ABORDAGEM 

Ainda que seja óbvio, vale lembrar que a violência não é patrimônio exclusivo das armas. Com frequência, antes delas, se recorre às palavras. O uso do discurso verbal com acrimônia radical não apenas desqualifica, ofende e desacredita, mas também pode servir, e muitas vezes serve, para justificar o confronto físico. É dessa violência das palavras que vamos tratar nestas páginas, limitando-nos à análise do que ocorreu em al-Andalus nos séculos VIII e IX com um setor minoritário de cristãos que, diferente da maioria deles e da Igreja que os integrava, optaram, algum tempo depois da conquista árabe, por uma aberta confrontação verbal com os novos dominadores da península. 

Com efeito, tudo parece indiciar que, a princípio, a resposta dos cristãos à ocupação islâmica não foi, em linhas gerais, marcadamente agressiva. Não foi assim que os cristãos do norte da península reagiram até o final do século IX, e certamente não foi assim em al-Andalus até meados deste século. 

Obviamente, tanto em uma área como em outra, se produzem desqualificações contra os árabes e acusações de crueldade sobre a conquista, mas este discurso é fruto do trauma da violência causada e não de um programa de desqualificação sistemática alimentado pelo ódio, que só vemos com claridade em al-Andalus como resultado do “movimento dos mártires” de meados do século IX. O assim chamado “movimento dos mártires” foi uma campanha que nasceu em alguns monastérios e santuários na região de Córdoba, onde uma cultura latina defensiva havia se refugiado e que logo seria identificada por alguns com o elemento identitário de um cristianismo ameaçado. Quem organizou e liderou o movimento foi Eulógio e Álvaro de Córdoba, e consistia em instigar certos cristãos radicalizados a insultar Maomé (Muhammad) e desqualificar a doutrina islâmica perante as autoridades muçulmanas, sabendo que isso implicaria em sua morte. Salvo alguma exceção, foi a cidade de Córdoba e seu território o cenário em que se produziu o movimento cronologicamente limitado a um momento muito específico, o da década de 850, e que afetou pouco menos de 50 pessoas, homens e mulheres, estas últimas em menor proporção. 


Arca com as supostas relíquias dos mártires de Córdoba. Basílica de São Pedro, Córdoba. Wikimedia Commons.

Os “mártires voluntários” constituem um ponto de inflexão em uma deriva radical que fazia da desqualificação verbalmente violenta o seu canal de expressão, uma deriva resultante de circunstâncias bem conhecidas: 

  • Consciência da irreversibilidade da dominação islâmica por parte de representantes da elite cultural e socioeconômica do cristianismo andaluz. 
  • Medo por parte deste setor de uma apostasia generalizada frente a uma religião identificada com a arabização. 
  • E tudo isso condicionado pela resistência a perder influência e poder dentro da sociedade andaluza que essa elite vinha exercendo. 

Essa atitude de medo acabou sendo codificada em termos apocalípticos, os únicos que contemplavam a possibilidade uma mudança que só a milagrosa irrupção de Deus na história poderia garantir, uma mudança precedida pela personificação do mal na figura do Anticristo. 

Os destinatários deste discurso não eram os muçulmanos, mas os cristãos considerados traidores e colaboracionistas. Diante deles, era preciso construir uma narrativa que apresentasse uma identidade doutrinária cristã não contaminada, fiel ao que entendiam como ortodoxia eclesial. O objetivo que agora propomos é analisar os elementos argumentativos desse cristianismo defensivo que tem paralelos na literatura polemista oriental, mas também apresenta novidades em relação a ela. 

A CONTENÇÃO NO MOMENTO DA CONQUISTA  

Nem as fontes litúrgicas contemporâneas à conquista – o hino Tempore belli ou a Missa omnium tribulantium – nem as primeiras crônicas imediatamente posteriores – Crônica bizantino-arábica composta em 741 ou 744 e a Crônica moçárabe de 754 – oferecerem uma reação verbalmente violenta contra os invasores. Nas fontes litúrgicas só descobrimos imprecações ambíguas que não aludem aos seguidores de uma opção religiosa claramente distinguível do cristianismo. Quanto às crônicas, vamos nos concentrar na mais extensa, conhecida e influente, a chamada Crônica Moçárabe de 754. Ao longo de suas páginas, podemos distinguir duas atitudes muito diferentes. A primeira é a desqualificação. É aquela que se articula em torno do momento da conquista, com fórmulas estereotipadas semelhantes às que podem ser observadas nos textos litúrgicos. A segunda, muito mais asséptica, ocupa a maior parte da crônica. É uma atitude de equilíbrio em que os julgamentos se dividem entre avaliações positivas e negativas. De qualquer forma, mesmo que nos refiramos aos dias da traumática conquista, o autor em nenhum momento acusa os árabes de promover perseguição religiosa e Maomé não é objeto de nenhuma desqualificação explícita. 

AS PRIMEIRAS MANIFESTAÇÕES DE UM SENTIMENTO POLÊMICO 

No alvorecer do ano 800, uma certa amargura do cristianismo peninsular contra o Islã começa a ser percebida. Esta postura inicial ainda não se relaciona com as posturas apocalípticas. E esse fato é muito curioso porque havia, à época, no Ocidente, um certo mal-estar desse tipo. O bispo Elipando de Toledo, que neste momento representa a igreja oficial em al-Andalus, se mostrava cético em relação a isso, mas, por outro lado, se enraizou no norte da península. Beato de Liébana é um bom exemplo, mas suas preocupações apocalípticas em momento algum se conectaram com o Islã. 


Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse. Beato de la Universidad de Valladolidad, século X. Wikimedia Commons.

Em al-Andalus não há associação entre sentimento apocalíptico e presença islâmica. Um texto claramente apocalíptico, como o Indiculus de adventu Enoch et Eliae, que seria utilizado pelos responsáveis do “movimento dos mártires”, não contém nenhuma alusão ao Islã. 

O que encontramos é um primeiro exemplo de desprezo e insulto contra o Islã em um texto anônimo, a “História de Maomé” ou Vita Mahumeti. Admite-se que seja uma composição cristã-andaluza do final do século VIII ou início do século IX. Uma primeira versão encontra-se em uma das obras do “ativista” Eulógio de Córdoba. O texto, embora fosse anterior, como ele afirma, foi retocado e retrabalhado por ele em um sentido marcadamente hostil, com base em informações orais sobre o Profeta que ele teria coletado em Córdoba.  

O texto transmite uma imagem muito negativa do Profeta construída sobre três argumentos, a de sua caracterização pessoal como um homem moralmente desprezível, ambicioso, lascivo e violento, mas muito inteligente; a de sua caracterização religiosa como um herege imbuído do espírito do erro que adapta uma suposta revelação divina para satisfazer seu insaciável apetite sexual, permitindo-lhe, por ordem de Deus, contrair matrimônio com a mulher de seu “vizinho”, Zayd, por quem se apaixonara. Por último, o texto se deleita com o argumento da morte ignominiosa do Profeta, incapaz de ressuscitar, como havia prometido e insiste nas circunstâncias não menos vergonhas que acompanham essa morte, depois de ter sido meio devorado por cães. 

O texto manifesta conexões óbvias com a literatura polemista oriental e, em especial, com o João Damasceno. No entanto, ainda não há um tratamento apocalíptico do personagem que transmitia uma imagem verdadeiramente infernal do Profeta, havendo até mesmo traços positivos, como o reconhecimento de sua inteligência. 

No entanto, encontramos uma dimensão apocalíptica em uma versão muito menor daVita Mahumeti, a chamada Adnotatio Mammetis Arabum principis. É um texto muito breve recolhido no epistolário de Álvaro de Córdoba. É a “exceção apocalíptica” anterior a 850. Esse caráter é determinado pela condição de precursor do Anticristo com o qual Maomé é designado, expressão idêntica à usada por João Damasceno cem anos antes. Associada a essa condição, está a capacidade de realizar milagres atribuídos a ele por seus discípulos.  

Estamos diante de um salto qualitativo na consideração negativa do Profeta, associada pela primeira vez à figura infernal do Anticristo. Ainda assim, esta associação ainda não lhe confere o perfil decididamente diabólico que, por outro lado, é perceptível a partir de 850, uma vez que o discurso apocalíptico oriental assume sua natureza no contexto peninsular da polêmica contra o Islã. 

A VIRADA APOCALÍPTICA E A DEMONIZAÇÃO DEFINITIVA DO PROFETA E DO ISLà

A interpretação apocalíptica foi a reposta inicial que as comunidades cristãs do Oriente deram à conquista islâmica. Há dois importantes Apocalipses, o Pseudo-Metódio e o Pseudo-Anastásio, este último já do início do século VIII, que desenham um quadro explicativo da conquista. 

Pilar González Casado resumiu as chaves teológicas que caracterizam esta literatura apocalíptica: tomada de consciência da irreversibilidade da conquista islâmica; consideração da apostasia como um perigo crescente; consciência de que os muçulmanos pertencem a uma nova religião que é expressão do castigo divino; necessidade de estimular uma resposta doutrinal capaz de blindar o próprio discurso religioso frente à deriva filo-islâmica de um setor da comunidade cristã; e a necessidade de purificação, capaz de preparar a vinda definitiva e vingadora de Cristo. 

Esta literatura teve algum reflexo no panorama da polêmica anti-islâmica peninsular? Ao menos um dos textos apocalípticos que acabamos de aludir teve recepção na Península, o Pseudo-Metódio. O Códice de Roda nos transmitiu dois fragmentos que podem ser datados do século IX, aos quais devemos acrescentar um texto curioso, o Tultusceptru de libro domini Metobii, também do século IX, que mostra que o Islã é uma corrupção do cristianismo propiciada pelo Maligno. 

É evidente, então, que em meados do século IX, em al-Andalus, existia um clima propício a um radicalismo apocalíptico exaltado que se cristaliza nos já mencionados “martírios voluntários” e que esses “martírios” foram instigados por intelectuais que usaram a linguagem apocalíptica para fazer colapsar o regime andaluz, empregando uma extraordinária violência verbal. 

A PROPAGANDA ANTI-OMÍADA E A APOCALÍPTICA CRISTÃ-ANDALUZ 

O contexto explicativo da eclosão do radicalismo foi a crescente arabização do regime omíada e a pressão fiscal que acompanhou seu processo de institucionalização. A partir destas realidades, que obviamente não afetavam apenas aos cristãos, o setor radical e minoritário da comunidade cristã-andaluz dirigida, a partir de 850, por Eulógio e Álvaro de Córdoba, quis fazer crer aos seus seguidores que um mal praticamente irresistível havia se apoderado da sociedade e que esse mal, anunciado por Cristo no Evangelho, não era outro, senão a vinda da abominação da desolação, ou seja, o Anticristo (Marcos, 13:5-16). 


"Martírio", de Eulógio e Leocricia de Córdoba. Ilustração de Josep Segrelles, ca. 1910. Wikimedia Commons.

Esse mal, como Cristo havia profetizado, contava com apoios cristãos e ameaçava a própria existência do cristianismo, e, portanto, só podia ser combatido com a colaboração do próprio Deus em uma ação decisiva e definitiva. Para prepará-lo, pelo menos uma minoria deveria branquear as fraquezas e traições dos maus cristãos, autênticos hereges, através do sangue purificador do martírio. 

Nunca saberemos se os responsáveis por esta interpretação finalista realmente acreditaram nela ou se, como tudo parece indicar, não passou de uma resposta à perda de seu protagonismo intelectual e socioeconômico. Eulógio, é claro, pregou o martírio para os outros, mas não para si mesmo e, embora contra sua vontade, foi finalmente executado, e Álvaro morreu sem ter sofrido qualquer retaliação. A verdade é que ambos deixaram testemunhos de uma propaganda ofensiva e violenta contra o Islã, que cobriram elementos discursivos típicos do apocalíptico e que serviram de base dinâmica para o movimento dos mártires que tão irresponsavelmente puseram em marcha. Vejamos brevemente o seu conteúdo. 

Eulógio, em sua principal obra, o Memoriale sanctorum, defendia a ideia de que teria sido lícito matar o Profeta se ele tivesse vivido naquele momento, e isso em nome do “ódio perfeito de Deus” que também era necessário ser aplicado aos seus seguidores, mesmo quando eles não demonstravam a menor hostilidade em relação aos cristãos: eles tinham que ser eliminados em suas próprias tocas. 

Portanto, para Eulógio, a confrontação com os muçulmanos não deveria ser entendida como uma reação defensiva, mas como uma hostilidade agressiva total. Se tivéssemos que sistematizar o argumento da animosidade obsessiva de Eulógio contra o Islã, poderíamos estabelecer quatro seções: 

  • A figura de Muhammad é comparável à do diabo porque sua característica é a duplicidade divisória que coloca os homens uns contra os outros, um efeito produzido pela obra de Satanás. Maomé é, nesta lógica, o responsável pela ruptura da Igreja. A ideia implícita de heresia justifica sua destruição, sendo o precursor do Anticristo a quem serve como recrutador dos fiéis através o engano e a coerção. Em tudo isso, vemos argumentos e conexões orientais, mas algumas características do radicalismo são específicas do discurso de Eulógio, como o estupro com a quaoll Maomé humilharia a Virgem Maria no futuro. 
  • Quanto à doutrina e à consideração de seus seguidores, Eulógio é, sem dúvida, bem familiarizado com o Islã, mesmo um assunto tão específico quanto o da preexistência do Profeta. Para ele, o Islã é uma “heresia” no sentido isidoreano da mistura do verdadeiro e do falso, que produz uma “nova superstição” ou “seita” disciplinada, cujos seguidores, vingativos e assassinos, são descritos como “étnicos”, palavra que ao seu significado usual de “pagãos” talvez possa ser acrescentada ao de habitantes do Inferno, associado ao Etna, segundo algumas tradições. 
  • A avaliação das autoridades sobre o Islã é condicionada pelo ritmo do “movimento dos mártires”. Em contraste a uma consideração relativamente positiva de Abdul Rahman II, em cujo reinado o movimento estava em seu início, é-nos oferecida uma imagem deplorável de seu filho, Muhammad I, durante cujo governo esse mesmo movimento atinge sua expressão máxima, a ponto de atribuir ao emir a ideia de aniquilar todos os cristãos e escravizar suas mulheres. 
  • Finalmente, encontramos o tema dos cristãos descontentes com o movimento dos mártires que Eulógio desenvolve em seu Apologeticus martyrum. É um aspecto particularmente ligado à visão apocalíptica, porque o mal, o Anticristo ou seu precursor, deve ser acompanhado por cristãos que negam sua identidade ou a camuflam covardemente. O objetivo destes “judas” é mostrar que os martírios atuais não eram os mesmos da antiguidade. 

A posição de Álvaro de Córdoba não é muito diferente da de Eulógio, embora ele seja considerado o ideólogo do movimento dos mártires. Seu Indiculus luminosus, escrito em 854, é considerado o primeiro tratado polemista contra o Islã no Ocidente. Quais são as diferenças entre um autor e outro? Encontramos basicamente três.  

Detecta-se, em primeiro lugar, uma maior radicalização em Álvaro, que deriva de duas ideias-chave. Por um lado, a noção de guerra santa implícita no Antigo Testamento, na qual “guerras de Deus” são frequentemente aludidas. Álvaro ilustra essa noção com exemplos como a matança ordenada por Moisés em Horebe (Exôdo 32:25-28) ou a executada contra os sacerdotes de Baal pelo Profeta Elias (1 Reis 18:40). Elias é uma figura muito presente na tradição apocalíptica como o oponente do Anticristo, mas, curiosamente, nem ele nem Moisés aparecem na literatura polemista do cristianismo oriental para justificar a violência contra os inimigos da fé. Estamos, portanto, ante um uso particularmente agressivo do Antigo Testamento por parte de Álvaro de Córdoba. Por outro lado, encontramos em sua obra o uso da expressão “combate das guerras da Igreja”, que evoca uma fórmula, a da “Igreja militante”, que mais à frente justificará o uso das armas em defesa da Igreja. 

Em segundo lugar, Álvaro concede em seu discurso maior protagonismo ao Anticristo. Maomé já não é o precursor, mas é o próprio Anticristo. À dimensão apocalíptica, por outro lado, se adicionam novos elementos: quase previsão do desaparecimento do Islã; exegese particular da passagem de Daniel sobre a “quarta besta” (Daniel 7:23-25); e a associação de Maomé a outras figuras apocalípticas, como Beemote e Leviatã, identificados com o Anticristo e adoradores de Maozim, cujo culto se associava, por sua vez, com à libertinagem lasciva. 


Miniatura representando Beemote (búfalo), Leviatã (besta marinha) e Ziz (besta voadora). Bíblia Hebraica de Ya'aqov bar Shemuel, século XIII. Biblioteca Ambrosiana B 32. Wikimedia Commons.

Em terceiro e último lugar, encontramos em Álvaro uma nítida separação entre o Islã e a identidade cristã. Os maometanos – expressão que vemos pela primeira vez nos escritos de Álvaro – são o contrário dessa identidade: incontinência contra abstinência, violência contra paz, divórcio contra matrimônio e sexo desenfreado contra a espiritualidade. 

CONCLUSÃO 

É verdade que os líderes do chamado “movimento dos mártires” não exortaram diretamente seus seguidores a uma ação de resistência armada contra o governo emiral, mas tanto nas palavras de Eulógio quanto nas palavras de Álvaro, há elementos que permitiam legitimar essa ação armada. É um discurso que se dirigia a seus correligionários, mas o certo é que a Igreja Oficial não o ecoou e até tentou desencorajá-lo. A influência desses discursos de ódio e violência que ambos os líderes elaboraram sem qualquer disfarce poderia, no entanto, ser dirigida aos cristãos do norte, livres da dominação muçulmana. Não nos esqueçamos que, uma vez morto, o corpo de Eulógio foi solicitado pelas autoridades cristãs do jovem reino das Astúrias e que as suas obras chegaram a Oviedo por volta de 883. Não muito tempo depois, os colaboradores de Afonso III elaboraram a versão mais solidamente construída do discurso da “reconquista”. 

PARA SABER MAIS: 

  • Albarrán, Javier. (2013): La Cruz en la Media Luna. Los cristianos en al-Andalus: realidades y percepciones (siglos VIII-XIII), Madrid: Sociedad Española de Estudios Medievales. 
  • Ayala Martínez, C. de (2024): “Identidad cristiana y violencia verbal contra el islam. Siglos VIII-IX”, en C. de Ayala, J.S. Palacios y J. Albarrán (eds.), Violencia interconfesional: modalidades y percepciones. Península Ibérica, siglos VIII-XV, Granada: Universidad de Granada, pp. 47-73. 
  • González Casado, P. (2017): Introducción a la literatura árabe cristiana, Salamanca: Ediciones Sígueme.  
  • González Muñoz, F. (2008): “En torno a la orientación polémica antimusulmana en los textos latinos de los mozárabes del siglo IX”, en Aillet, C., Penelas, M. y Roisse, Ph. (eds.), ¿Existe una identidad mozárabe? Historia, lengua y cultura de los cristianos de al-Andalus (siglos IX-XII), Madrid: Casa de Velázquez, pp. 9-31.  
  • Manzano Moreno, E. (2006): Conquistadores, emires y califas. Los Omeyas y la formación de al-Andalus, Barcelona: Crítica.

Texto original: Palabras arrojadizas: el cristianismo radical contra el islam andalusí en los siglos VIII-IX