- CRYSKNIFE - A faca sagrada dos Fremen em Arrakis. É fabricado em duas formas a partir de dentes retirados de vermes da areia mortos. Na Malásia, país de maioria muçulmana, existe uma adaga cerimonial chamada Krys.
21- DAR AL-HIKMAN - Escola de tradução ou interpretação religiosa. No século IX, o califa abássida al-Mamun estabeleceu uma academia para tradução e ensino e chamou-a de Dar al-Hikma, a famosa Casa da Sabedoria.
22- EL-SAYAL - A “chuva de areia”. A preposição "El" em árabe significa "O". Sayal é derivado da raiz "fluir"
23- ERG - Uma extensa área de dunas, um mar de areia.
24- FAI - O tributo de água, uma espécie de imposto. Na lei islâmica, significa receita da terra proveniente da agricultura.
25- FEDAYKIN - Comandos Fremen. Eles são forças de ataque especiais dos Fremen sob o comando de Paul Atreides. Provavelmente este termo vem do árabe "Fedayin", que na década de 1960 era usado para a guerrilha palestina. O mesmo termo foi usado para as forças especiais guerrilheiras de Saddam Hussein.
26- FIQH - Conhecimento, lei religiosa; uma das origens meio lendárias da religião dos viajantes Zensunni. O termo é puramente islâmico. É originado de "compreensão", usado também para se referir à jurisprudência islâmica.
27- FREMEN – O povo nativo de Arrakis. Os Fremen foram baseados nos guerreiros nômades do deserto. Isso é evidente em seu tribalismo, conhecimento do deserto, código de honra e muito mais.
28- GHAFLA - Entregando-se a distrações. Uma pessoa em quem não se pode confiar. Em árabe, significa falta de atenção.
29- GHANIMA - Algo adquirido em batalha ou em combate individual. Normalmente, uma lembrança de combate guardada apenas para despertar a memória. Ghanima em árabe vem da raiz GH-N-M, que significa "ganhar", "adquirir". Muitos nomes próprios árabes usam esta raiz, como em "Ghanem", "Ghannaam". Se pronunciado com uma vogal "i" longa, Ghanima pode significar saque de guerra. Com um "i" curto, significaria "aquele que ganhou".
30- GHOLA - São clones de outras pessoas criados usando as técnicas de engenharia genética dos Bene Tleilaxu. A palavra parece ser derivada da criatura mítica árabe " ghoul".
31- GOM JABBAR - Agulha venenosa com metacianeto na ponta, usada pelas Bene Gesserit. "Jabar" poderia ser uma variação de "Jabbar", que em árabe significa "poderoso" e na forma "Al Jabbar" é um dos 99 nomes de Deus.
32- GHUFRAN - Na cultura Tleilaxu, os membros devem ser "limpos" de todos os pecados e ideias após o contato com os não-crentes (powindah). Ghufran designa um rito de purificação. Em árabe significa "perdão" ou "absolvição". Se um muçulmano comete um pecado, ele pede perdão a Deus, que pode ser chamado de Ghufran (existem outros termos, como Tawbah, etc.). Um dos nomes de Deus no Islã é "Al Ghafur" (O Perdoador).
33- HABBANYA ERG - Um nome de lugar ao qual Paul se refere. Habbaneyya é o nome de um distrito real de Bagdá, Iraque.
34- HAJJ - Peregrinação. No Islã, esse termo se refere a uma obrigação religiosa de todo muçulmano que seja física e financeiramente capaz de visitar Meca uma vez na vida e de participar dos rituais que lá acontecem. É um dos pilares da religião islâmica.
35- HAJRA - Jornada de busca para os Zensunni. Em árabe, Hijra (Hegira) significa migração. No Islã, refere-se especificamente ao incidente quando o profeta Muhammad imigrou da opressão de Meca para o norte em Medina. Esse evento marca o início do calendário islâmico.
36- HAL YAWM - 'Agora! Finalmente!' Uma exclamação Fremen. Este termo é usado em muitos países árabes hoje para significar "hoje".
37- HARJ - Jornada no deserto, migração. Em árabe, este termo significa "confusão", referindo-se a pessoas correndo sem rumo quando ocorre um desastre.
38- [OLHOS DE] IBAD - Efeito característico de uma dieta rica em melange, em que o branco e as pupilas dos olhos ficam em um tom de azul profundo (indicativo de forte dependência de melange). Ibad significa escravo ou apenas pessoa no idioma árabe.
39- IBN QIRTAIBA - Começo formal do encantamento religioso Fremen. Ibn significa "filho de", então pode se referir a uma pessoa que é filha de outra chamada Qirtaiba, autor desses textos. Qirtaiba poderia ser uma referência à Córdoba. Muitos autores muçulmanos provenientes desta cidade de al-Andaluz tinham o título Qurtubi.
40- ICHWAN BEDWINE - A irmandade de todos os Fremen em Arrakis. Ikhwan significa irmandade e tem sido usado em tempos antigos, como Ikhwan al-Safa, e também nos tempos modernos, como a organização política da Irmandade Muçulmana. Bedwine poderia ser derivado de beduíno.
41- IJAZ - Profecia que por sua própria natureza não pode ser negada; profecia imutável. O termo árabe se refere a algo milagroso que não pode ser imitado por um não-profeta.
42- ILM - Teologia; ciência da tradição religiosa, uma das origens meio lendárias da fé dos viajantes Zensunni. A palavra árabe significa "ciência" e "conhecimento".
43- ISTISLAH - Uma regra para o bem-estar gera. A palavra é usada no árabe moderno (especificamente no Egito) para significar reclamação de terras. Também pode significar reforma.
44- JIHAD - Em Duna, a Jihad é descrita como Guerra Santa ou cruzada. O estereótipo contemporâneo de Jihad na mídia ocidental evoca imagens de aviões caindo em prédios ou jovens em missões de bombardeio suicida. No entanto, em Duna, Jihad tem um significado mais realista: luta pela justiça contra a opressão, uma luta contra o mal pelas massas, mesmo que por rebelião ou resistência armada. Os Harkonen e Sardukar do Imperador são vistos como opressores, e os Fremen (especialmente os Fedaykin) usam a resistência armada contra eles. Isso é rotulado por Frank Herbert como Jihad e está muito próximo do real significado militar do conceito, que como abordado no decorrer do texto, possui inúmeros outros significados que vão além do âmbito bélico.
45- MANTO JUBBA - Um manto/capa multifuncional (pode ser ajustado para refletir ou admitir calor, e se converte em uma rede ou abrigo) comumente usada sobre um traje destilador em Arrakis. Em árabe, refere-se a um tipo de vestimenta usada em muitos países, como o Egito, especialmente por formandos da universidade Al Azhar.
46- KARAMA - Um milagre; uma ação iniciada pelo mundo espiritual. No Islã, refere-se a um ato semi-milagroso realizado por uma pessoa piedosa que não é um profeta.
47- KHALA - Invocação tradicional para acalmar os espíritos irados de um lugar cujo nome você menciona. Em árabe, esta palavra se refere a espaços vazios, etc.
48- KINDJAL - Espada curta de lâmina dupla com lâmina ligeiramente curva. O termo em árabe significa punhal, mas escrito como Khinjar. A grafia Kindjal é usada no subcontinente indiano para se referir a alguns tipos de espadas curtas.
49- KHASADAR - Citação: "Os khasadars que policiavam todas as fronteiras Tleilaxu e guardavam os selamliks das mulheres". Khasadar parece ser derivado do turco. O sufixo “dar” significa "encarregado de..." ou "da ocupação...". Por exemplo, Selahdar significa responsável pelas armas, khazendar significa responsável pela tesouraria, etc. Khasa significa "privado" em árabe, então Khasadar significa "responsável pela privacidade", aludindo a "responsável pelas mulheres da família".
Selamlik é, na verdade, o alojamento dos homens na cutlura turca/otomana. Selam é Salam em turco (que significa paz em árabe, que é a saudação islâmica), e “lik” é um sufixo em turco que significa "de...". Os aposentos das mulheres seriam chamados de Haramlik, de onde se derivou a palavra Harém nas línguas ocidentais.
Existem palácios no Egito que ainda têm o nome Salamlek e Haramlek derivados da ex-família real (que eram de cultura turca, mas de ascendência albanesa).
50- KISWA - Qualquer figura ou desenho da mitologia Fremen. A palavra árabe pode referir-se a kiswa, que significa "cobertura", referindo-se a roupas para crianças ou cobertura para um edifício religioso. É o nome do manto que cobre a Caaba.
51- KITAB AL-IBAR - O manual de sobrevivência combinado com o manual religioso desenvolvido pelos Fremen em Arrakis. Kitab significa livro. Ibar significa histórias com um significado moral.
52- KULL WAHAD! - "Estou profundamente comovido!" Uma sincera exclamação de surpresa comum no Império. A interpretação estrita depende do contexto. O significado literal em árabe significa "todo mundo".
53- KWISATZ HADERACH – “Encurtamento do Caminho”. Este é o rótulo aplicado pelas Bene Gesserit ao desconhecido para o qual procuraram uma solução genética: um homem Bene Gesserit cujos poderes mentais uniriam espaço e tempo. Kfitz significa "salto", como na raiz árabe Q-F-Z. Pode também ter origens hebraicas através da cabala judaica.
54- LA, LA, LA – O choro Fremen de luto. A palavra árabe La significa 'não'.
55- LASHKAR - Lashkar é uma corruptela de uma palavra árabe "Al Askar" que significa "os soldados" ou "um grupo de soldados" e passou a significar "exército".
56- LIBAN - Liban é água com especiarias com infusão de farinha de yucca. Em árabe, Liban é uma goma de uma árvore que possui qualidades aromáticas e medicinais.
57- LISAN AL-GAIB - Esse termo também provém do árabe, usado para se referir a um “profeta” ou “messias”, no caso Paul Atreides. Lisan al-gaib é a junção das palavras lisan e al-gaib do idioma árabe, que significam, respectivamente “língua” e “oculto” em uma tradução livre.
58- MAHDI - O nome usado pelos Fremen para descrever seu salvador em suas histórias messiânicas. Já no que tange a sua aplicabilidade dentro do Islã, o Mahdi é uma figura redentora essencial para a escatologia islâmica, onde o mesmo aparecerá e governará os muçulmanos no fim dos dias que precederão a chegada do Juízo Final (Yawm al-qiyamah).
59- MAULA – Escravo liberto ou cliente.
60- MIHNA - A temporada para testar jovens Fremen que desejam ser admitidos à idade adulta. Em árabe, significa "teste" ou "provação", uma espécie de rituais de passagem.
61- MISH-MISH – Damascos.
62- MISR - O termo histórico Zensunni (Fremen) para si próprios: “O Povo”. A palavra árabe significa "Egito", bem como "país", "terra".
63- MU ZEIN WALLAH! - Abertura de uma tradicional maldição Fremen contra um inimigo. Em árabe, Mu zein significa literalmente 'não é bom', e wallah é uma exclamação terminal reflexiva, que significa "Juro por Allah". Este termo é usado no idioma árabe moderno em alguns países (Arábia e Levante).
64- MUADDIB - O apelido que Paul escolhe na história é Muaddib, e é o nome do rato do deserto que vem à noite ao luar. O termo árabe (Muadib) significa "tutor particular" ou "professor". Antigamente, os califas, os governantes do mundo muçulmano, contratavam um ou mais Muadibs para ensinar várias matérias a seus filhos. A prática parecia ser comum também a outras camadas da sociedade.
65- MUDIR NAHYA - O nome Fremen para Rabban. O nome é frequentemente traduzido como 'Governante do Demônio'. O termo Mudir em árabe moderno significa "gerente", “administrador”, e é possivelmente derivado do turco, e Nahya significa distrito ou local. O termo ainda é usado literalmente no Iraque moderno.
66- MUSHTAMAL - Um pequeno anexo com jardim ou pátio com jardim. Os termos árabes significam “complexo” ou “composto”.
67- NAIB - Paul se encontra com representantes de tribos Fremen. Eles são chamados de Naibs. Eles são aqueles que juraram nunca ser pegos vivos pelo inimigo; fazendo disso o juramento tradicional de um líder Fremen. Esta é uma palavra árabe que significa deputado. A palavra é usada hoje para parlamentares de países árabes.
68- ONSAR AKHAKA ZELIMAN AW MASLUMEN! - A melhor transliteração seria: Unsur Akhaka Zaliman Aw Mazlooman. Em Children of Dune, Lady Jessica cita isso quando um Fremen reclama da mudança ecológica de seu planeta. O original é uma frase do profeta Muhammad, que significa "Apoie seu irmão, seja ele opressor ou oprimido". Quando seus companheiros dizem: nós sabemos apoiá-lo quando ele é oprimido, mas e quando ele é o opressor? O profeta responde: “parando com sua opressão”.
69- NAYLA - Nayla é o nome de uma das mulheres guarda-costas do Deus Imperador Leto II. O nome é um antigo nome feminino árabe e também o nome de uma deusa pré-islâmica na Arábia.
70- OTHEYM - Este é o nome de um dos Naibs. Seu nome é derivado de um antigo nome árabe, um companheiro e terceiro sucessor do profeta Muhammad (Uthman), em sua forma diminuta.
71- PADISHAH - O imperador Shaddam IV tem o título de Padishah. Tanto o sultão otomano da Turquia quanto o shah do Irã costumavam ter o título persa Padishah, que significa: "Governante maior; monarca; soberano".
72- PORTYGULS - Laranjas. Em árabe, as laranjas são conhecidas como "bortoqal". O nome é derivado do antigo nome do país de Portugal, que era romano para Porto Callis.
73- POWINDAH - A cultura Tleilax chama os estranhos de Powindah. O nome é derivado do nome de nômades do Afeganistão.
74- QANAT - Qanat é um canal aberto para transportar água de irrigação através do deserto. É o mesmo que a palavra árabe que significa "Canal", por exemplo como no Canal de Suez. A origem da palavra Qanat em árabe é a haste reta de uma lança.
75- QUIZARA TAFWID - Sacerdotes Fremen. O termo árabe Tafwid significa "delegar".
76- RABBAN - A palavra Rabban é o termo árabe contemporâneo para o piloto de um navio.
77- RAMADHAN - Período religioso marcado por jejum e oração. No calendário muçulmano, é também o mês de jejum com o nome de Ramadã.
78- RAZZIA - Um ataque guerrilheiro. Termo usado para se referir às primeiras batalhas muçulmanas e também às pequenas incursões militares árabes. Diz-se que a palavra tem raízes árabes, de Ghazwa que significa uma campanha ou batalha militar em pequena escala.
79- ESPÍRITO RUH - Na crença Fremen, aquela parte do indivíduo que está sempre enraizada n o mundo metafísico, sendo capaz de senti-lo. A palavra Ruh significa alma ou espírito em árabe.
80- SARFA - O ato de se afastar de Deus. O termo é árabe para "sair" ou "abandonar".
81- SAYYADINA - Acólita feminina na hierarquia religiosa Fremen. O título dado à mãe de Paul entre os Fremen é "Sayyedina". Diz-se que significa "a amiga de Deus". Isso é claramente derivado de "Sayyed", que significa "mestre" em árabe, e um título concedido a várias classes de pessoas, desde ascendência nobre a clérigos religiosos e aos chamados santos.
82- SELAMLIK - Câmara de audiência imperial. O termo era usado para a parte em um palácio que pode ser frequentado pelos visitantes. Foi usado na Turquia e no Egito. A palavra parece ter origem turca.
83- SHAH-NAMA - O Primeiro Livro dos viajantes Zensunni. Existem livros reais de crônicas com esse nome sobre a vida e os feitos de reis persas, o mais famoso é o de al-Firdawsi.
84- SHAI-HULUD – O verme da areia de Arrakis'. Significativamente, esse nome, quando referido em um determinado tom ou escrito com letras maiúsculas, designa a divindade da terra nas histórias de superstições Fremen. Os vermes da areia crescem até um tamanho enorme (chegando espécimes com mais de 400 metros) e vivem até uma idade avançada, a menos que sejam mortos por um de seus companheiros ou afogados na água, que é venenosa para eles. Em árabe, o nome pode ser dividido em "Shai" ("coisa") e "Hulud" ("eterno" ou "eternidade").
85- SHAITAN - Em Hereges de Duna, Sheeana insiste em chamar os vermes da areia de Shaitan. Esta é a palavra árabe para "Satanás" ou "O Diabo".
86- SHARIA - A parte do panoplia propheticus, conjunto de profecias ou superstições, que apresenta a ritualística. No Islã, isso se refere às leis religiosas.
87- SIETCH - Local de reunião em tempo de perigo. Como os Fremen viveram muito tempo em perigo, o termo veio de uso geral para designar qualquer caverna habitada por uma de suas comunidades tribais. Vale a pena notar a semelhança entre Sietch e "Seeq", que é um dos nomes árabes da antiga cidade deserta de Petra, acessível apenas por uma passagem estreita.
88- SIHAYA - A primavera no deserto. O termo parece ser de origem árabe, embora seja difícil afirmar com muita certeza. Pode ser siyaha (errante, turismo) ou outra palavra semelhante que significa saúde.
89- SIRAT - A passagem na Bíblia Católica Laranja (O.C Bible) que descreve a vida humana como uma jornada através de uma ponte estreita (o Sirat) com o “Paraíso à minha direita, Inferno à minha esquerda e o Anjo da Morte atrás”. O termo Sirat no Islã se refere a uma passagem entre o Inferno e o Paraíso que as pessoas teriam que passar no dia do Juízo. Sirat também é o termo designado para a biografia do profeta Muhammad, sendo esse o título de algumas obras biográficas famosas, como a Sirat Rasul Allah de Ibn Ishaq e Ibn Hisham.
90- SOO-SOO SOOK! - O grito do vendedor de água em Arrakis. Embora a palavra árabe para mercado seja "Suk" ou "Sook", a origem dessa frase é provavelmente turca.
91- SUBAKH UL KUHAR - 'Você está bem?' uma saudação Fremen. No Egito moderno, é a saudação matinal. Sua grafia transliterada do árabe é "Sabah El Khair".
92- SUBAKH UN NAR - 'Eu estou bem. E você?' resposta tradicional. No Egito moderno, esta é a resposta a uma saudação que significa. Sua grafia transliterada do árabe é "Sabah El Nour"
93- TAHADDI AL-BURHAN - Um teste final do qual não há como recorrer (geralmente porque traz morte ou destruição). Em árabe, significa: "Desafio de prova".
94- TAHADDI CHALLENGE – Desafio Fremen a um combate mortal. A palavra Tahaddi significa desafio em árabe.
95- TAQWA - Literalmente: “O preço da liberdade.” Algo de grande valor. Aquilo que uma divindade exige de um mortal (e o medo provocado pela exigência). Em árabe e no Islã significa piedade.
96- THUFIR HAWAT - O nome pode ter raízes árabes. Thufar é um alojamento no Iémen. Pode ser de Thafir, que significa "vitorioso".
97- ULEMA – Ulemá é o erudito dentro da religião islâmica responsável por interpretar as leis e doutrinas da fé, sendo ulemá também designado aos doutores em teologia da crença Zensunni em Duna.
98- UMMA - Profeta. Em árabe, esse termo significa "nação" ou "povos".
99- USUL - Este é o nome dado a Paul pelo líder Fremem, Stilgar. A raiz árabe A-S-L significa "base". Usul é o plural e é usado para "base", "princípios", "métodos" também, como em Usul Al Fiqh que é a ciência dos princípios da jurisprudência islâmica.
100- WALI - Um jovem Fremen inexperiente. Em árabe, é o singular para Auliya.
101- YA HYA CHOUHADA - Lady Jessica declara este chamado a um líder Fremen. Significa 'Vida longa aos lutadores!', O grito de guerra Fedaykin. Ya neste grito é aumentado pela forma hya. Chouhada em Duna é lutador e carrega o significado adicional daqueles que morreram lutando contra a injustiça. Este é um empréstimo direto do Islã e sua terminologia árabe, uma vez que Chouhada (ou Shuhada) significa mártires.
102- YA! YA! YAWM! - A cadência de canto dos Fremen usada em tempos de profundo significado ritual. Em árabe, Ya é uma preposição antes de chamar alguém, como "Ei" em português ou “hey” em inglês. Yawm é "dia". Ya Yawm pode significar "Oh, que dia!"
103- ZENSUNNI - O próprio nome ao que tudo indica é uma junção do termo Zen do budismo com Sunni (sunita). Em Duna, são os seguidores de uma seita cismática que rompeu com os ensinamentos de Maomé (Maometh), também chamado de o “Terceiro Maomé (Maometh)”. Há ainda em Duna o que é chamado de Zensufi e Zenshiite (Zenxiita). As três denominações fazem parte da tradição Budislâmica no universo de Frank Herbert.
Aparição de Shai-Hulud no novo filme Duna (2021).
NOTAS
[1] Organização que detinha acesso exclusivo a viagens espaciais mais rápidas do que a luz.
[2] O próprio nome ao que tudo indica é uma junção do termo Zen do budismo com Sunni (sunita). Há ainda em Duna o que é chamado de Zensufi e Zenshiite (Zenxiita). As três denominações fazem parte da tradição Budislâmica no universo de Frank Herbert.
[3] Esse nome não é um dos 99 nomes de Allah dentro da tradição islâmica, porém o mesmo é citado por alguns autores muçulmanos. O nome significa “aquele que fala”, “orador”, “falante” e variáveis semelhantes.
[4] Kiswa é a palavra árabe usada para designar o manto que cobre a Caaba em Meca. No universo de Duna, o termo é utilizado para se referir a “qualquer figura ou desenho da mitologia Fremen”. Auliya, por sua vez, é o plural de wali, que significa “amigo”, termo comumente utilizado para se referir aos santos dentro do Islã. Em Duna, o termo é utilizado em referência às mulheres à mão esquerda de Deus, ou “criadas”.
Já shaitan e Gehenna são termos mais conhecidos. O primeiro faz a referência ao shaitan islâmico, Iblis, um djinn, o quase equivalente a Satanás dentro do Islã.
[5] Para mais informações sobre o termo jihad e suas várias aplicações, recomenda-se o artigo do Iqara Islam sobre o assunto.
REFERÊNCIAS
CHHABRA, Sameer. Frank Herbert's Dune novels were heavily influenced by Middle Eastern, Islamic cultures, says scholar. CBC, 2021.
DURRANI, Harris. The Muslimness of Dune: A Close Reading of “Appendix II: The Religion of Dune”. Tor, 2021.
DURRANI, Harris. The novel ‘Dune’ had deep Islamic influences. The movie erases them. The Washington Post, 2021.
GAUGHAN, Liam. Where Was ‘Dune’ Filmed? Here's Where You'll Find the Deserts of Arrakis on Earth. Collider, 2021.
KHALID. Arabic and Islamic themes in Frank Herbert's "Dune". The Baheyeldin Dynasty, 2004.
DUNE FANDOM WIKI. List of Dune terminology. [n.d.].